Juiz anulou extradição de mentor de ataque em Barcelona
Justiça espanhola admite erro ao impedir deportação de imã marroquino em 2015. Especula-se que Abdelbaki Es Satty tenha morrido em explosão no esconderijo da célula terrorista.A Justiça espanhola admitiu um erro grave em relação ao suposto líder de uma célula terrorista baseada na Catalunha. Um juiz espanhol anulou, em março de 2015, uma ordem de extradição do imã Abdelbaki Es Satty, considerado o mentor do recente atentado em Barcelona, que deixou 15 mortos, e de planos de outros ataques na região.Na época de sua planejada deportação, o marroquino Es Satty havia cumprido uma pena de quatro anos de detenção por tráfico de drogas, segundo comunicaram autoridades espanholas na quarta-feira (23/08). Es Satty foi condenado em um julgamento realizado em 2012 em Ceuta, enclave espanhol no norte da África.Leia mais: Terrorista diz que plano era ataque maior em BarcelonaApós o cumprimento da sentença, o governo de Castellón, uma província próxima da Catalunha, emitiu uma ordem de extradição do imã do país, mas ele recorreu. O magistrado competente usou uma jurisprudência europeia para permitir que ele permanecesse na Espanha.Segundo a jurisprudência, para expulsar um estrangeiro que passou mais de um ano preso, seria necessário existir uma "ameaça real suficientemente grave para a ordem pública". O juiz determinou que o imã não representava tal ameaça e que ele estava buscando se integrar à sociedade espanhola.Fontes do Tribunal Superior de Justiça da região de Valencia explicaram à agência espanhola de notícias Efe que na decisão judicial de Castellón não há nenhuma informação dos vínculos do imã com o terrorismo islâmico. O juiz, na decisão sobre anular a extradição de Es Satty, levou em consideração que ele tinha um contrato de trabalho e um registro de mais de seis anos na Previdência Social.Es Satty era imã em Ripoll, na província de Girona, e é considerado o mentor dos recentes ataques em Barcelona e Cambrils, a pouco mais de 100 quilômetros da capital catalã. O ataque em Cambrils ocorreu horas após o ataque em Barcelona e deixou uma mulher morta. Após os atentados, autoridades realizaram buscas pelo imã. Segundo as recentes descobertas dos investigadores, ele morreu na explosão numa casa em Alcanar, na província de Tarragona, onde o grupo preparou os ataques durante meses.Na terça-feira, de acordo com a Justiça espanhola, dois dos suspeitos presos afirmaram numa audiência judicial que o imã estava por trás dos planos de ataque e que queria se explodir como homem-bomba. Na audiência, tornaram-se públicos detalhes importantes do planejamento do ataque. O suspeito Mohamed Houli Chemlal admitiu perante a um juiz em Madri que o grupo planejou atentados com bombas de "proporções maiores" em pontos turísticos de Barcelona.Na quarta-feira, a Catalunha anunciou precauções de segurança mais rigorosas, incluindo na famosa igreja Sagrada Família, em Barcelona. De acordo com documentos do tribunal de Madri, ficou claro que a célula terrorista inicialmente planejou um ataque com bomba na zona turística de Las Ramblas, alvo do ataque na semana passada.No esconderijo em Alcanar, foram encontradas grandes quantidades de pregos, ao menos 500 litros de acetona e várias garrafas de gás. A partir desses materiais é possível produzir o explosivo TATP (triacetone triperoxide, em inglês), usado com frequência pela milícia jihadista "Estado Islâmico" (EI).Segundo as declarações dos suspeitos, o grupo estabeleceu um plano alternativo depois da explosão acidental – um ataque usando um veículo como arma. Eles então alugaram uma van, mas não conseguiram executar o ataque por ese envolverem num acidente de trânsito. O atentado em Las Ramblas foi cometido somente com um segundo veículo alugado.A Justiça espanhola emitiu mandados de prisão contra Chemlal e Driss Oukabir. Um terceiro suspeito foi solto sob restrições. O caso do quarto suspeito segue sob avaliação.As investigações também levaram a pistas na França, Suíça, Bélgica e Marrocos. Segundo a imprensa espanhola, foram efetuadas detenções em Marrocos no contexto dos ataques. As autoridades não quiseram confirmar.PV/efe/afp
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