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Schröder vai presidir conselho de administração da Rosneft

29/09/2017 13h41

Ex-chanceler federal alemão é eleito para o cargo por acionistas da empresa petrolífera russa, que é alvo da sanções da UE devido ao envolvimento da Rússia na crise da Ucrânia.O ex-chanceler federal alemão Gerhard Schröder, de 73 anos, foi escolhido nesta sexta-feira (29/09), em São Petersburgo, para presidir o conselho administrativo da petrolífera russa Rosneft, após os acionistas da empresa, controlada pelo Estado, aprovarem sua indicação.

Em agosto, o governo russo havia indicado Schröder, que é amigo do presidente Vladimir Putin, para o cargo na empresa, alvo de sanções europeias devido ao envolvimento da Rússia na crise da Ucrânia. Ao lado de seis indicados, o nome de Schröder constava num decreto assinado pelo primeiro-ministro Dmitri Medvedev para elevar de 9 para 11 o número de membros do conselho administrativo da Rosneft.

"Antes de mais nada, sinto-me lisonjeado por ter sido eleito não apenas membro do conselho administrativo, mas presidente", disse Schröder após a votação. "Sou um diretor independente. Uma das minhas tarefas será buscar consenso onde houver opiniões divergentes."

A candidatura de Schröder foi abertamente apoiada pelo presidente da Rosneft, Igor Sechin, para quem o ex-chanceler poderá contribuir para melhorar a presença internacional da empresa. "Schröder é um político conceituado e renomado que advogou persistentemente pela cooperação estratégica entre Alemanha, Europa e Rússia", afirmou Sechin aos acionistas antes da votação. "Ele se empenha para melhorar os laços da Alemanha com a Rússia." Sechin é um aliado de Putin e considerado o segundo homem mais poderoso da Rússia.



A Rosneft adquiriu a maioria dos bens da petrolífera Yukos após Mikhail Khodorkovsky, fundador da empresa e adversário político de Putin, ser preso em 2003 e passar uma década atrás das grades.

Nos últimos três anos, as sanções impostas pela União Europeia (UE) impediram a Rosneft de obter empréstimos de longo prazo em bancos europeus. Schröder se opõe publicamente às medidas adotadas por Bruxelas. "Lamento muito que existam as sanções", disse o ex-chanceler após a votação. "As conversações devem se voltar para o relaxamento das sanções. Não estou entre os que as apoiam. É pertinente para o mundo todo que haja uma Rússia estável, do ponto de vista econômico e político."

Amizades em Moscou

Membro do Partido Social-Democrata (SPD), ele ocupou a chancelaria alemã entre 1998 e 2005, sendo sucedido pela chanceler federal Angela Merkel, da União Democrata Cristã (CDU).

Schröder foi criticado por Merkel e membros de seu próprio partido em razão de seu envolvimento com a Rosneft. Em agosto, a chanceler o criticou por concorrer a um cargo na empresa que lhe renderia 500 mil dólares por ano. "Não acho correto o que Schröder está fazendo", disse Merkel.

Nos últimos dias de seu mandato, Schröder assinou um acordo com a Rússia para a construção do gasoduto Nord Stream, que transporta gás natural do território russo para a Alemanha através do Mar Báltico. A principal acionista da Nord Stream é a empresa russa Gazprom.

Schröder é o presidente do comitê de acionistas da Nord Stream e, desde o ano passado, preside também a Nord Stream 2, que tem como objetivo dobrar a capacidade de exportação do gás natural pelo gasoduto do Mar Báltico.

RC/afp/dpa/rtr