Aniversário de Mugabe vira feriado no Zimbábue
Acusado de corrupção e violações de direitos humanos, ex-presidente ganha feriado nacional com seu nome e data de nascimento. Mugabe renunciou ao poder na semana passada, em meio à pressão e intensa crise política.A data de aniversário do ex-presidente do Zimbábue Robert Mugabe, que renunciou ao cargo na semana passada após intensa crise política, tornou-se oficialmente um feriado nacional no país africano, informou nesta segunda-feira (27/11) o jornal zimbabuano The Herald.
A decisão foi publicada no boletim oficial do país na sexta-feira passada, mas vinha sendo discutida no governo desde agosto, após pressão da liga juvenil do partido governista, a Zanu-PF.
Leia também: De libertador a tirano: a trajetória de Mugabe
Opinião: Sucessor não é diferente de Mugabe
O feriado, que será comemorado em 21 de fevereiro, foi chamado de Dia Nacional da Juventude Robert Gabriel Mugabe, em homenagem ao político que governou o Zimbábue por 37 anos.
A oficialização da data como feriado nacional se deu no mesmo dia em que o ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa assumiu o poder de forma interina após a renúncia de Mugabe.
Apesar de ter dito, dias antes da posse, que o Zimbábue "testemunha o início de uma nova democracia", Mnangagwa não deixou de tecer elogios ao antecessor, descrevendo-o como "pai da nação". "Precisamos aceitar e reconhecer a imensa contribuição [de Mugabe] na construção do país", disse ele em discurso após assumir o cargo, na sexta-feira.
Mugabe destituiu Mnangagwa do cargo de vice-presidente no início deste mês, decisão vista como uma manobra para que a então primeira-dama, Grace Mugabe, assumisse a presidência do país em detrimento do vice.
A demissão marcou o ápice de uma crise política no Zimbábue, levando os militares a tomarem o controle do país. Após muita pressão e negociações, Mugabe anunciou sua renúncia no início da semana passada, encerrando quase quatro décadas de governo.
Mnangagwa, que mantém relações estreitas com os militares e é considerado um linha-dura, foi escolhido para assumir o cargo de forma provisória, pelo menos até a realização de eleições presidenciais no ano que vem. Ele deve anunciar um novo gabinete em breve.
Até a renúncia, Mugabe era o chefe de Estado mais velho do mundo e um dos mais longevos da África. Ele governou o Zimbábue com mão de ferro por 37 anos – como presidente desde 1987 e primeiro-ministro de 1980 até 1987.
Embora seja fortemente criticado por violações de direitos humanos, para muitos ele é um herói da luta da independência do país contra o Reino Unido e um provedor de estabilidade, mesmo que a outrora próspera economia tenha se desintegrado sob suas políticas financeiras recentes.
Mugabe é ainda alvo de uma série de acusações de corrupção, tendo acumulado "riquezas incalculáveis" ao longo de suas décadas no poder. Quanto de fato foi desviado dos cofres públicos não se sabe, mas estimativas apontam para até 1 bilhão de dólares.
A oposição zimbabuana acusa Mugabe de ter gasto grandes quantias de dinheiro em projetos supérfluos, enquanto o país lida com intensa pobreza e uma taxa de desemprego altíssima.
O feriado nacional não foi a primeira homenagem recebida pelo político. No Zimbábue, há escolas, ruas e prédios que levam seu nome, bem como uma universidade, avaliada em 1 bilhão de dólares, ainda em construção.
EK/afp/efe/lusa/ots
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A decisão foi publicada no boletim oficial do país na sexta-feira passada, mas vinha sendo discutida no governo desde agosto, após pressão da liga juvenil do partido governista, a Zanu-PF.
Leia também: De libertador a tirano: a trajetória de Mugabe
Opinião: Sucessor não é diferente de Mugabe
O feriado, que será comemorado em 21 de fevereiro, foi chamado de Dia Nacional da Juventude Robert Gabriel Mugabe, em homenagem ao político que governou o Zimbábue por 37 anos.
A oficialização da data como feriado nacional se deu no mesmo dia em que o ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa assumiu o poder de forma interina após a renúncia de Mugabe.
Apesar de ter dito, dias antes da posse, que o Zimbábue "testemunha o início de uma nova democracia", Mnangagwa não deixou de tecer elogios ao antecessor, descrevendo-o como "pai da nação". "Precisamos aceitar e reconhecer a imensa contribuição [de Mugabe] na construção do país", disse ele em discurso após assumir o cargo, na sexta-feira.
Mugabe destituiu Mnangagwa do cargo de vice-presidente no início deste mês, decisão vista como uma manobra para que a então primeira-dama, Grace Mugabe, assumisse a presidência do país em detrimento do vice.
A demissão marcou o ápice de uma crise política no Zimbábue, levando os militares a tomarem o controle do país. Após muita pressão e negociações, Mugabe anunciou sua renúncia no início da semana passada, encerrando quase quatro décadas de governo.
Mnangagwa, que mantém relações estreitas com os militares e é considerado um linha-dura, foi escolhido para assumir o cargo de forma provisória, pelo menos até a realização de eleições presidenciais no ano que vem. Ele deve anunciar um novo gabinete em breve.
Até a renúncia, Mugabe era o chefe de Estado mais velho do mundo e um dos mais longevos da África. Ele governou o Zimbábue com mão de ferro por 37 anos – como presidente desde 1987 e primeiro-ministro de 1980 até 1987.
Embora seja fortemente criticado por violações de direitos humanos, para muitos ele é um herói da luta da independência do país contra o Reino Unido e um provedor de estabilidade, mesmo que a outrora próspera economia tenha se desintegrado sob suas políticas financeiras recentes.
Mugabe é ainda alvo de uma série de acusações de corrupção, tendo acumulado "riquezas incalculáveis" ao longo de suas décadas no poder. Quanto de fato foi desviado dos cofres públicos não se sabe, mas estimativas apontam para até 1 bilhão de dólares.
A oposição zimbabuana acusa Mugabe de ter gasto grandes quantias de dinheiro em projetos supérfluos, enquanto o país lida com intensa pobreza e uma taxa de desemprego altíssima.
O feriado nacional não foi a primeira homenagem recebida pelo político. No Zimbábue, há escolas, ruas e prédios que levam seu nome, bem como uma universidade, avaliada em 1 bilhão de dólares, ainda em construção.
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