Alemanha afasta clima de revanche antes de duelo com Brasil
Joachim Löw escala equipe alternativa para reencontro com seleção brasileira, no último amistoso antes da convocação para o Mundial. Nationalelf dá caráter de mero teste ao jogo e rejeita vínculo com 7 a 1.Exatos 1.359 dias depois da maior derrota já sofrida por uma seleção anfitriã numa Copa do Mundo, o Brasil volta a enfrentar a Alemanha. Nesta terça-feira (27/03), quase quatro anos após a goleada por 7 a 1 no Mineirão, a atual campeã mundial recebe o recordista de títulos mundiais em Berlim, no último amistoso preparativo antes das convocações para a Copa do Mundo de 2018 na Rússia.
E as duas seleções encaram a partida de forma completamente distinta. O Brasil vai a campo com força máxima, provavelmente com Fernandinho no lugar de Douglas Costa para dar mais consistência ao meio-campo. Ea, ao chegar a Berlim, o treinador Tite ressaltou a importância emocional do duelo.
Leia também:
O que dizem os alemães antes do jogo com o Brasil?
Alemanha sem força máxima contra o Brasil
"Temos que ter naturalidade de saber que vamos enfrentar a Alemanha em Berlim. É o jogo contra o campeão mundial, que nos venceu por 7 a 1", afirmou Tite após a vitória por 3 a 0 contra a Rússia, na semana passada. "Foi uma etapa que passou, e agora estamos num período de reconstrução. Vai ser emocionalmente importante enfrentar a Alemanha, sim. Traz esse componente emocional", acrescentou. Apenas quatro atletas que estavam em campo no 7 a 1 – Marcelo, Fernandinho, Paulinho e Willian – estão agora em Berlim.
"Brasil de hoje está dois degraus acima"
Do lado da Alemanha, o tom é de que o jogo não é nada além de um amistoso, de um teste importante contra um adversário forte para preparar a equipe e tirar dúvidas em torno da convocação para o Mundial.
O treinador Joachim Löw inclusive dispensou dois nomes certos na Copa e que estiveram em campo no 7 a 1 – Thomas Müller e Mesut Özil –, além de sinalizar mais mudanças na equipe. A Alemanha deve ter ao menos cinco alterações em relação ao empate em 1 a 1 com a Espanha.
Um dos protagonistas da campanha vitoriosa na Copa do Mundo de 2014, o meio-campista Toni Kroos ressaltou não ser possível comparar a seleção brasileira atual à de 2014.
"Quando olho para o time atual em comparação a 2014, eles estão dois degraus acima. Eles têm jogadores muito bons. Meu companheiro [de Real Madrid] Casemiro está indo muito bem. Eles se juntaram bem. O Brasil é definitivamente um dos favoritos ao Mundial", disse Kroos, que também deve estar entre os poupados por Löw.
As intenções da comissão técnica e o discurso de atletas passam a impressão de, intencionalmente, diminuir o peso do confronto. No suposto time titular para esta terça-feira, apenas Mats Hummels esteve em campo no Mineirão há quatro anos.
Um dos beneficiados pela rotação no time titular é o meia Ilkay Gündogan, do Manchester City. Ele não esteve na Copa no Brasil, mas também minimizou o resultado histórico.
"Consigo entender que os brasileiros tenham ficado bastante decepcionados, mas não se trata mais da mesma equipe. Este será um teste de igual para igual. Para mim, Brasil é um dos favoritos à Copa do Mundo", disse o meia. "O resultado [de 2014] não tem importância para nós. Os jogadores brasileiros jogam em grandes clubes, estão acostumados com pressão. Isso faz deles o Brasil que estamos acostumados."
Equipe alternativa contra o Brasil
O tabloide alemão Bild fala em "equipe B" contra o Brasil. Mas não é para tanto. Apesar das mudanças, a Nationalelf manterá um alto nível de qualidade em campo. Löw deve poupar ainda Sami Khedira, que sentiu uma pancada contra a Espanha. Além de Gündogan, Leon Goretzka e Leroy Sané devem ser titulares contra o Brasil. O lateral-esquerdo Jonas Hectos dará lugar para Marvin Plattenhardt. E, ao que tudo indica, Löw deve testar o goleiro Bernd Leno e dar uma folga para o centroavante Timo Werner.
A mudança não será apenas na escalação, mas também na formação tática. Prévias dão indícios de que a Alemanha deve ir com uma linha de três zagueiros contra o Brasil: Mats Hummels, Antonio Rüdiger e Matthis Ginter. Löw tem tentado dar uma variação tática à equipe. Por um lado, ele quer estender o leque de opções de formações, mas por outro, tem dúvidas e insatisfações em relação ao setor defensivo.
"Deu tudo errado nos primeiro 20 minutos", disse o zagueiro Jérôme Boateng, referindo-se à pressão sofrida nos momentos iniciais contra a Espanha. "Eles brincaram de gato e rato conosco."
Mas também há a questão de não revelar tudo aos adversários antes do Mundial. "Nem sempre se coloca todas as cartas na mesa", disse Löw, após o empate contra a Espanha.
O Bild inclusive comparou a escalação alternativa frente ao Brasil com a manobra tática usada por Sepp Herberger, comandante da Nationalelf em 1954. Na fase de grupos, ele escalou os reservas contra a poderosa Hungria, e a seleção alemã perdeu por 8 a 3. Na final, com os titulares, a Alemanha surpreendeu e conquistou seu primeiro título mundial, com uma vitória por 3 a 2, que ficou conhecida como o Milagre de Berna.
Destaque para goleiro "alemão" Alisson
As atenções da mídia esportiva alemã definitivamente não estão voltadas ao 7 a 1. Na Alemanha, os assuntos são outros: as dúvidas de Löw para a convocação – levar ou não um segundo lateral-esquerdo, se o goleiro Manuel Neuer irá se recuperar a tempo do Mundial e quem será o segundo centroavante no elenco. Todos os nomes em debate – Werner, Mario Gómez, Lars Stindl, Sandro Wagner e até Nils Petersen, que tem ganhado apoio popular – balançaram as redes na última rodada da Bundesliga.
Para o duelo desta terça-feira, o portal esportivo alemão Kicker, por exemplo, tem como destaque uma galeria de fotos com um breve perfil dos 25 atletas convocados por Tite e uma reportagem sobre Alisson. O portal aponta que o goleiro da Roma ganhou notoriedade nesta temporada e enaltece suas qualidades – foram 12 de 29 partidas sem sofrer gols no Campeonato Italiano, além de quatro em oito duelos na Liga dos Campeões. Mas certamente, a atenção foi despertada pelo sobrenome Becker – o "alemão" Alisson nasceu em Novo Hamburgo, possui raízes alemãs e há pouco deu início ao processo para adquirir a cidadania alemã.
Brasil e Alemanha já se enfrentaram 22 vezes, sendo 18 delas em amistosos. Ao todo foram cinco vitórias alemãs, cinco empates e 12 vitórias brasileiras. Com a Alemanha como mandante (teve um jogo em solo americano) foram 13 partidas, com quatro vitórias alemãs, dois empates e sete vitórias do Brasil. Levados em conta somente os quatro jogos oficiais, a única derrota brasileira foi justamente o 7 a 1. O Brasil venceu os alemães na final do Mundial de 2002 (2 a 0) e nas Copas das Confederações de 2005 (3 a 2) e 1999 (4 a 0 – a maior goleada imposta pelo Brasil à Alemanha).
A Alemanha recebeu o Brasil duas vezes em Berlim. Em junho de 1973, teve vitória brasileira, gol de Dirceu, e empate em 1 a 1, em setembro de 2004, com gols de Ronaldinho Gaúcho e de Kevin Kurányi, atacante nascido em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
A Alemanha enfrentou candidatos ao título mundial na Rússia nos últimos três amistosos – todos terminaram empatados: 0 a 0 com a Inglaterra, 2 a 2 com a França e 1 a 1 com a Espanha.
Provável escalação da Alemanha:
Bernd Leno; Antonio Rüdiger, Mats Hummels e Matthias Ginter; Joshua Kimmich, Ilkay Gündogan, Leon Goretzka e Marvin Plattenhardt; Lars Stindl e Leroy Sané; Timo Werner (Sandro Wagner).
Provável escalação do Brasil:
Alisson; Daniel Alves, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Casemiro; Paulinho, Fernandinho, Willian e Philippe Coutinho; Gabriel Jesus.
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
E as duas seleções encaram a partida de forma completamente distinta. O Brasil vai a campo com força máxima, provavelmente com Fernandinho no lugar de Douglas Costa para dar mais consistência ao meio-campo. Ea, ao chegar a Berlim, o treinador Tite ressaltou a importância emocional do duelo.
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O que dizem os alemães antes do jogo com o Brasil?
Alemanha sem força máxima contra o Brasil
"Temos que ter naturalidade de saber que vamos enfrentar a Alemanha em Berlim. É o jogo contra o campeão mundial, que nos venceu por 7 a 1", afirmou Tite após a vitória por 3 a 0 contra a Rússia, na semana passada. "Foi uma etapa que passou, e agora estamos num período de reconstrução. Vai ser emocionalmente importante enfrentar a Alemanha, sim. Traz esse componente emocional", acrescentou. Apenas quatro atletas que estavam em campo no 7 a 1 – Marcelo, Fernandinho, Paulinho e Willian – estão agora em Berlim.
"Brasil de hoje está dois degraus acima"
Do lado da Alemanha, o tom é de que o jogo não é nada além de um amistoso, de um teste importante contra um adversário forte para preparar a equipe e tirar dúvidas em torno da convocação para o Mundial.
O treinador Joachim Löw inclusive dispensou dois nomes certos na Copa e que estiveram em campo no 7 a 1 – Thomas Müller e Mesut Özil –, além de sinalizar mais mudanças na equipe. A Alemanha deve ter ao menos cinco alterações em relação ao empate em 1 a 1 com a Espanha.
Um dos protagonistas da campanha vitoriosa na Copa do Mundo de 2014, o meio-campista Toni Kroos ressaltou não ser possível comparar a seleção brasileira atual à de 2014.
"Quando olho para o time atual em comparação a 2014, eles estão dois degraus acima. Eles têm jogadores muito bons. Meu companheiro [de Real Madrid] Casemiro está indo muito bem. Eles se juntaram bem. O Brasil é definitivamente um dos favoritos ao Mundial", disse Kroos, que também deve estar entre os poupados por Löw.
As intenções da comissão técnica e o discurso de atletas passam a impressão de, intencionalmente, diminuir o peso do confronto. No suposto time titular para esta terça-feira, apenas Mats Hummels esteve em campo no Mineirão há quatro anos.
Um dos beneficiados pela rotação no time titular é o meia Ilkay Gündogan, do Manchester City. Ele não esteve na Copa no Brasil, mas também minimizou o resultado histórico.
"Consigo entender que os brasileiros tenham ficado bastante decepcionados, mas não se trata mais da mesma equipe. Este será um teste de igual para igual. Para mim, Brasil é um dos favoritos à Copa do Mundo", disse o meia. "O resultado [de 2014] não tem importância para nós. Os jogadores brasileiros jogam em grandes clubes, estão acostumados com pressão. Isso faz deles o Brasil que estamos acostumados."
Equipe alternativa contra o Brasil
O tabloide alemão Bild fala em "equipe B" contra o Brasil. Mas não é para tanto. Apesar das mudanças, a Nationalelf manterá um alto nível de qualidade em campo. Löw deve poupar ainda Sami Khedira, que sentiu uma pancada contra a Espanha. Além de Gündogan, Leon Goretzka e Leroy Sané devem ser titulares contra o Brasil. O lateral-esquerdo Jonas Hectos dará lugar para Marvin Plattenhardt. E, ao que tudo indica, Löw deve testar o goleiro Bernd Leno e dar uma folga para o centroavante Timo Werner.
A mudança não será apenas na escalação, mas também na formação tática. Prévias dão indícios de que a Alemanha deve ir com uma linha de três zagueiros contra o Brasil: Mats Hummels, Antonio Rüdiger e Matthis Ginter. Löw tem tentado dar uma variação tática à equipe. Por um lado, ele quer estender o leque de opções de formações, mas por outro, tem dúvidas e insatisfações em relação ao setor defensivo.
"Deu tudo errado nos primeiro 20 minutos", disse o zagueiro Jérôme Boateng, referindo-se à pressão sofrida nos momentos iniciais contra a Espanha. "Eles brincaram de gato e rato conosco."
Mas também há a questão de não revelar tudo aos adversários antes do Mundial. "Nem sempre se coloca todas as cartas na mesa", disse Löw, após o empate contra a Espanha.
O Bild inclusive comparou a escalação alternativa frente ao Brasil com a manobra tática usada por Sepp Herberger, comandante da Nationalelf em 1954. Na fase de grupos, ele escalou os reservas contra a poderosa Hungria, e a seleção alemã perdeu por 8 a 3. Na final, com os titulares, a Alemanha surpreendeu e conquistou seu primeiro título mundial, com uma vitória por 3 a 2, que ficou conhecida como o Milagre de Berna.
Destaque para goleiro "alemão" Alisson
As atenções da mídia esportiva alemã definitivamente não estão voltadas ao 7 a 1. Na Alemanha, os assuntos são outros: as dúvidas de Löw para a convocação – levar ou não um segundo lateral-esquerdo, se o goleiro Manuel Neuer irá se recuperar a tempo do Mundial e quem será o segundo centroavante no elenco. Todos os nomes em debate – Werner, Mario Gómez, Lars Stindl, Sandro Wagner e até Nils Petersen, que tem ganhado apoio popular – balançaram as redes na última rodada da Bundesliga.
Para o duelo desta terça-feira, o portal esportivo alemão Kicker, por exemplo, tem como destaque uma galeria de fotos com um breve perfil dos 25 atletas convocados por Tite e uma reportagem sobre Alisson. O portal aponta que o goleiro da Roma ganhou notoriedade nesta temporada e enaltece suas qualidades – foram 12 de 29 partidas sem sofrer gols no Campeonato Italiano, além de quatro em oito duelos na Liga dos Campeões. Mas certamente, a atenção foi despertada pelo sobrenome Becker – o "alemão" Alisson nasceu em Novo Hamburgo, possui raízes alemãs e há pouco deu início ao processo para adquirir a cidadania alemã.
Brasil e Alemanha já se enfrentaram 22 vezes, sendo 18 delas em amistosos. Ao todo foram cinco vitórias alemãs, cinco empates e 12 vitórias brasileiras. Com a Alemanha como mandante (teve um jogo em solo americano) foram 13 partidas, com quatro vitórias alemãs, dois empates e sete vitórias do Brasil. Levados em conta somente os quatro jogos oficiais, a única derrota brasileira foi justamente o 7 a 1. O Brasil venceu os alemães na final do Mundial de 2002 (2 a 0) e nas Copas das Confederações de 2005 (3 a 2) e 1999 (4 a 0 – a maior goleada imposta pelo Brasil à Alemanha).
A Alemanha recebeu o Brasil duas vezes em Berlim. Em junho de 1973, teve vitória brasileira, gol de Dirceu, e empate em 1 a 1, em setembro de 2004, com gols de Ronaldinho Gaúcho e de Kevin Kurányi, atacante nascido em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
A Alemanha enfrentou candidatos ao título mundial na Rússia nos últimos três amistosos – todos terminaram empatados: 0 a 0 com a Inglaterra, 2 a 2 com a França e 1 a 1 com a Espanha.
Provável escalação da Alemanha:
Bernd Leno; Antonio Rüdiger, Mats Hummels e Matthias Ginter; Joshua Kimmich, Ilkay Gündogan, Leon Goretzka e Marvin Plattenhardt; Lars Stindl e Leroy Sané; Timo Werner (Sandro Wagner).
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