1904: Governos francês e inglês regulamentavam interesses na África
No dia 8 de abril de 1904, os governos francês e inglês assinaram a Entente Cordiale, um acordo regulamentando seus interesses na África e uma estreita política de cooperação.Em 1870-71, a França foi derrotada ao tentar conter o expansionismo germânico e obrigada a ceder a Alsácia-Lorena, região rica em carvão e minério de ferro, à Alemanha. Paris não aceitou essa humilhação e queria revanche.
O então primeiro-ministro francês Georges Clemenceau (1841-1929) queria, para isso, usar a Rússia. Em 1893, ele ainda não pensava numa aliança com a Inglaterra, forte concorrente da França.
Europeus repartem a África entre si
Com a fundação da Itália e da Alemanha, no final do século 19, as atenções da política europeia voltaram-se para as regiões não europeias. Principalmente o continente africano — que até 1860 era uma "terra incógnita" — passou a ser foco de disputas territoriais. A Conferência de Berlim, em 1884/85, estabeleceu as regras para sua partilha. A França conquistou, entre outros, os territórios da atual Tunísia, Argélia, Marrocos e parte do Saara, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Benin e Zaire.
A Itália também queria dominar a Tunísia. Devido à ação francesa, o Reino Unido concentrou-se no Egito e no Canal de Suez, que encurtava o caminho marítimo para a Índia, à época, colônia britânica. Os ingleses também tentaram se impor na África do Sul, depois da descoberta de minas de ouro e diamante naquele país. Enquanto isso, Paris sonhava com um império que se estendesse da África Ocidental até o Oceano Índico.
O sonho inglês de um império colonial do Cairo até o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, não pôde ser realizado, já que a Alemanha dominava o Togo e Camarões (na África Ocidental), e o imenso Congo estava nas mãos dos belgas. Portugal consolidou suas colônias instaladas em Angola e Moçambique. Somente a Itália e a Espanha mantinham colônias insignificantes na África.
De acordos multilaterais à ampla coalizão dos Aliados
Em 1891, representantes da Alemanha, Áustria-Hungria e Itália haviam assinado um tratado que renovou a Tríplice Aliança formada em 1882. A resposta a esse acordo foi a assinatura da convenção militar russo-francesa em 1892. Depois da virada do século, a França e a Itália firmaram um tratado de neutralidade.
Somente a Inglaterra persistia no isolamento da Era Vitoriana (1837-1901). Em princípio, nessa época, pareciam viáveis alianças entre todos os países europeus. Inclusive a França e a Alemanha chegaram a cooperar, em 1893, para conter a política expansionista inglesa na África.
Mas o que ninguém esperava foi a Entente Cordiale, assinada no dia 8 de abril de 1904. Paris e Londres deixaram de lado suas rivalidades coloniais na África e acertaram uma estreita cooperação política. Três anos mais tarde, a aliança seria ampliada com a adesão da Rússia, formando a Tríplice Entente.
Isso aprofundou o isolamento do poderoso Império Alemão, o que acabou desembocando na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Durante o conflito, outras 14 nações incorporaram-se à Entente, formando uma ampla coalizão chamada de "Aliados".
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O então primeiro-ministro francês Georges Clemenceau (1841-1929) queria, para isso, usar a Rússia. Em 1893, ele ainda não pensava numa aliança com a Inglaterra, forte concorrente da França.
Europeus repartem a África entre si
Com a fundação da Itália e da Alemanha, no final do século 19, as atenções da política europeia voltaram-se para as regiões não europeias. Principalmente o continente africano — que até 1860 era uma "terra incógnita" — passou a ser foco de disputas territoriais. A Conferência de Berlim, em 1884/85, estabeleceu as regras para sua partilha. A França conquistou, entre outros, os territórios da atual Tunísia, Argélia, Marrocos e parte do Saara, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Benin e Zaire.
A Itália também queria dominar a Tunísia. Devido à ação francesa, o Reino Unido concentrou-se no Egito e no Canal de Suez, que encurtava o caminho marítimo para a Índia, à época, colônia britânica. Os ingleses também tentaram se impor na África do Sul, depois da descoberta de minas de ouro e diamante naquele país. Enquanto isso, Paris sonhava com um império que se estendesse da África Ocidental até o Oceano Índico.
O sonho inglês de um império colonial do Cairo até o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, não pôde ser realizado, já que a Alemanha dominava o Togo e Camarões (na África Ocidental), e o imenso Congo estava nas mãos dos belgas. Portugal consolidou suas colônias instaladas em Angola e Moçambique. Somente a Itália e a Espanha mantinham colônias insignificantes na África.
De acordos multilaterais à ampla coalizão dos Aliados
Em 1891, representantes da Alemanha, Áustria-Hungria e Itália haviam assinado um tratado que renovou a Tríplice Aliança formada em 1882. A resposta a esse acordo foi a assinatura da convenção militar russo-francesa em 1892. Depois da virada do século, a França e a Itália firmaram um tratado de neutralidade.
Somente a Inglaterra persistia no isolamento da Era Vitoriana (1837-1901). Em princípio, nessa época, pareciam viáveis alianças entre todos os países europeus. Inclusive a França e a Alemanha chegaram a cooperar, em 1893, para conter a política expansionista inglesa na África.
Mas o que ninguém esperava foi a Entente Cordiale, assinada no dia 8 de abril de 1904. Paris e Londres deixaram de lado suas rivalidades coloniais na África e acertaram uma estreita cooperação política. Três anos mais tarde, a aliança seria ampliada com a adesão da Rússia, formando a Tríplice Entente.
Isso aprofundou o isolamento do poderoso Império Alemão, o que acabou desembocando na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Durante o conflito, outras 14 nações incorporaram-se à Entente, formando uma ampla coalizão chamada de "Aliados".
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