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Dezenas de milhares protestam contra governo de direita na Hungria

22/04/2018 07h56

Manifestantes contrários a Orbán saem à ruas em prol da democracia e da liberdade de imprensa. Organizadores estimam que 100 mil pessoas participaram da marcha, incluindo simpatizantes de todos os partidos da oposição.Dezenas de milhares de húngaros foram às ruas de Budapeste neste sábado (22/04) para protestar, pelo segundo dia consecutivo, contra o governo do primeiro-ministro Viktor Orbán e a favor da democracia e da liberdade de imprensa.

"Somos a maioria" foi o lema da marcha, que partiu da praça Kossuth, onde fica o Parlamento, e cruzou o centro da cidade até chegar à rua Szabadsajtó ('Imprensa livre'). A manifestação contou com participação de simpatizantes de todos os partidos da oposição.

Organizadores afirmam que 100 mil pessoas participaram da marcha, número semelhante ao registrado no maior evento pró-Orbán realizado antes das eleições de 8 de abril. Após uma campanha centrada no suposto perigo que a imigração representa para a identidade húngara, o premiê conquistou seu terceiro mandato, e seu partido nacionalista de direita, Fidesz, uma maioria de dois terços no Parlamento.

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"Esta geração precisava de uma bofetada. Espero que a maioria de dois terços que Orbán obteve desperte a sociedade e a faça entender que é preciso lutar pela liberdade e pela democracia, todos os dias", disse um dos organizadores da passeata, Gergely Homonnay, antes da manifestação.

Os organizadores da marcha deste sábado afirmam que a mídia estatal pró-governo e um número crescente de veículos privados pró-Fidesz, sustentados em grande parte por publicidade do governo, influenciaram os resultados das eleições.

"Temos que nos unir contra a chuva de mentiras vindas da televisão estatal", afirmou Homonnay , que é jornalista "Um órgão independente que supervisiona a operação da mídia pública precisa ser criado."

O estudante Viktor Gyetvai, que participou da manifestação, destacou a diversidade da multidão, que inclui apoiadores dos partidos da esquerda quanto da direita nacionalista, além de ambientalistas, independentes e outros.

"Concordamos todos que gostaríamos de ser cidadãos de um país calmo, democrático e em desenvolvimento, livre de corrupção e sem imagens do inimigo", afirmou o manifestante, referindo-se à constante demonização de imigrantes feita por Orbán.

"Este regime se mantém na base do medo"

O político da oposição Peter Marki-Zay, recentemente eleito prefeito de uma cidade que foi por muito tempo controlada pelo Fidesz, disse que a manifestação deste sábado serviu para mostrar que há esperança contra o governo Orbán.

"Este regime se mantém na base do medo", disse Marki-Zay. "Se a partir de amanhã ninguém mais tiver medo, o regime vai falhar."

Membros do governo e do Fidesz não reagiram imediatamente ao protesto, mas haviam afirmado que uma manifestação da semana passada foi financiada pela "rede Soros".

As primeiras declarações dos líderes do Fidesz após o pleito de 8 de abril mostraram que o novo governo de Orbán se aprofundará em suas políticas contrárias à imigração e ao magnata americano de origem húngara George Soros, inimigo político do primeiro-ministro.

Soros financiou organizações e projetos que fomentam os direitos humanos, a separação de poderes e a transparência.

A nova legislatura terá início nos primeiros dias de maio e, como primeira medida, o primeiro-ministro prometeu a aprovação de novas restrições ao trabalho de ONGs no país, especialmente as de ajuda a refugiados.

Orbán e seu governo vêm sendo criticados tanto dentro como fora da Hungria desde 2010, por limitarem as liberdades civis no país centro-europeu. Seus embates com a União Europeia (UE) sobre os valores democráticos se tornaram constantes.

LPF/efe/ap

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