Autoridades da Coreia do Sul chegam para prender presidente afastado Yoon
Por Eduardo Baptista e Hyunsu Yim e Joyce Lee
SEUL (Reuters) - Autoridades tentavam executar na sexta-feira (horário local) um mandado de prisão para o presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, com uma multidão de manifestantes do lado de fora da sua casa prometendo impedir qualquer tentativa de detê-lo. Yoon está sendo criminalmente investigado por insurreição, por ter tentado impor uma lei marcial no dia 3 de dezembro. A prisão, se concretizada, seria sem precedentes para um presidente incumbente no país. Integrantes do Gabinete de Investigações de Corrupção de Altas Autoridades (CIO, na sigla em inglês), que lideram uma equipe de investigadores com policiais e promotores, chegaram às portas do complexo de Yoon às 7h da sexta-feira no horário local (19h no horário de Brasília), de acordo com testemunhas da Reuters. A agência de notícias Yonhap informou que cerca de 3.000 policiais foram mobilizados para a operação. Não estava claro se o Serviço de Segurança Presidencial, que impediu o acesso de investigadores com um mandado de busca para o gabinete e residência oficial de Yoon, tentaria impedir também a sua prisão. Veículos de imprensa informaram que os carros do CIO não entraram imediatamente no local. Centenas de manifestantes se juntaram antes mesmo do amanhecer perto de sua casa, após a imprensa ter informado que os investigadores tentariam em breve executar o mandado de prisão que foi aprovado na terça-feira, depois de Yoon não ter cumprido intimações para comparecer em juízo. “Temos de impedi-los com nossas vidas”, disse um dos manifestantes aos outros. Cerca de uma dezena de manifestantes tentaram parar um grupo de policiais na entrada de uma passarela de pedestres. Alguns deles gritavam “o presidente Yoon Suk Yeol será protegido pelo povo” e pediam pela prisão do chefe do CIO. Pyeong In-su, de 74 anos, afirmou que a polícia precisa ser impedida pelos “cidadãos patriotas”, termo usado por Yoon para descrever aqueles que guardavam a sua residência. Segurando uma bandeira dos Estados Unidos e uma da Coreia do Sul com as palavras “vamos juntos”, em inglês e coreano, Pyeong afirmou esperar que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ajude Yoon. “Espero que, após a posse de Trump, ele possa usar a sua influência para ajudar o nosso país a voltar para o eixo”, afirmou. Yoon chocou a nação na noite de 3 de dezembro, quando impôs uma lei marcial para superar um impasse político e derrubar “forças anti-Estado”. Contudo, dentro de horas, 190 parlamentares desafiaram os cordões de tropas e policiais e derrubaram a ordem de Yoon. Cerca de seis horas após o decreto, o presidente o rescindiu. Em seguida, Yoon fez uma defesa enfática de sua decisão, dizendo que os opositores políticos internos eram simpáticos à Coreia do Norte e citando relatos nunca comprovados de fraude nas eleições. Insurreição é uma das poucas acusações para as quais o presidente sul-coreano não tem imunidade. Advogados de Yoon alegam que o mandado de prisão é ilegal e inválido, porque o CIO não tem autoridade na lei sul-coreana para exigir o seu cumprimento. Yoon está isolado desde que sofreu o impeachment e teve seus poderes suspensos, no dia 14 de dezembro. Além da investigação criminal, o impeachment está na Corte Constitucional, que decidirá se o reintegra ou o remove permanentemente do cargo. Uma segunda audiência está marcada para a sexta-feira.
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