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Com assinatura conjunta, Otan evita repetição de fiasco da cúpula do G7

11.jul.2018 - Donald Trump cumprimenta Jens Stoltenberg, secretário geral da Otan, durante encontro em Bruxelas, ao lado de outros líderes europeus como Angela Merkel (Alemanha), Theresa May (Reino Unido) e Emmanuel Macron (França) - Xinhua/Ye Pingfan
11.jul.2018 - Donald Trump cumprimenta Jens Stoltenberg, secretário geral da Otan, durante encontro em Bruxelas, ao lado de outros líderes europeus como Angela Merkel (Alemanha), Theresa May (Reino Unido) e Emmanuel Macron (França) Imagem: Xinhua/Ye Pingfan

Teri Schultz

11/07/2018 13h02

Em reunião em Bruxelas, europeus não escapam novamente da enxurrada de acusações de Donald Trump, mas desta vez pelo menos conseguem a assinatura americana na declaração final. Despesas ainda dividem Aliança Atlântica.

O clima em Bruxelas pode não ter sido necessariamente cordial, com Donald Trump novamente disparando acusações contra os aliados europeus. Mas os países-membros da Otan conseguiram nesta quarta-feira (11/07) ao menos assinar uma declaração conjunta, o que evitou uma repetição do fracasso da última reunião do G7.

Horas antes do início do evento, já em Bruxelas, Trump chegou a chamar seus aliados de delinquentes, por não darem mais dinheiro à Aliança Atlântica, e dizer que a Alemanha é refém da Rússia na questão energética.

A cúpula em Bruxelas, que vai até quinta, acontece num contexto de atritos entre Estados Unidos e Europa, em âmbitos como o comércio, acordo nuclear iraniano e mudança climática, após as medidas unilaterais adotadas por Washington, e de tensão pela pressão que Trump impõe a seus aliados europeus para que gastem mais com defesa.

"Nós deveríamos estar nos protegendo contra a Rússia, e a Alemanha vai e paga bilhões e bilhões de dólares por ano à Rússia", disse Trump antes da cúpula, sobre o apoio alemão a um novo gasoduto de 11 bilhões de dólares no Mar Báltico. "Se você prestar atenção, a Alemanha é uma refém da Rússia. Eles se livraram de suas usinas de carvão, se livraram de seu programa nuclear, e estão recebendo boa parte do seu petróleo e gás da Rússia."

Angela Merkel não demorou a rebater: de forma elegante, a chanceler federal alemã disse que, por ter crescido na Alemanha Oriental, sabe muito bem o que significa "uma nação refém". E a Alemanha moderna, afirmou, definitivamente não é uma.

"Hoje estamos unidos na liberdade, como República Federal da Alemanha", afirmou Merkel. "E que por isso podemos dizer que fazemos política independente e tomamos decisões de forma independente."

Se a troca de acusações continuaram, o "sucesso" agora em Bruxelas significou apenas a ausência de desastres diplomáticos como o ocorrido com o G7, no começo de junho, quando Trump se recusou a assinar o comunicado final, chamou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, de "desonesto", e foi flagrado encarando através da mesa uma chefe de governo alemã igualmente austera, numa foto que se espalhou pela internet.

"Nós tivemos discussões, desentendimentos, mas, o mais importante, tomamos decisões que vão impulsionar essa aliança para frente e nos tornar mais fortes", afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Na declaração final, os países-membros da Otan se comprometeram, entre outros pontos, a convidar a Macedônia a se tornar um membro e a aumentar as contribuições financeiras, uma das exigências de Trump. Os países também condenaram em uníssono a anexação da Crimeia pela Rússia, manobra chamada no texto de ilegal.

A questão dos gastos de defesa, porém, continua um ponto de atrito entre EUA e seus aliados. Na reunião, Trump pressionou os europeus a elevarem os gastos de 2% (atual meta) do PIB nacional para 4%. Segundo fontes da Casa Branca, não foi um pedido formal, mas um apelo feito pelo presidente americano feito aos parceiros.

"Estamos comprometidos a melhorar o equilíbrio na divisão de custos e responsabilidades na aliança", diz o texto final da Otan.