Com assinatura conjunta, Otan evita repetição de fiasco da cúpula do G7
Em reunião em Bruxelas, europeus não escapam novamente da enxurrada de acusações de Donald Trump, mas desta vez pelo menos conseguem a assinatura americana na declaração final. Despesas ainda dividem Aliança Atlântica.
O clima em Bruxelas pode não ter sido necessariamente cordial, com Donald Trump novamente disparando acusações contra os aliados europeus. Mas os países-membros da Otan conseguiram nesta quarta-feira (11/07) ao menos assinar uma declaração conjunta, o que evitou uma repetição do fracasso da última reunião do G7.
Horas antes do início do evento, já em Bruxelas, Trump chegou a chamar seus aliados de delinquentes, por não darem mais dinheiro à Aliança Atlântica, e dizer que a Alemanha é refém da Rússia na questão energética.
A cúpula em Bruxelas, que vai até quinta, acontece num contexto de atritos entre Estados Unidos e Europa, em âmbitos como o comércio, acordo nuclear iraniano e mudança climática, após as medidas unilaterais adotadas por Washington, e de tensão pela pressão que Trump impõe a seus aliados europeus para que gastem mais com defesa.
"Nós deveríamos estar nos protegendo contra a Rússia, e a Alemanha vai e paga bilhões e bilhões de dólares por ano à Rússia", disse Trump antes da cúpula, sobre o apoio alemão a um novo gasoduto de 11 bilhões de dólares no Mar Báltico. "Se você prestar atenção, a Alemanha é uma refém da Rússia. Eles se livraram de suas usinas de carvão, se livraram de seu programa nuclear, e estão recebendo boa parte do seu petróleo e gás da Rússia."
Angela Merkel não demorou a rebater: de forma elegante, a chanceler federal alemã disse que, por ter crescido na Alemanha Oriental, sabe muito bem o que significa "uma nação refém". E a Alemanha moderna, afirmou, definitivamente não é uma.
"Hoje estamos unidos na liberdade, como República Federal da Alemanha", afirmou Merkel. "E que por isso podemos dizer que fazemos política independente e tomamos decisões de forma independente."
Se a troca de acusações continuaram, o "sucesso" agora em Bruxelas significou apenas a ausência de desastres diplomáticos como o ocorrido com o G7, no começo de junho, quando Trump se recusou a assinar o comunicado final, chamou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, de "desonesto", e foi flagrado encarando através da mesa uma chefe de governo alemã igualmente austera, numa foto que se espalhou pela internet.
"Nós tivemos discussões, desentendimentos, mas, o mais importante, tomamos decisões que vão impulsionar essa aliança para frente e nos tornar mais fortes", afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
Na declaração final, os países-membros da Otan se comprometeram, entre outros pontos, a convidar a Macedônia a se tornar um membro e a aumentar as contribuições financeiras, uma das exigências de Trump. Os países também condenaram em uníssono a anexação da Crimeia pela Rússia, manobra chamada no texto de ilegal.
A questão dos gastos de defesa, porém, continua um ponto de atrito entre EUA e seus aliados. Na reunião, Trump pressionou os europeus a elevarem os gastos de 2% (atual meta) do PIB nacional para 4%. Segundo fontes da Casa Branca, não foi um pedido formal, mas um apelo feito pelo presidente americano feito aos parceiros.
"Estamos comprometidos a melhorar o equilíbrio na divisão de custos e responsabilidades na aliança", diz o texto final da Otan.
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