China inaugura maior ponte marítima do mundo
Obra de 55 km que inclui túnel subaquático e interliga Hong Kong, Macau e China continental é inaugurada com dois anos de atraso e custo acima do previsto. Opositores acusam integração forçada de regiões autônomas.A maior ponte marítima do mundo, que liga as cidades de Hong Kong e Macau a Zhuhai, na China continental, será inaugurada nesta terça-feira (23/10) com dois anos e atraso e envolta em escândalos relacionados aos altos custos e fins políticos do projeto.
A megaobra de 55 quilômetros de extensão, que compreende trechos de estrada, três pontes, ilhas artificiais e um túnel subaquático, faz parte de um ambicioso projeto para integrar economicamente 11 cidades no delta do Rio das Pérolas, incluindo as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau.
Em construção desde 2009 e planejada para ser inaugurada em 2016, a ponte será aberta ao público nesta quarta-feira, no dia seguinte a uma cerimônia com a presença do presidente Xi Xinping e outras autoridades.
As três pontes da estrutura são capazes de suportar ventos de até 340 quilômetros por hora. Um túnel de 6,7 quilômetros de extensão, conectado às pontes por duas ilhas artificiais, foi construído para que não houvesse interferência nas rotas do comércio marítimo.
Apesar de ser um feito inédito de engenharia que levou quase uma década para ser concluído, a ponte é vista com indiferença por muitos em Hong Kong, não apenas em razão dos atrasos e do superfaturamento da obra, mas por ser um símbolo de integração à China continental numa cidade onde muitos preferem a autonomia.
Após 150 anos como colônia britânica, Hong Kong se vê como politica e culturalmente distante da China continental. Com o retorno da soberania chinesa sobre a região, muitos avaliam que, na última década, houve uma redução das liberdades legais e políticas.
Opositores afirmam que a ponte é um entre vários megaprojetos iniciados pelo governo de Hong Kong para reaproximar a região autônoma e a China, que incluiriam trens de alta velocidade entre Ghangzhou e Shenzhen, na parte continental, e um museu-satélite do Museu do Palácio de Pequim, onde estão expostos artefatos da China imperial.
Os custos da construção, que chegaram a 6,4 bilhões de euros, também são alvos de críticas. Hong Kong terá de arcar com o equivalente a cerca de 1 bilhão de euros pela ponte principal, além de outros bilhões referentes aos custos das estradas de ligação e instalações de fronteira.
O Departamento de Transportes de Habitação de Hong Kong afirmou que os altos custos se justificam em razão de problemas imprevisíveis provenientes de "condições complicadas para a construção em alto mar, dificuldades de construção, aumento no custo dos materiais e mão de obra, além dos refinados esquemas de construção e design".
Muitos, porém, entendem que é um custo alto demais para uma ponte que não será totalmente aberta ao público. Para atravessá-la será exigida uma habilitação especial, de acordo com a seção a ser utilizada, e muitos terão de utilizar serviços de ônibus para ir a Macau ou à China continental.
Desde o início do megaprojeto, nove trabalhadores morreram e mais de 200 ficaram feridos. Seis empresas contratadas foram multadas por colocar os trabalhadores em risco.
RC/dpa/ots
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A megaobra de 55 quilômetros de extensão, que compreende trechos de estrada, três pontes, ilhas artificiais e um túnel subaquático, faz parte de um ambicioso projeto para integrar economicamente 11 cidades no delta do Rio das Pérolas, incluindo as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau.
Em construção desde 2009 e planejada para ser inaugurada em 2016, a ponte será aberta ao público nesta quarta-feira, no dia seguinte a uma cerimônia com a presença do presidente Xi Xinping e outras autoridades.
As três pontes da estrutura são capazes de suportar ventos de até 340 quilômetros por hora. Um túnel de 6,7 quilômetros de extensão, conectado às pontes por duas ilhas artificiais, foi construído para que não houvesse interferência nas rotas do comércio marítimo.
Apesar de ser um feito inédito de engenharia que levou quase uma década para ser concluído, a ponte é vista com indiferença por muitos em Hong Kong, não apenas em razão dos atrasos e do superfaturamento da obra, mas por ser um símbolo de integração à China continental numa cidade onde muitos preferem a autonomia.
Após 150 anos como colônia britânica, Hong Kong se vê como politica e culturalmente distante da China continental. Com o retorno da soberania chinesa sobre a região, muitos avaliam que, na última década, houve uma redução das liberdades legais e políticas.
Opositores afirmam que a ponte é um entre vários megaprojetos iniciados pelo governo de Hong Kong para reaproximar a região autônoma e a China, que incluiriam trens de alta velocidade entre Ghangzhou e Shenzhen, na parte continental, e um museu-satélite do Museu do Palácio de Pequim, onde estão expostos artefatos da China imperial.
Os custos da construção, que chegaram a 6,4 bilhões de euros, também são alvos de críticas. Hong Kong terá de arcar com o equivalente a cerca de 1 bilhão de euros pela ponte principal, além de outros bilhões referentes aos custos das estradas de ligação e instalações de fronteira.
O Departamento de Transportes de Habitação de Hong Kong afirmou que os altos custos se justificam em razão de problemas imprevisíveis provenientes de "condições complicadas para a construção em alto mar, dificuldades de construção, aumento no custo dos materiais e mão de obra, além dos refinados esquemas de construção e design".
Muitos, porém, entendem que é um custo alto demais para uma ponte que não será totalmente aberta ao público. Para atravessá-la será exigida uma habilitação especial, de acordo com a seção a ser utilizada, e muitos terão de utilizar serviços de ônibus para ir a Macau ou à China continental.
Desde o início do megaprojeto, nove trabalhadores morreram e mais de 200 ficaram feridos. Seis empresas contratadas foram multadas por colocar os trabalhadores em risco.
RC/dpa/ots
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