Já começou a dança dos técnicos na Bundesliga
Após a demissão do treinador do Stuttgart, é possível dizer que há outros três candidatos ameaçados caso não consigam reverter a má fase dos times sob seu comando. Entre eles Niko Kovac, do poderoso Bayern.Apenas sete rodadas da atual temporada da Bundesliga foram suficientes para que a primeira demissão de um técnico se concretizasse. Após um desastroso início de campanha, a diretoria do Stuttgart perdeu a paciência e demitiu o treinador Tayfun Korkut.
Korkut tinha assumido o time em janeiro deste ano e conseguiu livrar o clube de uma provável batalha contra o rebaixamento. Foram 14 jogos sob sua direção com nove vitórias, apenas uma derrota e quatro empates. Por pouco não pegou uma vaga para disputar a Liga Europa, ficando em sétimo lugar ao final da temporada 2017/2018.
Durante o verão foram investidos 35 milhões de euros na aquisição de reforços, e havia uma expectativa de que o renovado elenco fosse capaz não apenas de manter o que foi conquistado na campanha anterior, mas até subir mais alguns degraus e, agora sim, lutar por um lugar ao sol numa competição europeia.
Só que deu tudo errado. Korkut não conseguiu formatar uma equipe homogênea com os novos valores recém-adquiridos, e os maus resultados não tardaram em aparecer: quatro derrotas, dois empates e apenas uma vitória. O último lugar na tabela de classificação era apenas uma questão de tempo.
Rei morto, rei posto. Assumiu Markus Weinzierl (Augsburg, Schalke) e logo na sua estreia em casa, na Mercedes-Benz-Arena, amargou uma goleada (0 a 4) frente ao Borussia Dortmund, líder do campeonato. O Stuttgart continua segurando a lanterna, e Weinzierl terá muito trabalho pela frente para evitar o segundo rebaixamento do clube em apenas quatro anos.
Depois da queda de Tayfun Korkut, a pergunta que não pode calar é: quem será o próximo? A questão é pertinente, mesmo porque na temporada passada houve ao todo nove técnicos demitidos nos clubes da primeira divisão.
À esta altura do campeonato, vejo três candidatos ameaçados caso não consigam reverter a má fase dos times sob seu comando até o final do primeiro turno em dezembro. Quais são?
Heiko Herrlich, Bayer Leverkusen
Pelo que o Bayer Leverkusen apresentou até agora no campeonato, Heiko Herrlich pode entrar na dança dos técnicos a qualquer momento. Nas últimas duas partidas empatou às duras penas com dois sérios candidatos ao rebaixamento (Freiburg e Hannover), sendo que na partida contra o Hannover escapou da derrota na bacia das almas com um gol de Bellarabi nos acréscimos, salvando pelo menos um pontinho. E isto em casa na belíssima BayArena.
O time ostenta a quinta defesa mais vazada (15 gols) e o sexto ataque menos eficiente – apenas nove gols em oito jogos. Faça-me um favor! Sendo que a proposta de Herrlich é que o time jogue ofensivamente. Do jeito que está, além do ataque não funcionar, a defesa vive dando chabu.
O time está a dois pontos da zona de perigo e ocupa um modesto 13º posto na tabela. É muito pouco para a sempre exigente diretoria do Leverkusen. E para piorar a situação mais um pouco, os seus próximos adversários serão ossos duros de roer: Werder Bremen, Hoffenheim e Leipzig.
Domenico Tedesco, Schalke 04
O jovem treinador teuto/italiano de apenas 33 anos teve uma ascensão meteórica na Bundesliga. Sem jamais ter dirigido um time da primeira divisão alemã, conseguiu de cara um vice-campeonato na temporada passada e automaticamente catapultou o Schalke 04 para a Liga dos Campeões, algo que não acontecia com os "azuis reais" desde 2014.
Entretanto, na atual temporada Domenico Tedesco parece ter chegado ao limite da sua competência. A receita da campanha passada – defesa compactada na própria intermediária, meio-campo robusto do tipo limpa trilho e ligação direta com o ataque – atualmente não está mais funcionado. Os adversários já sabem que o Schalke só sabe jogar desta forma e se preparam de acordo.
Último exemplo foi a partida contra o Werder Bremen na Veltins Arena em Gelsenkirchen, quando o Schalke 04 amargou sua sexta derrota (0 a 2) em oito jogos - lembrando que em toda temporada passada os "azuis reais" foram vencidos em apenas sete oportunidades.
O time está em 16º lugar, na zona da repescagem, a apenas um ponto do rebaixamento. Domenico Tedesco precisa mostrar serviço agora, caso contrário não sobreviverá ao duro inverno alemão.
Niko Kovac, Bayern Munique
Bayern em má fase? Imagina! Isso não existe, poderiam dizer os mais apressadinhos. Niko Kovac, técnico recém-contratado, ameaçado de cair da cadeira? Só por causa de quatro jogos oficiais sem vitória?
Acontece que o padrão do Bayern Munique está alguns degraus acima dos seus concorrentes diretos. Vencer a Bundesliga e a Copa da Alemanha é obrigação, assim como chegar ao menos à semifinal da Liga dos Campeões.
Entretanto, por aquilo que o maior campeão da história do futebol alemão tem apresentado em campo até agora, atingir estes três objetivos desta vez não vai ser um passeio no parque.
A dupla executiva do clube, formada por Karl-Heinz Rummenigge e Uli Hoeness, já deu alguns sinais de nervosismo claramente explicitados na infeliz coletiva de imprensa da última sexta-feira. Na ocasião, os diretores preferiram atacar a imprensa, responsabilizando-a pela desestabilização emocional de alguns jogadores com reflexos negativos em campo em vez de encarar com transparência os atuais problemas que o time enfrenta.
No Bayern é sempre assim. Quando alguma coisa não vai bem na equipe, a responsabilidade pelo que acontece de ruim é sempre dos outros. Autocrítica, nem pensar!
Fato é que Niko Kovac não conseguiu até agora imprimir a sua marca na equipe. A forma de jogar do Bayern é muito previsível, e qualquer adversário taticamente bem preparado pode causar problemas aos bávaros.
Caso o time não apresente considerável melhora de rendimento com consequentes bons resultados até o final do primeiro turno em dezembro, a cadeira de Kovac pode começar a balançar.
É só esperar para ver o que acontece. Como diz o ditado: "o tempo é o senhor da razão".
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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
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Korkut tinha assumido o time em janeiro deste ano e conseguiu livrar o clube de uma provável batalha contra o rebaixamento. Foram 14 jogos sob sua direção com nove vitórias, apenas uma derrota e quatro empates. Por pouco não pegou uma vaga para disputar a Liga Europa, ficando em sétimo lugar ao final da temporada 2017/2018.
Durante o verão foram investidos 35 milhões de euros na aquisição de reforços, e havia uma expectativa de que o renovado elenco fosse capaz não apenas de manter o que foi conquistado na campanha anterior, mas até subir mais alguns degraus e, agora sim, lutar por um lugar ao sol numa competição europeia.
Só que deu tudo errado. Korkut não conseguiu formatar uma equipe homogênea com os novos valores recém-adquiridos, e os maus resultados não tardaram em aparecer: quatro derrotas, dois empates e apenas uma vitória. O último lugar na tabela de classificação era apenas uma questão de tempo.
Rei morto, rei posto. Assumiu Markus Weinzierl (Augsburg, Schalke) e logo na sua estreia em casa, na Mercedes-Benz-Arena, amargou uma goleada (0 a 4) frente ao Borussia Dortmund, líder do campeonato. O Stuttgart continua segurando a lanterna, e Weinzierl terá muito trabalho pela frente para evitar o segundo rebaixamento do clube em apenas quatro anos.
Depois da queda de Tayfun Korkut, a pergunta que não pode calar é: quem será o próximo? A questão é pertinente, mesmo porque na temporada passada houve ao todo nove técnicos demitidos nos clubes da primeira divisão.
À esta altura do campeonato, vejo três candidatos ameaçados caso não consigam reverter a má fase dos times sob seu comando até o final do primeiro turno em dezembro. Quais são?
Heiko Herrlich, Bayer Leverkusen
Pelo que o Bayer Leverkusen apresentou até agora no campeonato, Heiko Herrlich pode entrar na dança dos técnicos a qualquer momento. Nas últimas duas partidas empatou às duras penas com dois sérios candidatos ao rebaixamento (Freiburg e Hannover), sendo que na partida contra o Hannover escapou da derrota na bacia das almas com um gol de Bellarabi nos acréscimos, salvando pelo menos um pontinho. E isto em casa na belíssima BayArena.
O time ostenta a quinta defesa mais vazada (15 gols) e o sexto ataque menos eficiente – apenas nove gols em oito jogos. Faça-me um favor! Sendo que a proposta de Herrlich é que o time jogue ofensivamente. Do jeito que está, além do ataque não funcionar, a defesa vive dando chabu.
O time está a dois pontos da zona de perigo e ocupa um modesto 13º posto na tabela. É muito pouco para a sempre exigente diretoria do Leverkusen. E para piorar a situação mais um pouco, os seus próximos adversários serão ossos duros de roer: Werder Bremen, Hoffenheim e Leipzig.
Domenico Tedesco, Schalke 04
O jovem treinador teuto/italiano de apenas 33 anos teve uma ascensão meteórica na Bundesliga. Sem jamais ter dirigido um time da primeira divisão alemã, conseguiu de cara um vice-campeonato na temporada passada e automaticamente catapultou o Schalke 04 para a Liga dos Campeões, algo que não acontecia com os "azuis reais" desde 2014.
Entretanto, na atual temporada Domenico Tedesco parece ter chegado ao limite da sua competência. A receita da campanha passada – defesa compactada na própria intermediária, meio-campo robusto do tipo limpa trilho e ligação direta com o ataque – atualmente não está mais funcionado. Os adversários já sabem que o Schalke só sabe jogar desta forma e se preparam de acordo.
Último exemplo foi a partida contra o Werder Bremen na Veltins Arena em Gelsenkirchen, quando o Schalke 04 amargou sua sexta derrota (0 a 2) em oito jogos - lembrando que em toda temporada passada os "azuis reais" foram vencidos em apenas sete oportunidades.
O time está em 16º lugar, na zona da repescagem, a apenas um ponto do rebaixamento. Domenico Tedesco precisa mostrar serviço agora, caso contrário não sobreviverá ao duro inverno alemão.
Niko Kovac, Bayern Munique
Bayern em má fase? Imagina! Isso não existe, poderiam dizer os mais apressadinhos. Niko Kovac, técnico recém-contratado, ameaçado de cair da cadeira? Só por causa de quatro jogos oficiais sem vitória?
Acontece que o padrão do Bayern Munique está alguns degraus acima dos seus concorrentes diretos. Vencer a Bundesliga e a Copa da Alemanha é obrigação, assim como chegar ao menos à semifinal da Liga dos Campeões.
Entretanto, por aquilo que o maior campeão da história do futebol alemão tem apresentado em campo até agora, atingir estes três objetivos desta vez não vai ser um passeio no parque.
A dupla executiva do clube, formada por Karl-Heinz Rummenigge e Uli Hoeness, já deu alguns sinais de nervosismo claramente explicitados na infeliz coletiva de imprensa da última sexta-feira. Na ocasião, os diretores preferiram atacar a imprensa, responsabilizando-a pela desestabilização emocional de alguns jogadores com reflexos negativos em campo em vez de encarar com transparência os atuais problemas que o time enfrenta.
No Bayern é sempre assim. Quando alguma coisa não vai bem na equipe, a responsabilidade pelo que acontece de ruim é sempre dos outros. Autocrítica, nem pensar!
Fato é que Niko Kovac não conseguiu até agora imprimir a sua marca na equipe. A forma de jogar do Bayern é muito previsível, e qualquer adversário taticamente bem preparado pode causar problemas aos bávaros.
Caso o time não apresente considerável melhora de rendimento com consequentes bons resultados até o final do primeiro turno em dezembro, a cadeira de Kovac pode começar a balançar.
É só esperar para ver o que acontece. Como diz o ditado: "o tempo é o senhor da razão".
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