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Análise: Com Trump e Bolsonaro, luta contra aquecimento global fica mais difícil

Marcas do derretimento do gelo sobre glaciares na Groelândia - LUCAS JACKSON/Reuters
Marcas do derretimento do gelo sobre glaciares na Groelândia Imagem: LUCAS JACKSON/Reuters

Jens Thurau

02/12/2018 14h18

Não importa com quem se fale às vésperas da cúpula do clima na Polônia: os políticos e negociadores dos governos, os representantes de grupos ambientalistas, os cientistas – todos expressam um otimismo irredutível. Não, nós não vamos desistir na luta contra os gases do efeito estufa, apesar de todas as adversidades, ou por causa delas. muito já foi alcançado: cada vez mais países investem em energias renováveis, e na Polônia vamos tornar concretas as promessas vagas feitas em Paris. Todos juntos, países pobres e ricos, dizem.

Tudo muito bem, não fossem as sombras que pairam sobre a conferência: os Estados Unidos de Donald Trump, que anunciou já no ano passado que quer deixar o Acordo de Paris. O Brasil do presidente eleito Jair Bolsonaro, que também deve sair logo. A conferência de 2019, que deveria ocorrer no Brasil, foi cancelada pelo político nacionalista.

Em todo o mundo, as emissões de gases do efeito estufa voltaram a aumentar, a meta de ficar abaixo do aquecimento de 2 graus, reiterada em Paris, fica cada vez mais distante. Mas não só nos Estados Unidos e no Brasil – também na Austrália e em muitos países do Leste Europeu, acordos multilaterais que se baseiem na boa vontade dos Estados não estão na moda, para dizer o mínimo.

As chances de salvar o clima do planeta já foram melhores. E a Alemanha? Defende bravamente a proteção do clima, mas não consegue alcançar as próprias metas para 2020 e se prepara para um debate caloroso e provavelmente longo sobre o fim da extração de carvão, um combustível que deve ser deixado de lado imediatamente para se alcançar as metas climáticas.

A esperança, mais uma vez, vem de baixo, da base. Nos Estados Unidos, cidades, comunidades e empresas privadas se unem contra o ignorante climático Trump. Na Alemanha, jovens protestam em favor do meio ambiente, depois de anos de grande passividade, e cada vez mais pessoas entendem o que deve ser feito, além de uma renovação econômica: uma nova mobilidade, que já começa a surgir nas metrópoles. O carro movido a combustíveis fósseis ainda existe, mas não mais por muito tempo. Esses são os sinais positivos.

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Na Alemanha, eleições regionais mais recentes e a ascensão do Partido Verde mostraram que muitas pessoas consideram as mudanças climáticas um dos problemas mais urgentes da humanidade. Do outro lado estão os populistas de direita, na Alemanha e em outros países, que usam teorias da conspiração para atacar as declarações de cientistas de que as mudanças climáticas são causadas pelo ser humano.

Para a conferência em Katowice, isso significa: fazer a lição de casa, juntar dinheiro para os países pobres, colocar o Acordo de Paris em prática, apesar de toda a resistência. E esperar que tempos melhores venham. E mais pressão da base.