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A luta pela igualdade de gênero em Davos

Manuela Kasper-Claridge (dw)

24/01/2019 12h56

Só um em cada cinco participantes do Fórum Econômico Mundial é mulher. Personalidades que sirvam de exemplo são necessárias para combater a desigualdade de gênero na política e na economia, apontam mulheres no evento.Quando Marin Alsop fala sobre sua performance em Davos, ela fica visivelmente orgulhosa. A maestrina geralmente rege a Orquestra Sinfônica de Baltimore, mas na abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, ela conduziu uma orquestra exclusivamente feminina – reunida especificamente para o evento e a pedido dela. "Foi fascinante. E você notou que havia três mulheres na seção de contrabaixo?", lembra ela, animada, em entrevista à DW.

Alsop tem feito lobby por mais mulheres em orquestras há muitos anos, enquanto a música clássica continua sendo um domínio masculino. Primeira regente feminina a liderar uma importante orquestra dos Estados Unidos, ela vem promovendo jovens maestrinas por meio de seu próprio programa de bolsas de estudos para dirigentes, chamado Taki Concordia Conducting Fellowship.

A igualdade de gênero é uma questão com que ela se preocupa profundamente. Alsop diz ser importante que mulheres jovens tenham modelos femininos em posições de liderança. Isso vale para a música, mas naturalmente para outras áreas também.

Em Davos, a regente foi homenageada com o Crystal Award, concedido a artistas e figuras culturais cuja liderança inspira mudanças inclusivas e sustentáveis.

Mas Alsop também observa que a diversidade ainda é um trabalho ao qual tem que ser dada continuidade na reunião das elites de Davos. O fórum ainda é dominado por homens, lembra ela. Atualmente, apenas um quinto dos participantes são mulheres, cujo número aumentou apenas 1% desde o ano passado. Ainda existe uma lacuna significativa entre o que se espera e a realidade.

"A questão é um reflexo da realidade", admitiu recentemente Alois Zwinggi, diretor-geral do Fórum Econômico Mundial, em uma entrevista. E, com isso, o evento reconhece que a maioria das posições de liderança, seja em negócios ou política, ainda é ocupada por homens.

Ann Cairns, vice-presidente da Mastercard, uma prestadora de serviços financeiros com mais de 11 mil funcionários, não está satisfeita com isso. "Queremos ver algumas personalidades visíveis que sirvam de modelo", diz ela, enfatizando que "igualdade de gênero não é uma coisa da moda".

Cairns é a mulher com mais alto posto da Mastercard e tem participado frequentemente do Fórum Econômico Mundial há muitos anos.

Ela afirma que a empresa tem feito um trabalho duro para redesenhar seu processo de contratação, para que este seja neutro em termos de gênero. "Queremos cobrir todo o espectro da diversidade", enfatiza Cairns. "Como conseguimos [contratar] mulheres, como podemos obter minorias ou a comunidade LGBT?" Ela diz que seria mais fácil recrutar mulheres para futuras posições de liderança se tais posições já estivessem visivelmente ocupadas por mulheres.

Essa também é a estratégia do Fórum Econômico Mundial. "Noventa e cinco por cento de todos os painéis com três ou mais palestrantes têm participantes do sexo masculino e feminino", diz Oliver Cann, do departamento de comunicação do evento. Isso é uma melhoria, porque há apenas alguns anos os painéis de discussões eram geralmente realizados exclusivamente por homens.

"A representação feminina no Fórum Econômico Mundial é extremamente importante como um sinal para o mundo dos negócios", concorda Julie Teigland, sócia-gerente da empresa de auditoria EY. "No entanto, acredito que isso é um processo e não pode acontecer da noite para o dia. Acho que forçar a participação de mulheres no fórum – e o mesmo vale para o âmbito dos negócios –não seria a coisa certa a se fazer agora."

Caminhos não oficiais

Algumas empresas e iniciativas adotam uma abordagem completamente diferente no encontro de Davos. Fora da ampla zona de segurança, eles organizam seus próprios eventos abordando a questão da igualdade de gênero.

O Equality Lounge é um lounge aconchegante, onde os principais palestrantes falam em frente a um público predominantemente feminino durante três dias do Fórum Econômico Mundial. O clima é alegre, as discussões são sérias. "Por que a diversidade deve ser uma meta de negócios", "Mulheres mudando a trajetória de confiança" e "Como estamos desafiando as normas de gênero" são alguns dos títulos das discussões, que poderiam ser destaques no programa oficial de Davos.

Julie Teigland, da EY, olha para além da mera proporção entre mulheres e homens. "Precisamos de uma liderança que reflita a diversidade de nossa sociedade. Sou otimista e acho que estamos no caminho certo em termos do que está sendo feito para dar às mulheres um lugar cada vez maior à mesa. Tenho esperança de que em poucos anos a igualdade de gênero não será mais um tópico de discussão aqui em Davos, mas uma questão do passado."

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