Dia da Mulher se torna feriado em Berlim
Estado é o primeiro da Alemanha a adotar o dia 8 de março como feriado. "Sinal de avanço no caminho à igualdade de gênero", comemora deputada social-democrata. Líder conservador, porém, chama decisão de "reacionária".Berlim se tornou o primeiro estado da Alemanha a declarar feriado o Dia Internacional da Mulher, celebrado anualmente em 8 de março. O Legislativo da cidade-estado aprovou nesta quinta-feira (24/01) a criação do novo feriado, por meio de uma emenda à legislação local.
A proposta apresentada pela coalizão de governo de Berlim – formada pelo Partido Social-Democrata (SPD), A Esquerda e o Partido Verde – recebeu 87 votos a favor e 60 contra.
Os berlinenses tinham até então apenas nove folgas por ano – o menor número entre os 16 estados alemães. A Baviera, por exemplo, comemora 13 feriados anualmente.
A emenda aprovada no Legislativo também estabeleceu o dia 8 de maio de 2020 como feriado em caráter único, devido à celebração do "75º aniversário da libertação do nacional-socialismo e o fim da Segunda Guerra na Europa".
A decisão de tornar o 8 de Março um feriado foi celebrada pelos partidos que compõem o governo. "É um grande sinal de que estamos progredindo no caminho à igualdade entre mulheres e homens", disse a porta-voz de política igualitária do SPD, Derya Caglar.
A deputada Ines Schmidt, da legenda A Esquerda, afirmou que o novo feriado tem como objetivo "lembrar de uma maneira especial as injustiças cometidas contra as mulheres".
Por outro lado, parlamentares da conservadora União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal Angela Merkel, do Partido Liberal Democrático (FDP) e da populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) criticaram a decisão.
O líder parlamentar estadual da CDU, Stefan Evers, classificou a escolha do feriado de "profundamente reacionária". A pedido do partido, a votação sobre o novo feriado foi feita nominalmente.
Entre os deputados, houve longos debates sobre a adoção de um novo feriado, bem como uma série de outras sugestões. A CDU pleiteou por um feriado indistinto como o dia 9 de novembro, data da queda do Muro de Berlim.
A AfD sugeriu o Dia da Reforma Protestante, celebrado em 31 de outubro, e criticou o governo estadual por ignorar o fato de que os berlinenses preferiam adotar essa data, em vez do 8 de Março.
A porta-voz de política das mulheres do Partido Verde, Anja Kofbinger, explicou que as bancadas foram contrárias à sugestão da AfD porque "Berlim é multirreligiosa e ateia", e, portanto, o novo feriado deveria ser livre de qualquer cunho religioso.
A adoção de mais um dia de folga no calendário berlinense foi criticada também pelo setor econômico. Segundo a Câmara de Comércio e Indústria (IHK, na sigla em alemão), o novo feriado representa uma redução de 0,3% para a economia de Berlim.
O diretor-executivo das associações empresariais de Berlim-Brandemburgo, Christian Amsinck, afirmou que a cidade-estado está abrindo mão de 160 milhões de euros em produção econômica. "A diferença para a média nacional ficará, portanto, ainda maior", argumentou.
Segundo Amsinck, um estado como Berlim, que recebe 4,4 bilhões de euros de equalização financeira do governo federal, deveria fazer de tudo para melhorar seu poder econômico e, com isso, "deixar de ser dependente de subsídios federais".
Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher remonta à Conferência das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague em 1910 e idealizada pela ativista feminista alemã Clara Zetkin.
A partir de 1947, a data foi adotada oficialmente na extinta República Democrática Alemã (a Alemanha Oriental). Na Alemanha Ocidental, ganhou importância somente com os movimentos de mulheres na década de 1970.
As Nações Unidas convocaram pela primeira vez uma celebração da data em 1975, como parte do Ano Internacional das Mulheres. Em 1977, a Assembleia Geral da ONU reconheceu oficialmente o 8 de março como "Dia dos Direitos da Mulher e da Paz Mundial".
A decisão aprovada por Berlim nesta quinta-feira segue a postura adotada por países como Coreia do Norte, Vietnã, China e Camboja, que já consideram o Dia Internacional da Mulher um feriado.
PV/dpa/epd/kna/afp
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A proposta apresentada pela coalizão de governo de Berlim – formada pelo Partido Social-Democrata (SPD), A Esquerda e o Partido Verde – recebeu 87 votos a favor e 60 contra.
Os berlinenses tinham até então apenas nove folgas por ano – o menor número entre os 16 estados alemães. A Baviera, por exemplo, comemora 13 feriados anualmente.
A emenda aprovada no Legislativo também estabeleceu o dia 8 de maio de 2020 como feriado em caráter único, devido à celebração do "75º aniversário da libertação do nacional-socialismo e o fim da Segunda Guerra na Europa".
A decisão de tornar o 8 de Março um feriado foi celebrada pelos partidos que compõem o governo. "É um grande sinal de que estamos progredindo no caminho à igualdade entre mulheres e homens", disse a porta-voz de política igualitária do SPD, Derya Caglar.
A deputada Ines Schmidt, da legenda A Esquerda, afirmou que o novo feriado tem como objetivo "lembrar de uma maneira especial as injustiças cometidas contra as mulheres".
Por outro lado, parlamentares da conservadora União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal Angela Merkel, do Partido Liberal Democrático (FDP) e da populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) criticaram a decisão.
O líder parlamentar estadual da CDU, Stefan Evers, classificou a escolha do feriado de "profundamente reacionária". A pedido do partido, a votação sobre o novo feriado foi feita nominalmente.
Entre os deputados, houve longos debates sobre a adoção de um novo feriado, bem como uma série de outras sugestões. A CDU pleiteou por um feriado indistinto como o dia 9 de novembro, data da queda do Muro de Berlim.
A AfD sugeriu o Dia da Reforma Protestante, celebrado em 31 de outubro, e criticou o governo estadual por ignorar o fato de que os berlinenses preferiam adotar essa data, em vez do 8 de Março.
A porta-voz de política das mulheres do Partido Verde, Anja Kofbinger, explicou que as bancadas foram contrárias à sugestão da AfD porque "Berlim é multirreligiosa e ateia", e, portanto, o novo feriado deveria ser livre de qualquer cunho religioso.
A adoção de mais um dia de folga no calendário berlinense foi criticada também pelo setor econômico. Segundo a Câmara de Comércio e Indústria (IHK, na sigla em alemão), o novo feriado representa uma redução de 0,3% para a economia de Berlim.
O diretor-executivo das associações empresariais de Berlim-Brandemburgo, Christian Amsinck, afirmou que a cidade-estado está abrindo mão de 160 milhões de euros em produção econômica. "A diferença para a média nacional ficará, portanto, ainda maior", argumentou.
Segundo Amsinck, um estado como Berlim, que recebe 4,4 bilhões de euros de equalização financeira do governo federal, deveria fazer de tudo para melhorar seu poder econômico e, com isso, "deixar de ser dependente de subsídios federais".
Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher remonta à Conferência das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague em 1910 e idealizada pela ativista feminista alemã Clara Zetkin.
A partir de 1947, a data foi adotada oficialmente na extinta República Democrática Alemã (a Alemanha Oriental). Na Alemanha Ocidental, ganhou importância somente com os movimentos de mulheres na década de 1970.
As Nações Unidas convocaram pela primeira vez uma celebração da data em 1975, como parte do Ano Internacional das Mulheres. Em 1977, a Assembleia Geral da ONU reconheceu oficialmente o 8 de março como "Dia dos Direitos da Mulher e da Paz Mundial".
A decisão aprovada por Berlim nesta quinta-feira segue a postura adotada por países como Coreia do Norte, Vietnã, China e Camboja, que já consideram o Dia Internacional da Mulher um feriado.
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