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Ex-membro da SS é investigado por incitamento ao ódio

30/01/2019 14h30

Em entrevista a emissora de TV alemã, homem de 96 anos minimizou Holocausto e afirmou que não se arrepende de envolvimento em massacre de 86 pessoas perpetrado pela organização paramilitar nazista na França.Procuradores da cidade alemã de Hildesheim estão investigando um ex-membro da organização paramilitar nazista Schutzstaffel (SS) de 96 anos por incitamento ao ódio, após ele ter afirmado que não se arrepende de seu envolvimento no massacre de 86 pessoas em Ascq, no norte da França, em abril de 1944.

Com 21 anos na época, Karl Münter era líder júnior da 12ª divisão da SS Hitlerjugend, que foi responsável pelo massacre. Münter nunca foi punido pelo crime. Após o término da Segunda Guerra Mundial, ele foi sentenciado à morte in absentia por um tribunal militar na França, mas a sentença acabou prescrevendo

Agora, os procuradores de Hildesheim o estão investigando com base em declarações polêmicas dadas à emissora de televisão alemã ARD.

Em um programa exibido em novembro passado pela emissora, Münter minimizou o Holocausto e disse que os civis mortos no massacre na França foram culpados pelo seu destino por terem tentado fugir.

O massacre de Ascq ocorreu após membros da resistência francesa terem colocado explosivos em uma linha de trem próxima a Lille, descarrilando um trem que transportava um batalhão da 12ª divisão da SS Hitlerjugend.

Apesar de ninguém ter se ferido, o tenente da SS Walter Hauck ordenou em represália que homens e meninos de Ascq, próxima a Lille, fossem levados à linha de trem e arbitrariamente fuzilados.

Recordando o episódio no programa da ARD, Münter afirmou não ter atirado contra as vítimas e disse que apenas foi encarregado de prendê-las. Além disso, não mostrou arrependimento pelo ocorrido.

"Por que eu deveria me arrepender? Eu não atirei", afirmou ao programa. "Se eu prendo os homens, sou responsável por eles. E se eles fogem, tenho o direito de atirar neles", acrescentou.

A exibição do programa causou indignação na França. Gérard Caudron, prefeito de Villeneuve d'Ascq – cidade à qual o vilarejo de Ascq hoje pertence –, disse que a população da cidade e ele próprio sentiram "uma repugnância sem tamanho" pelas declarações de Münter.

Investigações anteriores contra Münter foram suspensas na Alemanha porque o tratado de Schengen da União Europeia estabelece que um residente de um país do bloco não pode ser acusado novamente por um crime pelo qual já foi condenado em outro.

PJ/dpa/afp/ots

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