PIB cresce 1,1% em 2019, metade do que chegou a ser projetado pelo mercado
PIB cresce 1,1% em 2019, metade do que chegou a ser projetado pelo mercado - Índice do Brasil ficou abaixo das altas de 1,3% vistas em 2018 e em 2017. Consumo puxou crescimento, mas investimento também teve números positivos.O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,1% em 2019, alcançando 7,3 trilhões de reais, segundo dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (03/03). A taxa está em linha com as projeções mais recentes do mercado, mas bem distante do que economistas esperavam na primeira semana de janeiro de 2019, quando a estimativa no boletim Focus do Banco Central era de 2,53%. O pibinho vem após altas de 1,3% em 2018 e 2017, e recuos de 3,3% em 2016 e 3,5% em 2015.
Já são 12 trimestres consecutivos de altas que, ainda assim, foram incapazes de compensar os 11 trimestres de perdas entre 2014 e 2016. De acordo com o IBGE, A economia brasileira encerrou 2019 no mesmo patamar do começo de 2013. Não é apenas a retomada mais lenta já registrada no país: é também a primeira vez que a economia se recupera de uma recessão sem que o crescimento venha acompanhado do aumento de produtividade, apontou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).
O consumo das famílias, que vem puxando a retomada, e compõe 65% do PIB do lado da demanda interna, registrou alta de 1,8% em 2019, abaixo dos 2,1% do ano anterior. A alta foi resultado das liberações de contas do FGTS, do aumento total da massa salarial e da queda da taxa básica de juros Selic, que está em sua mínima histórica. A queda da Selic propiciou um aumento na concessão de crédito livre a pessoas físicas no ano passado, de 14,4%, de acordo com dados do Banco Central.
Já o investimento aumentou em 2,2%, número também inferior ao do ano anterior, quando a alta foi de 3,9%. Mas há o que se comemorar: o investimento chegou a cair 13,9% em 2015 e só voltou a apresentar número positivo em 2018.
Entre os setores, os serviços, que respondem por dois terços do PIB, avançaram 1,3% – puxados por internet e softwares – mesmo crescimento da agropecuária. A indústria cresceu 0,5%, impulsionada pela construção civil, que teve seu primeiro índice positivo (1,6%), após cinco anos consecutivos de quedas. A recuperação desse segmento é fundamental para a economia como um todo, já que ele é um dos que mais empregam no país.
A indústria da transformação, por sua vez, ficou praticamente estagnada, enquanto a extrativa mineral amargou um recuo de 1,1%, impactada pelo colapso da barragem da Vale em Brumadinho. Do lado externo, as exportações saíram da alta de 4% em 2018 para uma queda de 2,5% em 2019, enquanto as importações passaram de um incremento de 8% para 1,1%.
O avanço da economia brasileira em 2019 acabou ficando muito aquém do esperado no início de ano, quando o mercado projetava 2,5% de alta. Depois, fatores internos e externos, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China, acabaram afetando as projeções, que foram sendo cortadas consecutivamente.
"A gente tem essa mania de ficar olhando para fora, de colocar culpa na crise da Argentina etc., só que a gente demorou quase um ano para fazer a reforma da Previdência, agora estamos também nos arrastando com a reforma tributária”, diz o pesquisador associado do IBRE-FGV Claudio Considera.
Este foi mais um ano que começou com projeções de crescimento do PIB na casa dos 2% – o Ministério da Economia estimou 2,4% – e que agora, à luz do coronavírus, começam a ser repensadas.
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
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Autor: Larissa Linder
Já são 12 trimestres consecutivos de altas que, ainda assim, foram incapazes de compensar os 11 trimestres de perdas entre 2014 e 2016. De acordo com o IBGE, A economia brasileira encerrou 2019 no mesmo patamar do começo de 2013. Não é apenas a retomada mais lenta já registrada no país: é também a primeira vez que a economia se recupera de uma recessão sem que o crescimento venha acompanhado do aumento de produtividade, apontou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).
O consumo das famílias, que vem puxando a retomada, e compõe 65% do PIB do lado da demanda interna, registrou alta de 1,8% em 2019, abaixo dos 2,1% do ano anterior. A alta foi resultado das liberações de contas do FGTS, do aumento total da massa salarial e da queda da taxa básica de juros Selic, que está em sua mínima histórica. A queda da Selic propiciou um aumento na concessão de crédito livre a pessoas físicas no ano passado, de 14,4%, de acordo com dados do Banco Central.
Já o investimento aumentou em 2,2%, número também inferior ao do ano anterior, quando a alta foi de 3,9%. Mas há o que se comemorar: o investimento chegou a cair 13,9% em 2015 e só voltou a apresentar número positivo em 2018.
Entre os setores, os serviços, que respondem por dois terços do PIB, avançaram 1,3% – puxados por internet e softwares – mesmo crescimento da agropecuária. A indústria cresceu 0,5%, impulsionada pela construção civil, que teve seu primeiro índice positivo (1,6%), após cinco anos consecutivos de quedas. A recuperação desse segmento é fundamental para a economia como um todo, já que ele é um dos que mais empregam no país.
A indústria da transformação, por sua vez, ficou praticamente estagnada, enquanto a extrativa mineral amargou um recuo de 1,1%, impactada pelo colapso da barragem da Vale em Brumadinho. Do lado externo, as exportações saíram da alta de 4% em 2018 para uma queda de 2,5% em 2019, enquanto as importações passaram de um incremento de 8% para 1,1%.
O avanço da economia brasileira em 2019 acabou ficando muito aquém do esperado no início de ano, quando o mercado projetava 2,5% de alta. Depois, fatores internos e externos, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China, acabaram afetando as projeções, que foram sendo cortadas consecutivamente.
"A gente tem essa mania de ficar olhando para fora, de colocar culpa na crise da Argentina etc., só que a gente demorou quase um ano para fazer a reforma da Previdência, agora estamos também nos arrastando com a reforma tributária”, diz o pesquisador associado do IBRE-FGV Claudio Considera.
Este foi mais um ano que começou com projeções de crescimento do PIB na casa dos 2% – o Ministério da Economia estimou 2,4% – e que agora, à luz do coronavírus, começam a ser repensadas.
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