Ucrânia: Zelensky admite contraofensiva, mas não revela detalhes
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu neste sábado (10) a existência de "ações contraofensivas" do exército ucraniano na frente de batalha sem, no entanto, esclarecer se trata do grande contra-ataque preparado por Kiev há vários meses.
"Ações contraofensivas e defensivas estão ocorrendo na Ucrânia, e não falarei mais detalhes", declarou Zelensky em uma coletiva de imprensa. "É necessário ter confiança nos militares e eu tenho confiança neles", acrescentou.
Os principais líderes militares da Ucrânia "estão todos de bom humor", disse Zelensky a repórteres, ao se sentar ao lado do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que fez uma visita surpresa a Kiev.
Também neste sábado, o porta-voz do comando "oriental" do exército ucraniano, Sergii Tcherevaty, afirmou na televisão que as tropas ucranianas conseguiram avançar 1,4 quilômetro em torno de Bakhmut, no leste, um território reivindicado por Moscou em maio.
Na sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a grande contraofensiva ucraniana destinada a expulsar as tropas de Moscou já havia começado. Segundo Putin, o exército ucraniano não conseguiu "alcançar os seus objetivos" durante os ataques e sofreu pesadas perdas.
As autoridades ucranianas, por outro lado, minimizaram a extensão dos combates na frente de batalha nos últimos dias, todavia sem divulgar pormenores de sua estratégia, temendo prejudicar suas tropas no campo.
Embora Kiev não tenha fornecido muitos detalhes, observadores internacionais notaram um aumento significativo na ação militar nas últimas semanas, após meses insinuando uma grande contraofensiva das forças ucranianas contra posições russas bem entrincheiradas.
A destruição nesta semana da barragem de Nova Kakhova, com Rússia e Ucrânia se acusando mutuamente, também poderia ter impedido qualquer plano ucraniano de lançar um ataque anfíbio através do rio Dnipro.
Já o Ministério da Defesa do Reino Unido informou neste sábado que os ucranianos "fizeram um bom progresso e penetraram na primeira linha de defesa russa" em algumas áreas no sul do país. "Em outros, o progresso ucraniano foi mais lento", acrescentou.
Justin Trudeau faz visita surpresa a Kiev
Em Kiev, Trudeau anunciou 500 milhões de dólares canadenses (cerca de R$ 1,8 bilhão) em assistência militar à Ucrânia. "Estaremos com a Ucrânia com o quanto for necessário, pelo tempo que for necessário", disse ele a Zelensky.
Ele também disse que o Canadá iria apreender um avião de carga Antonov de propriedade da Rússia que está encalhado no aeroporto de Toronto e entregá-lo à Ucrânia.
Trudeau viajou a Kiev acompanhado da vice-primeira-ministra do Canadá, Chrystia Freeland, que é descendente de ucranianos e fala o idioma.
Zelensky agradeceu a Trudeau e ao Parlamento canadense pela assistência desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022. "Estamos muito gratos por tudo o que fizeram por nós, pelo nosso povo, pelos refugiados, pelo nosso exército", disse.
Trudeu havia estado na Ucrânia em maio do ano passado. O Canadá abriga uma das maiores comunidades ucranianas do mundo e vem fornecendo ajuda militar e financeira à Ucrânia desde o início da guerra.
Rússia se pronuncia após fechamento da embaixada da Islândia
Também neste sábado, a Rússia disse que responderia à Islândia, após o país anunciar que fecharia sua embaixada em Moscou, tornando-se o primeiro país a fazê-lo.
"A decisão tomada pelas autoridades islandesas de reduzir o nível das relações diplomáticas com a Rússia destrói toda a extensão da cooperação russo-islandês", disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em um comunicado.
"Levaremos essa decisão hostil em consideração ao construir nossos laços com a Islândia no futuro. Todas as ações antirrussas de Reykjavik serão inevitavelmente seguidas por uma reação correspondente."
Na sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Islândia disse que suspenderia as operações em sua embaixada em Moscou porque as relações comerciais, culturais e políticas estavam em "mínimo histórico" entre os dois países. A embaixada está programada para fechar em 1º de agosto.
Três mortos em ataque de drone
Três pessoas morreram e pelo menos 26 ficaram feridas após um ataque de um drone russo na região ucraniana de Odesa, disseram militares da Ucrânia neste sábado.
Embora os drones tenham sido abatidos pelas forças ucranianas, os destroços atingiram um prédio de apartamentos, causando um incêndio.
Separadamente, a força aérea ucraniana disse que a Rússia lançou pelo menos 35 drones e oito mísseis contra alvos na Ucrânia.
Enquanto isso, os Estados Unidos disseram que a parceria militar Rússia-Irã parece estar "se aprofundando". A Casa Branca informou que Moscou recebeu centenas de drones, ou veículos aéreos não tripulados (UAVs), do Irã para atacar a Ucrânia.
As informações sugerem que os drones foram construídos no Irã, enviados pelo Mar Cáspio e usados pela Rússia. O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que os EUA estão preocupados que Moscou esteja trabalhando com Teerã para fabricar drones iranianos dentro da fronteira russa.
Uma imagem de satélite divulgada pela Casa Branca indica a localização de uma futura fábrica de drones na Rússia.
O Irã afirma que as transferências de drones ocorreram antes da invasão da Ucrânia pela Rússia. Moscou, por sua vez, nega a implantação de drones iranianos na Ucrânia.
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