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Muito além do Grupo Wagner; Rússia é dominada por exércitos de mercenários

Membros do grupo de mercenários Wagner assustaram no fim de semana - Handout/AFP
Membros do grupo de mercenários Wagner assustaram no fim de semana Imagem: Handout/AFP

Da Deustche Welle

27/06/2023 11h45

A ação do Grupo Wagner no fim de semana causou temor em todo o mundo. Mas não são apenas eles responsáveis por estruturas militares privadas na Rússia.

No total, existem mais de 40 dessas estruturas militares na Rússia. Foi o que disse Nikolai Pankov, vice-ministro da Defesa da Rússia, mas sem especificar a quem exatamente o ministério se referia. Pois desde o início da guerra, a pasta classifica também os membros de companhias militares privadas como "voluntários".

Todos os exércitos privados estariam transformando as forças armadas russas em uma colcha de retalhos caótica de unidades com patrocinadores ricos, segundo escreveu o jornal Financial Times, citando os serviços secretos ucranianos e ocidentais.

A primeira força cuja participação na invasão da Ucrânia se tornou conhecida é chamada de Redut. Kiev estima sua força em 7 mil homens. Segundo afirma o portal russo Meduza - agora exilado na Letônia -, citando várias fontes, os mercenários daquelas tropas estiveram entre os primeiros a invadir a Ucrânia e participaram das batalhas perto de Kiev e Kharkiv.

O jornal Novaya Gazeta noticiou sobre a Redut pela primeira vez em 2019. Segundo a reportagem, a força foi criada em 2008 e implantada na Síria para proteger as instalações da empresa russa Stroytransgaz, controlada por Gennady Timchenko, amigo do presidente russo, Vladimir Putin.

Pavel Luzin, especialista em política externa e de defesa russa, diz que a força Redut não é exatamente uma empresa militar privada. Ele também a associa ao Departamento de Defesa. "Os mercenários foram originalmente usados pela Rússia para três propósitos principais: criar um contrapeso ao exército regular, poder operar fora do sistema burocrático e dos procedimentos administrativos estabelecidos e proteger a liderança política e militar da responsabilização", diz Luzin.

Na opinião dele, dada a decadência do exército regular, os mercenários e as chamadas "companhias de voluntários" permitem contornar as restrições. "Ou seja, o exército russo está evoluindo para um exército irregular. Mercenários e 'voluntários' servindo sob regras diferentes são um contrapeso aos soldados contratados comuns e recrutados servindo sob as regras antigas, as quais o próprio Ministério da Defesa tem dificuldade para cumprir", diz o especialista.

Em fevereiro de 2023, o serviço secreto ucraniano foi o primeiro a relatar que a Gazprom estava montando sua própria força mercenária. Kiev se baseou no fato de que o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, permitiu que a empresa de energia criasse uma organização de segurança privada. Segundo fontes do jornal Financial Times, a estatal começou a recrutar "voluntários" para a guerra em agosto do ano passado. Seriam as tropas Potok e Fakel.

O Financial Times também descobriu que os funcionários de uma empresa da Gazprom na Rússia central foram informados de que duas pessoas teriam que se voluntariar para a guerra.

Várias fontes indicam que as tropas Potok e Fakel estão ligadas à Gazprom. É o que relatou um prisioneiro de guerra russo em um vídeo publicado em abril deste ano. O homem se apresenta como Alexander Tkachenko, natural de Orenburg. O serviço russo da BBC encontrou sua página na rede social russa VKontakte, onde uma filial da Gazprom em Orenburg foi listada como sua empregadora.

Em abril, Yevgeny Prigozhin disse que as tropas da Gazprom participariam da guerra. Ao fazê-lo, criticou aqueles que criariam tais associações, acusando-os de falta de treinamento, equipamentos e liderança. Em maio, apareceu nos canais do Telegram um vídeo dirigido a Putin mostrando militares que se diziam membros da força Potok.

Não há informações precisas sobre a força das unidades Fakel ou Potok. Sua influência no campo de batalha foi descrita como "insignificante" por um ex-alto funcionário russo falando ao Financial Times. O Wall Street Journal avaliou que essas companhias possuem "vários milhares de homens".