Guaíba tem maior cheia já registrada após chuvas no RS

Guaíba tem maior cheia já registrada após chuvas no RS - Nível do lago é o maior em 83 anos, superando o da cheia histórica de 1941. Tempestades afetam ao menos 300 cidades. Governador Eduardo Leite fala em "maior desastre da história" gaúcha em termos de prejuízo material.O número de mortos em decorrência das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul chegou a 57, enquanto 67 pessoas estão desaparecidas e outras 74 ficaram feridas, de acordo com boletim da Defesa Civil divulgado neste sábado (04/05). Os temporais causaram estragos em ao menos 300 dos 496 municípios do estado e afetaram mais de 420 mil pessoas. Mais de 860 mil famílias estão sem água, e 350 mil imóveis estão sem luz.

Na tarde desta sexta-feira, o governador do estado, Eduardo Leite, disse que a situação ainda é crítica especialmente nas regiões central, vales e serra.

Ele também fez um alerta para os moradores de Porto Alegre e região metropolitana, por causa da cheia do Lago Guaíba, que bateu neste sábado a marca de 5,04 metros, a maior enchente da história, de acordo com informação da Defesa Civil de Porto Alegre. O recorde anterior era de 4,76 metros, registrado na cheia histórica de 1941.

A Defesa Civil informou neste sábado que mais de 42 mil pessoas estão fora de casa, sendo 9,5 mil em abrigos e 32,6 mil desalojadas, na casa de familiares ou amigos.

Na quarta-feira, o governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública devido às chuvas intensas que atingem o estado. No dia seguinte, a barragem 14 de Julho, na Serra Gaúcha, colapsou parcialmente. As autoridades locais pediram para que a população da região saia o mais rápido possível de suas casas. Ao menos 19 barragens no estado estavam em estado de alerta ou atenção.

Eduardo Leite afirmou que as chuvas já prenunciam o "maior desastre da história" gaúcha em termos de prejuízo material. Segundo ele, a situação é "pior" do que a registrada no ano passado, quando as inundações causaram mais de 50 mortes e grandes danos materiais.

"Infelizmente, este será o maior desastre que nosso estado já enfrentou. Infelizmente, será maior do que o que assistimos no ano passado", afirmou Leite a coletiva de imprensa no início da noite em Porto Alegre.

Devastação

A Defesa Civil afirmou que a maior parte das bacias hidrográficas do estado correm risco de inundação. Há ainda risco de deslizamentos, especialmente na Serra e nos vales dos rios Taquari e Caí.

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As aulas nas escolas da rede pública estadual também foram suspensas até esta sexta-feira.

A previsão do tempo é de que há ainda risco de chuva no Rio Grande do Sul pelo menos até este sábado. Nos últimos quatro dias, choveu no estado o equivale a três vezes a média para esta época do ano, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

"Estamos vivendo um momento muito crítico no estado", acrescentou Leite antes de usar expressões como "guerra" e "caos" para se referir à situação. De acordo com o governador, deslizamentos de terras estão ocorrendo em boa parte do estado e barragens estão sendo monitoradas, embora ainda não haja evidência de risco de rompimento dessas estruturas.

Apoio do governo federal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silvavisitou o estado na quinta-feira. Após desembarcar em Santa Maria, o presidente se reuniu com o governador e outras autoridades locais, além de prestar solidariedade às famílias afetadas. Lula prometeu ainda recursos federais para ajudar o estado.

"Em um primeiro momento, temos que salvar vidas. Em um segundo tempo, vamos fazer a avaliação dos danos e buscar dinheiro para reparar", afirmou Lula. "É o segundo em um ano que acontece. Então é preciso que a gente comece a ficar preocupado em cuidar do planeta Terra com muito mais carinho, com muito mais amor", acrescentou.

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Segundo o Ministério da Defesa, desde esta quarta-feira, 335 militares da Aeronáutica, Exército e Marinha foram mobilizados para prestar apoio à população gaúcha, com ajuda de 12 embarcações, cinco helicópteros e 43 viaturas, além de equipamentos para transporte de material e pessoal. Os governos de outros estados, como São Paulo e Santa Catarina, também ofereceram ajuda.

md/cn/ra (EBC, ots)

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