Jamil Chade

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Europa vê onda de violência política e teme ameaça à democracia

A tentativa de assassinato contra o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, chocou a Europa e ampliou o temor na classe política e em analistas do risco de reviver o clima de tensão e a violência que marcaram os anos sombrios dos anos 20 e 30, e que conduziram à ascensão ao poder do movimento nazista.

Além do político do Leste Europeu, diversos líderes partidários, deputados e ministros têm sido alvo de ataques pelas redes sociais e nas ruas de algumas das principais cidades da Europa.

Na Holanda, em 2023, a então vice-primeira-ministra Sigrid Kaag chorou em um programa de TV ao ouvir que suas filhas temiam que ela fosse assassinada. Um ano antes, o Ministério Público do país indicou que 1.100 ameaças contra políticos tinham sido oficialmente registradas. Um ano antes, foram apenas 588.

Na Alemanha, a agência de inteligência BfV anunciou que o extremismo de extrema direita é a maior ameaça à democracia alemã.

No início do mês, o deputado Mathias Ecke foi alvo de um ataque físico há poucas semanas, enquanto colocava seus cartazes pela cidade de Dresden. O social-democrata teve de ser submetido a uma cirurgia. Naquela mesma noite, membros do Partido Verde também foram atacados, num bairro residencial da mesma cidade.

Um dia antes, Rolf Fliss, o vice-prefeito de Essen, levou um soco no rosto. Em setembro de 2023, um homem atirou uma pedra nos líderes do Partido Verde em um evento de campanha na Baviera. A ex-prefeita de Berlim, Franziska Giffey, também foi agredida por um homem que a golpeou por trás na cabeça com uma bolsa.

Em janeiro, uma multidão impediu que Robert Habeck, vice-chanceler da Alemanha, desembarcasse de uma balsa. Mais recentemente, Katrin Göring-Eckardt, vice-presidente do Parlamento, foi impedida de sair de um evento quando 40 a 50 manifestantes cercaram seu carro.

Um momento considerado como divisor de águas foi quando, em 2019, o deputado conservador Walter Lübcke foi morto por um neonazista por ser favorável à acolhida de refugiados. O caso foi tratado como o primeiro assassinato político de extrema direita na Alemanha desde o final da Segunda Guerra Mundial.

No total, 2.700 ataques físicos, verbais e nas redes sociais contra políticos foram registrado em 2023. O número é duas vezes maior que em 2019. Desses, 234 foram ataques fisicamente violentos contra políticos.

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Em 2022, 58.916 crimes com motivação política no país foram registrados contra cidadãos e simpatizantes de partidos políticos, o número mais alto desde que as autoridades começaram a manter registros em 2001. Desses, 4.000 envolveram violência física.

O fortalecimento e avanço da extrema-direita e seu discurso de ódio é considerada por agentes políticos como o principal responsável pela violência na Alemanha. "As palavras se transformam em ações", disse Katarina Barley, candidata social-democrata para as eleições europeias.

"A democracia é ameaçada por essas coisas, portanto, aceitá-las nunca é uma opção", disse Olaf Scholz, chanceler alemão. "Não vamos aceitar isso", insistiu.

Para Hendrik Wüst, o governador da Renânia do Norte-Vestfália, "os recentes ataques a políticos "lembram o capítulo mais sombrio da história alemã". "Estamos vivenciando uma escalada de violência antidemocrática", disse Nancy Faeser, ministra do Interior da Alemanha.

Na Suécia, a violência também passou a assustar. O Conselho Nacional Sueco de Prevenção ao Crime apontou em um recente levantamento que uma em cada três políticos afirmam ter sofrido uma forma de ameaça, violência ou dano.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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