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Mais de 800 mil palestinos foram obrigados a deixar Rafah, diz agência da ONU

Rafah, que fica na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, é alvo dos israelenses desde 6 de maio Imagem: AFP

18/05/2024 19h08Atualizada em 18/05/2024 19h56

O número de palestinos que foram "obrigados a fugir" de Rafah na esteira da operação militar israelense chegou a 800 mil pessoas, afirmou neste sábado (18) o diretor da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini.

Rafah, que fica no sul da Faixa de Gaza, é alvo das forças israelenses desde 6 de maio. A cidade na fronteira com o Egito era o único ponto que não havia sido adentrado por tropas terrestres em sete meses de conflito, e abrigava por isso mais da metade dos 2,4 milhões de moradores de Gaza.

Israel alega que Rafah é o último bastião do grupo radical islâmico Hamas.

"Mais uma vez, quase metade da população de Rafah, 800 mil pessoas, estão na estrada, tendo sido obrigadas a fugir", afirmou o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, na rede social X. "Em resposta a ordens de evacuação que exigem das pessoas que fujam para as ditas zonas seguras, as pessoas foram principalmente às áreas centrais [do enclave] e a Khan Younis, incluindo prédios destruídos."

Segundo Lazzarini, as pessoas estão fugindo para áreas sem abastecimento de água nem saneamento adequado.

O chefe da UNRWA disse que, desde o início da guerra, "palestinos foram forçados a fugir diversas vezes em busca de uma segurança que nunca encontraram, nem em abrigos da UNRWA". "A cada vez, eles são obrigados a deixar para trás os poucos pertences que possuem (...). A cada vez, eles têm que começar do zero, tudo de novo", acrescentou.

A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos — principal aliado de Israel —, tem se mostrado preocupada com uma invasão de Rafah.

No início de maio, as tropas israelenses assumiram o controle do posto fronteiriço de Rafah com o Egito, que até então era a principal porta de entrada de ajuda humanitária. No lado israelense, dificuldades logísticas, fogo cruzado e protestos têm dificultado a entrega de mantimentos essenciais aos palestinos.

Neste sábado, Israel anunciou a chegada da primeira carga humanitária a Gaza por meio de um porto flutuante construído pelos Estados Unidos.

Ministro israelense dá ultimato a Netanyahu

Ministro do gabinete de guerra israelense, Benny Gantz deu ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prazo até 8 de junho para aprovar um plano para definir o destino da Faixa de Gaza depois que o conflito com o Hamas for encerrado.

Do contrário, Gantz, que é um político centrista adversário de Netanyahu, disse que renunciará ao cargo — algo que deixaria o governo dele ainda mais dependente de radicais de ultradireita que defendem uma linha dura nas negociações para um cessar fogo e que pregam a reconstrução de assentamentos israelenses em Gaza.

"Se você escolher o caminho dos fanáticos e liderar a nação inteira para o abismo, seremos forçados a desembarcar do governo", advertiu Gantz.

Segundo Gantz, o plano para Gaza precisa contemplar a deposição do Hamas do governo, o controle israelense de segurança sobre o enclave, o retorno dos reféns mantidos em Gaza e a criação de uma administração civil tripartite partilhada entre árabes, europeus e palestinos.

(AFP, Reuters, DW)

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