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Newtown inicia difícil tarefa de enterrar vítimas do massacre

Teresa de Miguel

De Newtown (EUA)

17/12/2012 21h24

Enquanto tenta se recuperar de um das piores massacres da história dos Estados Unidos, a pequena cidade de Newtown começou nesta segunda-feira (17) a triste e difícil tarefa de enterrar as vítimas do tiroteio com os funerais de Jack Pinto e Noah Pozner, ambos de seis anos.

Os moradores de Newtown voltaram a mostrar seu incondicional apoio às famílias das vítimas reunindo-se maciçamente nos arredores do centro funerário Honan, onde era realizado um serviço em memória do pequeno Jack, um grande fã do jogador de futebol americano Víctor Cruz, do New York Giants.

Em sua homenagem, Cruz escreveu no domingo em uma de suas chuteiras "Jack Pinto, meu herói" e em outra "R.I.P Jack Pinto".

Em memória do menino, alguns dos que se reuniram nesta segunda-feira se vestiram com camisas desse time de futebol americano, e, de novo apesar da chuva e do frio, ofereceram seu carinho aos familiares das vítimas com velas, ursos de pelúcia e mensagens de apoio.

Após a cerimônia nessa casa de funerais, que realizará pelo menos outros 11 velórios de vítimas do massacre nos próximos dias, o pequeno corpo de Jack foi enterrado no cemitério Newtown Village Cemetery.

Também muitos se concentraram nos arredores da casa de funerais Abraham L. Green and Son, na vizinha Fairfield, onde era realizado o serviço em memória de Noah, que segundo sua tia, podia "conseguir o que quisesse simplesmente piscando e olhando com seus grandes olhos azuis".

O triste processo continuará com o velório de James Mattioli, de seis anos, que será enterrado amanhã da mesma forma que Jessica Rekos, da mesma idade, enquanto para quarta-feira estão previstos os funerais dos pequenos Chase Kowalski e Catherine V. Hubbard, assim como o da diretora do colégio, Dawn Hochsprung, e da professora Victoria Soto (esta última na vizinha Stratford).

Enquanto isso, as escolas continuavam hoje fechadas pela tragédia de sexta-feira, quando o jovem Adam Lanza, de 20 anos, atirou até quatro vezes em sua mãe na enorme casa na qual viviam e depois foi ao colégio Sandy Hook, onde matou outros seis adultos e 20 crianças de 6 e 7 anos.

Amanhã serão retomadas as aulas nos colégios da região, mas não em Sandy Hook, que continua sendo uma cena do crime sob investigação e pode até jamais voltar a abrir, por isso seus estudantes serão transferidos a um centro escolar próximo.

A tragédia reabriu, além disso, o debate nos Estados Unidos sobre a segurança nos centros de ensino e concretamente sobre a necessidade ou não de armar seus guardas de segurança.

"Há diferenças, há gente que não querer ter alguém armado no colégio, mas também é verdade que poderia tranquilizar as coisas agora", disse hoje à Agência Efe Jamie Dunkin, de 16 anos e estudante do centro de ensino médio de Newtown onde no domingo houve uma vigília com a presença do presidente dos EUA, Barack Obama.

Em um dos memoriais criados para lembrar as vítimas do tiroteio, Dunkin reconheceu que amanhã sentirá "medo e nervosismo" quando tiver que voltar à aula "porque tudo é possível, pode haver imitadores e vimos outros colégios fechando porque está acontecendo o mesmo".

As duas escolas da cidade de Ridgefield, também no estado de Connecticut, tiveram hoje que fechar brevemente quando moradores vizinhos alertaram a polícia da presença de um homem suspeito que parecia estar com uma espingarda, embora o incidente tenha sido um falso alarme.

"Não importa se é uma escola primária, de ensino médio ou uma universidade, (os seguranças) deveriam estar sempre armados porque nunca se sabe o que pode acontecer", disse também à Efe Vicky Alevreas, uma mãe de 34 anos que viajou do nova-iorquino bairro de Queens até Newtown para oferecer seu apoio aos amigos e parentes das vítimas.

Enquanto isso, a polícia continua com a investigação para tentar esclarecer o que ocorreu exatamente na sexta-feira, e anunciou que são dois, e não um como se tinha dito inicialmente, os adultos que ficaram feridos no colégio Sandy Hook durante o tiroteio.

"Os investigadores falarão com eles quando estiverem recuperados e eles darão luz sobre os fatos e as circunstâncias desta trágica investigação", disse hoje em entrevista coletiva o tenente Paul Vance, da polícia estadual de Connecticut.

A grande dúvida continua sendo ainda que motivo levou Adam Lanza, um jovem "brilhante", mas "calado e tímido", como definiram à Efe seus conhecidos, a cometer na sexta-feira este terrível massacre.