China celebra com "contenção" 120º aniversário de nascimento de Mao Tse-tung
![Guardas batem continência em frente a estátua de Mao Tse-tung em Shaoshan (cidade natal de Mao) - AP](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/2013/12/26/26dez2013---guardas-batem-continencia-em-frente-a-estatua-do-lider-chines-mao-tse-tung-em-shaoshan-cidade-natal-de-mao-na-china-1388037983923_615x300.jpg)
A China celebra nesta quinta-feira (26) o 120º aniversário do nascimento de Mao Tse-tung com uma nova geração de líderes políticos que pediu "contenção" --mas apenas econômica-- nos festejos em sua homenagem.
Mais sobre o líder chinês
Embora se espere cerimônias de comemoração do nascimento do fundador da China socialista (1949), principalmente em sua cidade natal, Hunan, neste ano as autoridades ordenaram a redução das despesas, mais na linha oficial de frear o dispêndio público que como mensagem de afastamento político.
A efeméride suscita um repasse na verdadeira influência de Mao em um governo que acaba de aprovar reformas pró-mercado, absolutamente contrárias ao modelo maoísta, e em uma sociedade que abraçou o consumismo e que já conta com uma geração adulta nascida após a morte do "Grande Timoneiro" (1976).
A imprensa oficial tende nestes dias a dar um respaldo à popularidade do líder, embalsamado na praça de praça da Paz Celestial, e publica artigos e enquetes favoráveis, como uma do jornal "Global Times" que ontem assegurou que mais de 85% dos consultados pensam que as conquistas de Mao superam seus erros.
Além disso, 90% dos participantes da enquete do jornal, próximo ao Partido Comunista chinês (PCCh), também consideraram que o "maior mérito de Mao foi o de fundar a nação independente através da revolução".
No entanto, reconhece que a "população mais jovem e melhor preparada" tende a ser mais crítica em relação a Mao, enquanto os indagados de "mais idade e com uma formação até o ensino médio" são os que mais lhe reverenciam.
Uma razão possível para explicar essa nostalgia entre os mais velhos, acrescenta, é o aumento da desigualdade social, já que "a justiça" é o segundo principal elogio ao líder do PCCh.
Em um tom crítico pouco usual, o "Global Times" admite que as autoridades censuram "duramente" o ocorrido durante os 27 anos sob comando de Mao, e que nunca houve um relatório completo de suas ações no país.
Mao é criticado especialmente por sua política do "Grande Salto Adiante", um pacote de medidas econômicas, sociais e políticas implantadas no final de 1950 que, junto a uma série de catástrofes naturais, derivaram em uma crise de fome em massa que acabou com a vida de cerca de 20 milhões de pessoas, dependendo das fontes.
Além disso, é acusado do caos surgido da "Revolução Cultural", iniciada em 1966 em princípio contra os intelectuais e altos cargos do Partido acusados de trair os ideais revolucionários, e que acabou transformada em uma caça às bruxas.
Mas a verdade é que é quase impossível saber qual é a verdadeira influência de Mao na atual sociedade chinesa, e não é mais simples discernir até que ponto seu pensamento determina as políticas do governo.
Desde sua morte, a linha oficial do Partido Comunista foi que Mao acertou em 70% e se confundiu nos 30% restantes, ressaltou ontem o jornal "South China Morning Post", de Hong Kong.
O novo presidente, Xi Jinping, não parece ter alterado a porcentagem, embora seu estilo de líder forte e certas medidas, sobretudo em relação ao aumento do controle da "ordem social" e da imprensa, fazem com que alguns analistas vejam mais de Mao nele que em seu antecessor, Hu Jintao.
Sem elogiar explicitamente o líder revolucionário, Xi e seu gabinete advertiram que uma "desmaoização" ao estilo soviético poderia criar grande confusão e debilitar o regime, cuja estabilidade consideram essencial para levar a China pelo caminho da reforma econômica.
Deste modo, outros analistas argumentam que Xi, que expurgou este ano um de seus rivais de maior tamanho, o ex-líder provincial Bo Xilai, conhecido por retomar velhas práticas maoístas quando estava no comando da prefeitura de Chongqing, adota uma postura mais prática que idealista na hora de respeitar a lembrança do "Grande Timoneiro".
E que, sem que haja nenhum espreita de reforma política no curto prazo na China, parece inviável para o governo separar o Partido da imagem de Mao. Por isso seu nascimento será lembrado hoje com a única exigência que se restrinjam as despesas, mas não as demonstrações de afeto ao histórico dirigente.
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