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Entre dezenas de tremores, os chilenos tentam voltar à normalidade

03/04/2014 17h43

Santiago do Chile, 3 abr (EFE).- Entre dezenas de tremores, um a cada seis minutos segundo os especialistas, os moradores do norte do Chile tentavam nesta quinta-feira normalizar suas vidas após o terremoto de 8,2 na escala Richter que sacudiu três regiões do país na noite de terça-feira, deixando seis mortos e muitos danos materiais.

As autoridades explicaram que em Arica y Parinacota 70% do serviço elétrico e 90% do abastecimento de água potável foram restabelecidos, e em Tarapacá 72% dos habitantes já tem luz e 67% água potável.

Nesta região, na cidade de Alto Hospicio, um dos pontos mais afetados pelo tremor, ao deixar 2.500 imóveis destruídos, e em algumas pequenas localidades do interior, a eletricidade ainda não havia sido normalizada e a água era distribuída em caminhões-pipa.

Na região de Antofagasta, a terceira afetada pelo terremoto, os serviços básicos estavam totalmente normalizados, indicou o relatório entregue pelo Escritório Nacional de Emergência (Onemi).

Mesmo assim o governo advertiu hoje que irá legalmente atrás dos especuladores, após denúncias de que comerciantes de Alto Hospicio e de Iquique, principalmente, estão cobrando preços abusivos pelos produtos de primeira necessidade, como pão, água engarrafada e combustível, que tiveram a distribuição dificultada pelos danos em estradas e ruas.

O porta-voz de la Moneda (sede do executivo chileno), Álvaro Elizalde, lembrou que essas condutas são proibidas pelo Código Penal e pela lei sobre terremotos e catástrofes, e afirmou que os especuladores "serão detidos e postos à disposição da Justiça".

"A autoridade exercerá todos os direitos da lei para proteger os cidadãos que foram atingidos por esta catástrofe", afirmou.

A Onemi disse já ter enviado às regiões afetadas mais de 50 toneladas de caixas de alimentos básicos, água engarrafada, cobertores, fraldas, artigos de higiene e colchões, entre outros.

O Centro Sismológico da Universidad do Chile indicou que após o terremoto de terça-feira até o meio-dia desta quinta-feira aconteceram 265 réplicas na região. E 29 delas foram perceptíveis, disse aos jornalistas Miguel Ortiz, chefe do Centro de Alerta Antecipado da Onemi.

O mais potente desses tremores aconteceu às 23h43 (o mesmo fuso horário de Brasília), com uma magnitude de 7,8 na escala Richter, o que levou às autoridades a decretarem uma segunda evacuação em massa nas regiões de Arica y Parinacota e Tarapacá diante do risco de um tsunami.

Esta segunda desocupação afetou 270 mil pessoas, um terço das 972 mil evacuadas no dia anterior, quando o alarme de tsunami se estendeu para toda a costa chilena.

Entre os evacuados desta vez esteve a presidente Michelle Bachelet, que pernoitava em um hotel de Arica a apenas 40 metros da praia.

O alarme foi suspenso duas horas depois, mas muita gente preferiu não voltar aos seus lares e tenham optado em passar a noite em áreas segurar.

Segundo Ortiz, na região de Tarapacá, a mais afetada pelo terremoto, há oito albergues habilitados com 1.313 pessoas, 1.262 delas de Iquique, a capital regional, enquanto na região de Arica y Parinacota há seis albergues, com aproximadamente 50 desalojados ou desabrigados.

Bachelet, que visitou hoje a cidade de Camarões, no interior de Arica, anunciou que unirá as tarefas de reconstrução a um plano de desenvolvimento regional previsto em seu programa de governo.

"Quando um enfrenta um desastre há várias etapas, a primeira é a emergência, a proteção de vidas e essa é a etapa em que ainda estamos", explicou a presidente em uma rede regional de rádios.

"Claro que ninguém quer que haja mais réplicas, mas ninguém pode garantir que não haja réplicas fortes, com consequências", disse Bachelet ao insistir na necessidade de atender primeiro a situação de emergência para depois empreender as tarefas de reconstrução.

Na primeira etapa "é preciso garantir o abastecimento dos serviços básicos e que os afetados tenham abrigo e comida", ressaltou. E informou ainda que decisões serão tomadas nas próprias regiões. "Os grupos de trabalho acontecerão aqui, não em Santiago, porque não será de Santiago que diremos aos ariqueños o que terão de fazer", sentenciou antes de voltar à capital.