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Presidente do Quênia destitui cúpula de segurança após ataques do Al Shabab

Pessoas observam corpos de trabalhadores mortos pela milícia islâmica Al Shabaab em Korome, no Quênia - Reuters
Pessoas observam corpos de trabalhadores mortos pela milícia islâmica Al Shabaab em Korome, no Quênia Imagem: Reuters

Em Nairóbi

02/12/2014 12h38Atualizada em 02/12/2014 13h53

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, destituiu nesta terça-feira o ministro do Interior, Joseph Ole Lenku, e o chefe superior de polícia, David Kimaiyo, após o último ataque do grupo islâmico somali Al Shabab, que matou pelo menos 36 pessoas perto da fronteira com a Somália.

O líder comunicou a medida durante um discurso à nação, no qual anunciou o general reformado Joseph Nkaissery como possível substituto de Ole Lenku.

Caso aceite a proposta, Nkaissery substituirá Ole Lenku no Ministério do Interior e Coordenação Nacional, cuja gestão foi muito criticada desde o ataque ao centro comercial Westgate de Nairóbi, onde morreram pelo menos 67 pessoas em setembro de 2013.

Nkaissery é deputado na Assembleia Nacional pelo Movimento Democrático Laranja (ODM, em inglês), partido da oposição, mas alguns membros fazem parte do governo liderado pela coalizão Jubilee de Kenyatta.

Os pedidos de renúncia de Ole Lenku se intensificavam há meses por causa do aumento de ataques terroristas na capital queniana, no litoral e em regiões na fronteira com a Somália.

O ex-ministro respondeu a onda de violência com prisões e deportações de refugiados somalis, que também foram muito contestadas por organizações internacionais e ONG.

Afetado pela crise de segurança no Quênia desde o ataque ao Westgate, o até então chefe superior de polícia, David Kimaiyo, renunciou ao cargo, confirmaram fontes ligadas à presidência.

"Isto não é uma falha. Ninguém falhou", disse em entrevista coletiva posteriormente, ao falar sobre sua gestão.

O Quênia sofreu um novo ataque do Al Shabab em Mandera, na fronteira com a Somália, nesta madrugada, pouco mais de uma semana depois que o grupo assassinou 28 passageiros de um ônibus na mesma cidade.

Esses atentados ocorreram após semanas de fortes tensões entre a polícia e jovens muçulmanos na cidade de Mombaça, porto mais importante do país e próximo a uma das áreas mais turísticas.

O nordeste do Quênia sofre graves ataques há meses. Mesmo após os jihadistas somalis assumirem a autoria dos atentados, o governo de Kenyatta vinculava os incidentes a redes políticas locais de oposição.

O Al Shabab, que em 2012 anunciou uma adesão formal à Al Qaeda e luta para instaurar um estado islâmico de corte wahhabista na Somália, foi incluído em março de 2008 na lista de organizações consideradas terroristas pelo governo americano.