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Presidente da Colômbia confirma que cessar-fogo das Farc durará 4 meses

Em Bogotá

15/07/2015 17h01

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, confirmou nesta quarta-feira (15) que o cessar-fogo que as Farc iniciarão no próximo dia 20 vai durar quatro meses, enquanto as partes negociam em Havana sobre o fim definitivo das hostilidades.

Em entrevista concedida à rede de televisão "RCN", Santos destacou que o cessar-fogo anunciado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no dia 8 de julho servirá para avançar no processo de paz.

As Farc anunciaram na quarta-feira passada em Havana um cessar- fogo unilateral, em resposta ao pedido de uma diminuição urgente da intensidade da guerra formulado pelos fiadores do processo de paz.

No anúncio, as Farc expressaram sua disposição de um cessar- fogo "a partir de 20 de julho, por um mês", segundo um comunicado do Secretariado do Estado-Maior dessa guerrilha.

Posteriormente, ambas partes estabeleceram em Havana, sede dos diálogos, um plano para reduzir a intensidade do conflito e agilizar a consecução de acordos para criar as condições que permitam um cessar-fogo bilateral e definitivo.

Na entrevista de hoje, Santos destacou que era necessário avançar depressa nas negociações, ao advertir que o processo "tinha estagnado nos dois últimos pontos" da agenda referentes às vítimas e ao fim do conflito.

"As pessoas estão perdendo confiança no processo", comentou o governante após especificar que "não avançar é retroceder. Se não avançamos nesses quatro meses não haverá paz".

O chefe de Estado reforçou que não haverá anistias para as Farc, mas que também não "é negociável que passem pelo elemento penal", mas cumprirão penas alternativas ainda por definir na mesa de negociações.

Caso se decrete uma cessação de hostilidades definitiva com as Farc, as forças armadas colombianas seguirão enfrentando os subversivos desmobilizados que se integrem à guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), acrescentou o presidente colombiano.

Com relação ao narcotráfico, atividade que as Farc se comprometeram a abandonar, Santos indicou que o grupo armado assegura que todas as receitas recebidas por esta atividade "foram gastas para financiar sua operação militar", razão pela qual não lhes servirá para cometer delitos.

Durante a conversa, o presidente colombiano também comentou que começará a "tomar cuidado com a linguagem", algo que, segundo disse, "aconteceu em muitos lugares do mundo" como passo prévio à assinatura de um acordo de paz.

"Deixar a violência verbal, começar a tomar cuidado com a linguagem, por exemplo, ao invés de dizer 'estes bandidos, traficantes ou terroristas', dizer as Farc", exemplificou Santos.