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Pai de menino afogado afirma que agora não adianta o mundo oferecer asilo

Abdullah Kurdi, 40, pai dos meninos sírias Aylan, 3, e Galip, 5, que se afogaram na quarta-feira (2) enquanto fugiam da Síria em direção a Turquia  - Tolga Adanali - 3.set.2015/AP
Abdullah Kurdi, 40, pai dos meninos sírias Aylan, 3, e Galip, 5, que se afogaram na quarta-feira (2) enquanto fugiam da Síria em direção a Turquia Imagem: Tolga Adanali - 3.set.2015/AP

De Paris

06/09/2015 07h38

Abdullah Kurdi, pai da criança síria afogada em uma praia da Turquia, cuja imagem se transformou em símbolo da tragédia dos refugiados, afirmou neste domingo que as ofertas de asilo que têm recebido chegaram tarde demais.

"Se me dão agora o mundo inteiro, de que me serve? Já não tenho nem mulher nem filhos", disse em entrevista ao jornal "Le Journal du Dimanche", e ressaltou o pedido formal de asilo como refugiados ter sido negado foi o que os fez decidirem fazer essa viagem clandestina.

A família vivia em Damasco, mas a intensificação do conflito sírio os fez partir primeiro para Aleppo, depois para Kobani e em seguida para Istambul, cidade em que contou que não era possível viver.

"Para qualquer família síria emigrada, a menos que haja membros da família que trabalhem, é impossível sobreviver", assinalou Kurdi, que contou ter entrado com um pedido de refúgio ao ao Canadá, onde vive uma de suas irmãs.

Ela garantiu que estava disposta a assumir toda a família, e que com isso o governo canadense não teria tido nenhuma despesa, mas as autoridades canadenses, que negam ter recebido esse pedido, "não aceitaram".

Sua esposa e seus dois filhos, de três e cinco anos, morreram na noite de terça-feira após o naufrágio da barca em que viajavam tentando chegar a uma ilha grega.

A família, contou Kurdi, pagou quatro mil euros aos traficantes para que organizassem a travessia até Kos, onde embarcaram em um bote com outras nove pessoas desde o balneário turco de Bodrum.