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Conceitos de casamento civil e religioso já não coincidem, diz papa

Da Filadélfia

27/09/2015 11h05

O papa disse neste domingo na Filadélfia que a instituição civil do casamento e do sacramento cristão já não coincidem substancialmente e nem se sustentam mutuamente, e pediu que as pessoas não se esqueçam "da transformação do contexto histórico".

Esta mudança tem consequências culturais, sociais e também jurídicas sobre os vínculos familiares e isso envolve todos "crentes ou não crentes", disse o pontífice perante bispos convidados ao Encontro Mundial das Famílias, que termina hoje nesta cidade americana.

O papa disse aos responsáveis da Igreja que "o mundo" "pede e reivindica" uma "conversão pastoral" e acrescentou que "é vital que hoje a Igreja anuncie o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demoras, sem asco e sem medo".

"O cristão não é um 'ser imune' às mudanças de seu tempo e neste mundo concreto, com suas múltiplas problemáticas e possibilidades, é onde deve viver, acreditar e anunciar", acrescentou.

O papa disse que "todo passado foi melhor", que "o mundo é um desastre e, se isto seguir assim, não sabemos onde vamos parar".

"Isto me soa como um tango argentino", exclamou Francisco, que arrancou com este comentário os risos dos bispos congregados no seminário São Carlos Borromeo da Filadélfia.

O pontífice disse que a sociedade atual é como um centro comercial no qual "o importante hoje é determinado pelo consumo. Consumir relações, consumir amizades, consumir religiões, consumir, consumir..."

O papa acrescentou que "os vínculos são um mero 'trâmite' na satisfação de 'minhas necessidades". "Fizemos de nossa sociedade uma vitrine pluricultural amplíssima, ligada somente aos gostos de alguns 'consumidores' e, por outro lado, são muitos os outros, os que só 'comem as migalhas que caem da mesa de seus amos".

Francisco disse também que muitas pessoas vão "correndo atrás de um 'like', correndo atrás de aumentar o número de 'followers' em qualquer das redes sociais".

"Assim vão -vamos- os seres humanos na proposta que oferece esta sociedade contemporânea. Uma solidão com medo do compromisso em uma busca desenfreada para se sentir reconhecido", disse o papa.