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Interpol emite ordem de prisão para organizador de assassinato de Nemtsov

27/02/2016 06h52

Moscou, 27 fev (EFE).- A Interpol emitiu uma ordem de busca e captura contra o checheno Ruslan Mukhudinov, suposto organizador do assassinato do dirigente opositor russo, Boris Nemtsov, há um ano em Moscou, informou neste sábado o advogado da família do político liberal.

"Soube que a Interpol iniciou a busca e captura de Ruslan Mukhudinov", antigo integrante do batalhão checheno "Sever", que se encontra em paradeiro desconhecido, disse o advogado Vadim Prokhorov à agência "Interfax".

Prokhorov, que fez essas afirmações coincidindo com o primeiro aniversário do assassinato do opositor, garantiu que Mukhudinov "está diretamente implicado no assassinato, mas não se deve exagerar seu papel, tampouco menosprezá-lo".

"Ele é mais o executor, o organizador", afirmou o advogado, em alusão ao fato de a família de Nemtsov considerar que a Justiça ainda não descobriu o autêntico autor intelectual do crime ocorrido em uma ponte próxima do Kremlin, a sede do governo russo.

O Comitê de Instrução da Rússia (CIR) considera que Mukhudinov "é quem encomendou e organizou" o crime, o mais famoso assassinato político cometido no país desde a queda da União Soviética.

No final do ano passado, o CIR deu por encerrada a investigação, o que foi criticado pela família e pelos correligionários de Nemtsov, que consideram que ainda há muitas lacunas no processo, já que o opositor foi baleado quando averiguava a morte de soldados russos na Ucrânia.

Prokhorov sugeriu que p CIR tenta proteger o líder da república da Chechênia, Ramzan Kadyrov, aliado próximo do presidente russo, Vladimir Putin, e que tachou recentemente os opositores de "inimigos do povo" em um controvertido artigo no jornal "Izvestia".

Assim que o advogado da família e a promotoria analisarem os materiais do caso, será feito nos próximos meses o julgamento dos cinco chechenos detidos e acusados de envolvimento no assassinato.

Apesar de os familiares e correligionários de Nemtsov insistirem que sua morte tem motivações políticas, um tribunal de Moscou se negou a requalificar o crime como assassinato de um cargo público ou personalidade civil.

A oposição acusa abertamente Putin de criar o clima de ódio que motivou o assassinato de Nemtsov, que tinha acusado o chefe do Kremlin de, entre outras coisas, enviar tropas para o leste da Ucrânia e de corrupção na organização dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi em 2014.

Por ocasião do aniversário do assassinato, a oposição extraparlamentar convocou hoje uma grande manifestação para o centro da capital russa para homenagear o antigo vice-primeiro-ministro (1997/1998) e herdeiro político do primeiro presidente russo, Boris Yeltsin.