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Primeiro-ministro irlandês se recusa a renunciar apesar do desastre eleitoral

27/02/2016 19h57

Dublin, 27 fev (EFE).- O primeiro-ministro da Irlanda, o democrata-cristão Enda Kenny, se recusou neste sábado a apresentar sua renúncia após os maus resultados obtidos nas eleições gerais de ontem, ao mesmo tempo em que reiterou que sua obrigação agora é buscar apoios para formar um governo.

O líder do conservador Fine Gael (FG) confirmou que a magra vitória obtida por seu partido e a queda brusca dos trabalhistas, parceiros no Executivo, torna impossível reeditar a coalizão governamental que mantiveram durante os últimos cinco anos.

O primeiro-ministro indicou que terá que esperar os resultados definitivos para "ter uma ideia clara" sobre a distribuição da câmara baixa (Dáil) na próxima legislatura.

O pacto mais estável seria uma coalizão com seu rival histórico, o centrista Fianna Fáil (FF), que sairia deste pleito como a segunda legenda mais votada, segundo aponta a apuração provisória.

Kenny não quis pronunciar-se sobre essa opção, pois poderia ainda pedir ajuda aos partidos minoritários e candidatos independentes, cujo espetacular crescimento nestas eleições provocou uma profunda transformação do cenário político irlandês.

Na terceira posição se situaria o esquerdista Sinn Féin de Gerry Adams, que aumentaria em 50% sua presença no Dáil.

No entanto, os três partidos tradicionais não querem o Sinn Féin em um governo de coalizão, e os republicanos, por sua vez, também não têm intenção de fazer parte de "qualquer Executivo liderado pelo FF ou o FG", ressaltou Adams neste sábado.

"Confio que o Fine Gael será o maior partido no parlamento. Minha obrigação como primeiro-ministro é buscar para o país um governo estável que mantenha a recuperação econômica conseguida nos últimos anos", ressaltou Kenny.

Após aplicar o conteúdo do resgate solicitado pelo FF em 2010 à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional, o governo de Kenny conseguiu ressuscitar as finanças, segundo comprovam os indicadores macroeconômicos, mas suas políticas de austeridade levaram muitos irlandeses a castigá-lo nas urnas.

Os especialistas opinam que, se FG e FF não formarem uma grande coalizão, outros pactos com formações minoritárias gerariam Executivos inviáveis, o que poderia desembocar na convocação de novas eleições gerais dentro de seis meses.

"Eu gostaria de pensar que é possível formar um governo de unidade capaz de lidar com os muitos desafios que se apresentam", afirmou Kenny.

Devido ao complexo sistema eleitoral irlandês, até agora a apuração só definiu 47 das 158 cadeiras em disputa.

O anúncio oficial dos resultados definitivos pode acontecer apenas neste domingo ou até se estender para o resto da semana, caso sejam apresentadas impugnações.