De "regras do amor", Kama Sutra vira lembrança para turistas na Índia
Luis Ángel Reglero.
Nova Délhi, 24 mar (EFE).- Todo o acervo cultural do Kama Sutra de mais de mil anos, muito mais que um mero catálogo de posições sexuais, parece ter se transformado com a passagem do tempo até o ponto de o livro ser relegado em seu país de origem, a Índia, a uma mera lembrança para turistas.
O Kama Sutra - ou "As regras do amor", em tradução do sânscrito - é uma das opções de compra para o turista desde que chega ao aeroporto internacional de Nova Délhi. A obra é onipresente em suas lojas livres de impostos para quem procura uma lembrança típica do país asiático.
"Sexo vende", declarou à Agência Efe o livreiro Puneet Sharma, que em sua loja no centro da capital indiana expõe em um lugar destacado versões do Kama Sutra em inglês, espanhol, russo, coreano, francês, alemão, italiano e japonês.
No entanto, seu colega Abhinav Bamhi só vende edições em inglês "porque o que importa aos turistas são as ilustrações, mais que o texto que as acompanha".
A tradução para o inglês feita por Richard Francis Burton em 1883 foi de fato a que popularizou esta obra fora da Índia, e agora "os estrangeiros estão muito mais interessados do que os próprios indianos no Kama Sutra", explicou Mithilesh Singh, dono de outra livraria.
O Kama Sutra foi escrito por Vatsyayana, um erudito indiano que compilou nesta obra doutrinas da tradição hindu sobre as relações amorosas. Acredita-se que a obra seja do século II d.C, embora alguns autores argumentem que tenha sido elaborada no século IV d.C.
Muito tempo mais tarde, o livro se tornou famoso no mundo todo por um de seus sete capítulos, o das 64 posturas sexuais. O resto da obra praticamente caiu no esquecimento, apesar de oferecer sábios conselhos para os casais com uma visão liberal e bastante atual.
"Sua reputação é porque foi traduzido para línguas europeias no século XIX como um 'manual de sexo', quando a Europa era muito puritana sexualmente", ressaltou à Agência Efe Sudhir Kakar, um dos mais reconhecidos especialistas em psicologia cultural e da religião na Índia.
No entanto, aqueles anos nos quais foi a referência do desejo e da liberdade sexual parece que ficaram para trás.
"Nesta época de pornografia, o Kama Sutra é bastante insosso, inclusive monótono em sua descrição da atividade sexual", opinou Kakar.
Além disso, poucos se sentem interessados "pela fascinante descrição que faz sobre os aspectos culturais da sexualidade", lamentou. E suas recomendações sobre o respeito ao companheiro ou sobre a compreensão dos sentimentos do outro são capítulos que hoje em dia parecem menos atraentes aos leitores do que o catálogo de posições.
Há mais de mil anos, o livro também oferece desde conselhos sobre como ser mais atraente com uma vida saudável até remédios práticos para tingir os cabelos brancos, junto com advertências sobre os riscos do adultério ou sobre como abordar a prostituição.
Nova Délhi, 24 mar (EFE).- Todo o acervo cultural do Kama Sutra de mais de mil anos, muito mais que um mero catálogo de posições sexuais, parece ter se transformado com a passagem do tempo até o ponto de o livro ser relegado em seu país de origem, a Índia, a uma mera lembrança para turistas.
O Kama Sutra - ou "As regras do amor", em tradução do sânscrito - é uma das opções de compra para o turista desde que chega ao aeroporto internacional de Nova Délhi. A obra é onipresente em suas lojas livres de impostos para quem procura uma lembrança típica do país asiático.
"Sexo vende", declarou à Agência Efe o livreiro Puneet Sharma, que em sua loja no centro da capital indiana expõe em um lugar destacado versões do Kama Sutra em inglês, espanhol, russo, coreano, francês, alemão, italiano e japonês.
No entanto, seu colega Abhinav Bamhi só vende edições em inglês "porque o que importa aos turistas são as ilustrações, mais que o texto que as acompanha".
A tradução para o inglês feita por Richard Francis Burton em 1883 foi de fato a que popularizou esta obra fora da Índia, e agora "os estrangeiros estão muito mais interessados do que os próprios indianos no Kama Sutra", explicou Mithilesh Singh, dono de outra livraria.
O Kama Sutra foi escrito por Vatsyayana, um erudito indiano que compilou nesta obra doutrinas da tradição hindu sobre as relações amorosas. Acredita-se que a obra seja do século II d.C, embora alguns autores argumentem que tenha sido elaborada no século IV d.C.
Muito tempo mais tarde, o livro se tornou famoso no mundo todo por um de seus sete capítulos, o das 64 posturas sexuais. O resto da obra praticamente caiu no esquecimento, apesar de oferecer sábios conselhos para os casais com uma visão liberal e bastante atual.
"Sua reputação é porque foi traduzido para línguas europeias no século XIX como um 'manual de sexo', quando a Europa era muito puritana sexualmente", ressaltou à Agência Efe Sudhir Kakar, um dos mais reconhecidos especialistas em psicologia cultural e da religião na Índia.
No entanto, aqueles anos nos quais foi a referência do desejo e da liberdade sexual parece que ficaram para trás.
"Nesta época de pornografia, o Kama Sutra é bastante insosso, inclusive monótono em sua descrição da atividade sexual", opinou Kakar.
Além disso, poucos se sentem interessados "pela fascinante descrição que faz sobre os aspectos culturais da sexualidade", lamentou. E suas recomendações sobre o respeito ao companheiro ou sobre a compreensão dos sentimentos do outro são capítulos que hoje em dia parecem menos atraentes aos leitores do que o catálogo de posições.
Há mais de mil anos, o livro também oferece desde conselhos sobre como ser mais atraente com uma vida saudável até remédios práticos para tingir os cabelos brancos, junto com advertências sobre os riscos do adultério ou sobre como abordar a prostituição.
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