Grafiteiros criam mural em Miami em homenagem às vítimas da boate de Orlando
Emilio J. López.
Miami, 12 jul (EFE).- No grande muro de um edifício do bairro de Wynwood, três artistas urbanos de Miami quiseram homenagear, com nomes e sobrenomes, as 49 pessoas que tiveram suas vidas ceifadas na boate Pulse, em Orlando.
Um trecho de grama seca, queimada e cortada leva até o paredão (8 metros de altura por 20 de comprimento) que fica atrás do prédio do "O Cinema Wynwood", no coração do bairro. Um espaço grande para um grafite, mas pequeno para mostrar o horror do dia 12 de junho na ação ocorrida na boate gay Pulse.
"Quando me deram todos os nomes e sobrenomes das pessoas assassinadas, fiquei muito emocionado e disse: 'Não, isto é muito maior que pintar uma parede", disse à Agência Efe o grafiteiro Pedro Amos, criador do mural e que contou com a ajuda de outros dois artistas urbanos amigos, Luis Valle e Jona Cerwinske.
Foram quatro dias de um trabalho intenso, quase sem descanso, para passar ao muro, no alto de três andaimes mecânicos com aerossóis coloridos, a urgência de uma dor.
"Queria dar individualidade a cada nome, uma cor e uma escrita diferentes. Queria que a memória dessas pessoas e esse horror não ficassem esquecidos", afirmou Pedro, visivelmente emocionado, antes de completar, em voz baixa: "foi forte, muito forte".
E houve tardes durante a realização da obra em que cerca de cem pessoas, de forma espontânea, se reuniam em frente ao muro, em um profundo silêncio de tristeza.
"Deixei de pintar por um momento, olhei para trás e vi toda aquela gente lá olhando. E sim, me emocionei", contou.
Tendo cada vez mais consciência da dor, Pedro, filho de pais cubanos e nascido em Miami, decidiu manter no memorial os nomes compostos e os dois sobrenomes completos de cada vítima, em cores diferentes, quase como que brotando do imenso coração de várias camadas que ocupam uma boa parte do mural.
No início, a proposta era pintar o arco-íris, símbolo do coletivo de lésbicas, gays, transexuais e bissexuais (LGBT), mas isso deu lugar a uma obra que toca não só esse público, mas toda a humanidade.
"No princípio, íamos trabalhar com a bandeira LGBT, mas depois me dei conta de que esse era um problema que afetava toda a humanidade, não só os gays", explicou o artista, que admite ter especial satisfação quando vê pessoas se aproximando do muro e que gosta de observar suas reações.
Pedro conta que muita gente entra no espaço para contemplar o grafite e fotografar a pintura sem ter ideia, em um primeiro momento, de seu significado.
"Elas chegam atraídas pelo painel colorido, mas quando se dão conta do que representa, mudam, começam a ler os nomes e a observar de outra maneira", disse.
Pedro concilia seu trabalho de grafiteiro com o comando da Miami's Best Graffiti Guide, uma empresa de sucesso que organiza passeios aos principais pontos de arte urbana de Wynwood.
"Aqui tem muita arte de alta qualidade, com artistas de todo o mundo, mas pouca gente conhece", lamentou.
Miami, 12 jul (EFE).- No grande muro de um edifício do bairro de Wynwood, três artistas urbanos de Miami quiseram homenagear, com nomes e sobrenomes, as 49 pessoas que tiveram suas vidas ceifadas na boate Pulse, em Orlando.
Um trecho de grama seca, queimada e cortada leva até o paredão (8 metros de altura por 20 de comprimento) que fica atrás do prédio do "O Cinema Wynwood", no coração do bairro. Um espaço grande para um grafite, mas pequeno para mostrar o horror do dia 12 de junho na ação ocorrida na boate gay Pulse.
"Quando me deram todos os nomes e sobrenomes das pessoas assassinadas, fiquei muito emocionado e disse: 'Não, isto é muito maior que pintar uma parede", disse à Agência Efe o grafiteiro Pedro Amos, criador do mural e que contou com a ajuda de outros dois artistas urbanos amigos, Luis Valle e Jona Cerwinske.
Foram quatro dias de um trabalho intenso, quase sem descanso, para passar ao muro, no alto de três andaimes mecânicos com aerossóis coloridos, a urgência de uma dor.
"Queria dar individualidade a cada nome, uma cor e uma escrita diferentes. Queria que a memória dessas pessoas e esse horror não ficassem esquecidos", afirmou Pedro, visivelmente emocionado, antes de completar, em voz baixa: "foi forte, muito forte".
E houve tardes durante a realização da obra em que cerca de cem pessoas, de forma espontânea, se reuniam em frente ao muro, em um profundo silêncio de tristeza.
"Deixei de pintar por um momento, olhei para trás e vi toda aquela gente lá olhando. E sim, me emocionei", contou.
Tendo cada vez mais consciência da dor, Pedro, filho de pais cubanos e nascido em Miami, decidiu manter no memorial os nomes compostos e os dois sobrenomes completos de cada vítima, em cores diferentes, quase como que brotando do imenso coração de várias camadas que ocupam uma boa parte do mural.
No início, a proposta era pintar o arco-íris, símbolo do coletivo de lésbicas, gays, transexuais e bissexuais (LGBT), mas isso deu lugar a uma obra que toca não só esse público, mas toda a humanidade.
"No princípio, íamos trabalhar com a bandeira LGBT, mas depois me dei conta de que esse era um problema que afetava toda a humanidade, não só os gays", explicou o artista, que admite ter especial satisfação quando vê pessoas se aproximando do muro e que gosta de observar suas reações.
Pedro conta que muita gente entra no espaço para contemplar o grafite e fotografar a pintura sem ter ideia, em um primeiro momento, de seu significado.
"Elas chegam atraídas pelo painel colorido, mas quando se dão conta do que representa, mudam, começam a ler os nomes e a observar de outra maneira", disse.
Pedro concilia seu trabalho de grafiteiro com o comando da Miami's Best Graffiti Guide, uma empresa de sucesso que organiza passeios aos principais pontos de arte urbana de Wynwood.
"Aqui tem muita arte de alta qualidade, com artistas de todo o mundo, mas pouca gente conhece", lamentou.
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