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Procuradoria boliviana acusa 3 mineradores pelo assassinato de vice-ministro

27/08/2016 18h39

La Paz, 27 ago (EFE).- A procuradoria de La Paz apresentou formalmente neste sábado perante um juiz uma acusação contra três mineradores, entre eles o líder das cooperativas, Carlos Mamani, pelo assassinato do vice-ministro boliviano Rodolfo Illanes.

O procurador departamental de La Paz, Edwin Blanco, disse que um grupo de promotores indiciou Mamani, Carlos Castro e Julián Pinto, "que foram plenamente identificados como autores materiais e intelectuais do assassinato do vice-ministro de Regime Interior".

Mamani, que é o presidente da Federação Nacional de Cooperativas Mineradoras (Fencomin), foi acusado "em grau de autoria" por assassinato, roubo agravado, organização criminosa, atentados contra membros de organismos de segurança do Estado e por ter explosivos, segundo um comunicado divulgado hoje.

O assassinato é punido na Bolívia com uma pena de 30 anos.

Por sua vez, Castro e Pinto estão acusados dos mesmos crimes, mas em grau de cumplicidade, no marco do Código de Procedimento Penal.

A acusação afirma que Illanes foi assassinado na quinta-feira após ter sido sequestrado por mineradores quando se dirigiu ao bloqueio de estradas na cidade de Panduro, a 180 quilômetros de La Paz, junto a seu segurança e um motorista, com o propósito de mediar o conflito.

Segundo a procuradoria, os três acusados, em companhia de uma centena de mineradores, "sequestraram o vice-ministro para levá-lo à comunidade de Belém no monte Pucara, onde com aleivosia, sanha e premeditação lhe tiraram a vida com pancadas".

A autópsia praticada em Illanes revelou lesões nos centros nervosos superiores, uma lesão vascular e nervosa, hemorragia subdural, edema cerebral, traumatismo crânio encefálico e politraumatismo facial, torácico, genital e de extremidades.

Illanes foi torturado durante seis ou sete horas antes de morrer, segundo os exames realizados em seu corpo.

Além disso, o conflito causou a morte de três mineradores, Severino Ichota, Fermín Mamani e Rubén Aparaya Pillco, em decorrência de disparos durante os enfrentamentos dos manifestantes com a polícia nos bloqueios realizados em Cochabamba (centro) e no Altiplano (oeste).

O ministro de Governo, Carlos Romero, disse hoje que "obviamente também é necessário esclarecer estas mortes".

As autoridades reforçaram nos últimos dias que os agentes não tinham ordens para portar armas letais em suas intervenções nos bloqueios.

Com seus protestos, os mineradores da Fencomin exigiam a anulação de uma lei que permite a formação de sindicatos nas cooperativas, o que consideram prejudicial para essas entidades.

Por sua vez, o presidente Evo Morales disse hoje estar convencido que voltou a derrotar "um golpe de Estado", desta vez supostamente planejado pelos mineradores que protagonizaram o conflito.