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ONU afirma que 139 pessoas morreram em série de ataques realizada em Aleppo

25/09/2016 13h36

Nações Unidas, 25 set (EFE).- A ONU afirmou neste domingo que pelo menos 139 pessoas morreram nos últimos dias devido aos ataques na zona leste de Aleppo, no norte da Síria, que vive a "pior semana" nos seis anos do conflito armado que abala o país.

"São dias apavorantes. Não há nada que justifique o que está ocorrendo diante de nossos olhos", afirmou o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, em discurso realizado durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.

De Mistura disse que, além das 139 pessoas que morreram nos ataques registrados durante esta semana no leste de Aleppo, a área mais atingida, outras 74 pessoas morreram na zona rural próxima dessa cidade, o que eleva o total para 213 mortos.

O enviado especial da ONU para a Síria apresentou um panorama desolador quanto à situação na zona leste de Aleppo, onde cerca de 275 mil pessoas estão sitiadas, sem alimentos nem água potável.

As equipes de emergência "estão sobrecarregadas e não podem responder devido a estes ataques", acrescentou o diplomata.

Organizações humanitárias indicaram que as forças aéreas de Síria e Rússia são os principais responsáveis pelos ataques no leste de Aleppo desde que o cessar-fogo negociado em Genebra entre Estados Unidos e Rússia deixou de vigorar na última segunda-feira.

As tentativas para estender o cessar-fogo, que continuaram nos últimos dias em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU, fracassaram, e não há esperanças de que as negociações para uma nova trégua possam ser retomadas no curto prazo.

Este fato, segundo De Mistura, provocou "uma violência sem precedentes que também afeta os civis". "Os centros médicos são vistos como alvos", denunciou o diplomata.

O representante da ONU disse que foi impossível verificar quantos ataques aéreos ocorreram nos últimos dias, entre outras razões porque muitos deles são feitos durante a noite.

Entre os armamentos utilizados há bombas incendiárias e outros artefatos de grande impacto, desenvolvidos especialmente para causar danos em bunkers, acrescentou o representante da ONU.

De Mistura afirmou que se forem confirmados os ataques contra a infraestrutura civil em Aleppo, isso "poderia equivaler a crimes de guerra".

O representante da ONU teme que esta ofensiva aérea possa levar a uma "longa luta, rua por rua, que levará meses, se não anos".

De Mistura pediu ao Conselho de Segurança três medidas de urgência: o fim da violência contra civis e a infraestrutura, a aprovação de uma trégua de 48 horas para que os comboios de ajuda humanitária possam chegar ao leste de Aleppo, e que se permita uma evacuação médica dos casos mais graves.

O diplomata encerrou seu pronunciamento assinalando que não tem a intenção de deixar seu cargo, apesar de alguns setores terem pedido sua renúncia.

"Se eu renunciasse, isto seria um sinal de que a comunidade internacional está abandonando os sírios. Não precisamos dar este tipo de sinal", concluiu De Mistura.