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Mianmar é acusada de realizar "limpeza étnica" contra os rohingyas

25/11/2016 09h29

Bangcoc, 25 nov (EFE).- Ativistas denunciaram nesta sexta-feira uma campanha de "limpeza étnica" contra a minoria muçulmana rohingya em Mianmar (antiga Birmânia) durante um protesto em Bangcoc, coordenado com outras manifestações similares em Kuala Lumpur e Jacarta.

"É uma limpeza étnica", afirmou à Agência Efe Woriskham Thai-anant, porta-voz do Conselho para o Escritório da Rede Humanitária do Islã Sheikhul, uma organização muçulmana tailandesa.

John McKissick, chefe a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) na fronteira de Bangladesh com Mianmar, também se referiu ontem a uma "limpeza étnica" contra este coletivo muçulmano em uma entrevista à emissora britânica "BBC".

"Parem com a opressão contra os rohingya" é o lema eleito pelos organizadores das manifestações na Tailândia, Malásia e Indonésia, coordenada por diferentes organizações muçulmanas e de defesa dos direitos humanos.

Pelo menos 86 pessoas morreram e mais de 30 mil foram deslocadas desde que o Exército birmanês iniciou uma ofensiva em Maungdaw, um distrito de maioria rohingya no estado Rakhine (oeste), em 9 de outubro, quando três postos fronteiriços foram atacados por supostos insurgentes.

Cerca de 100 pessoas, segundo a polícia, ou 300 pessoas, de acordo com os organizadores, se concentraram na delegação birmanesa em Bangcoc, onde leram um comunicado para pedir o fim da violência e a entrada de ajuda humanitária em Maungdaw.

As autoridades birmanesas mantêm fechado o acesso à ajuda humanitária e imprensa independente em Maungdaw, onde ativistas locais acusam o exército de cometer execuções, violações e torturas.

Segundo as Forças Armadas, 69 insurgentes e 17 militares e policiais morreram nas operações, enquanto outras fontes, como a Organização para a Cooperação Islâmica, falam de mais de 400 mortos.

A ONG Human Rights Watch identificou mais de 1.200 casas em aldeias desta perseguida minoria, segundo imagens de satélite, desde 9 de outubro.

Milhares de rohingyas cruzaram a fronteira com Bangladesh na busca de alimentos, água e remédios, mas muitos estão sendo repatriados necessariamente, segundo Anistia Internacional.

Suu Kyi se limitou a dizer que o Exército está atuando com respeito à lei, enquanto os militares acusaram os rohingyas de queimar suas próprias casas.

Rakhine acolhe mais de um milhão de rohingyas, aos quais muitos birmaneses chamam respectivamente de "imigrantes bengalis", apesar de as autoridades de Bangladesh também não os reconhecerem como cidadãos.