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Nobel Alternativo defende humanismo, feminismo e liberdade de expressão

25/11/2016 19h45

Copenhague, 25 nov (EFE).- Os agraciados com o denominado Nobel Alternativo fizeram nesta sexta-feira uma defesa do humanismo, do feminismo e da liberdade de expressão, durante a cerimônia de entrega do prêmio em Estocolmo, na Suécia.

O ato esteve marcado pelas ausências da egípcia Mozn Hassan, da organização feminista Nazra, que foi proibida de viajar pelas autoridades de seu país, e de Orhan Erinç, presidente da Fundação Cumhuriyet, que é proprietária do jornal de mesmo nome na Turquia e que foi advertido pelo governo em Ancara da conveniência de não ir para Estocolmo.

Em seu lugar, o prêmio foi recebido Zeynep Oral, colunista do jornal e presidente da seção turca do Pen Clube, que transferiu a gratidão de Erinç e da fundação que este preside pelo prêmio e pelo "respaldo incalculável" recebido pela organização.

Oral pediu a libertação de dez jornalistas detidos há um mês por "apoio" ao terrorismo e denunciou que a democracia, a justiça, a separação de poderes e as liberdades de expressão e de imprensa são "quase inexistentes" na Turquia.

"As forças governamentais estão tentando silenciar o 'Cumhuriyet', o único jornal influente na Turquia que defende a democracia, os direitos, a liberdade e o laicismo", afirmou Oral.

Mozn Hassan, por sua vez, ressaltou em mensagem de vídeo que o movimento de protesto surgido em 2011 no Egito gerou processos de mudança que trouxeram atenção sobre os direitos humanos das mulheres.

"Sabemos que coisas conquistadas nos últimos anos não podem ser desfeitas e não são reversíveis. A sociedade civil independente tem grandes obstáculos no Egito, mas seguiremos trabalhando enquanto pudermos pela continuidade de um movimento feminista", assegurou a ativista.

O diretor da Defesa Civil Síria, Raed Saleh, disse que o grupo nascido em Aleppo em 2013 para ajudar em trabalhos de resgate e preparado pela ONG internacional Mayday Rescue, que foi criada por um ex-militar britânico, se transformou em uma organização com 3 mil voluntários que salvou 73 mil vidas.

Os chamados "capacetes brancos" são "neutros, imparciais e humanitários", defendeu Saleh, cujo grupo, no entanto, opera somente em áreas controladas pela oposição e recebe financiamento dos governos americano e britânico, entre outros.

Saleh opinou que a tarefa dos "capacetes brancos" permitirá que eles desempenhem um papel "essencial" na reconstrução e reconciliação da Síria, cujo maior desafio será recuperar a confiança. Além disso, o diretor da Defesa Civil Síria acusou o governo de seu país de não proteger seus cidadãos e a comunidade internacional de não ter desejo e habilidade suficiente para agir.

A russa Svetlana Gannushkina, diretora do Comitê de Assistência Cívica de ajuda a refugiados e deslocados, por sua vez ressaltou que o planeta vive na atualidade "a maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial" e criticou as autoridades de seu país, porque lá o direito de asilo "não funciona na prática".

Gannushkina revisou os principais conflitos bélicos e afirmou que os países europeus, a Rússia e os Estados Unidos "não enviam precisamente ajuda humanitária" a essas zonas, mas forças aéreas, e também alertou sobre o crescimento da extrema-direita no mundo.

Esta foi a primeira cerimônia em 30 anos que foi realizada no museu Vasa, e não nas dependências do parlamento sueco, depois que seu atual presidente decidiu romper a tradição, recorrendo à falta de espaço e que a premiação é um evento externo à instituição.

"Este prêmio salvou vidas, abriu as portas de prisões (...) Seguiremos apoiando os ganhadores e confiamos em que, com o seu respaldo, voltemos em breve ao parlamento", disse em seu discurso o fundador dos prêmios, o escritor e ex-integrante do Parlamento Europeu, o sueco-alemão Jakob von Uexküll.

Os quatro laureados dividirão o prêmio de 3 milhões de coroas suecas (320 mil euros) com que está dotado o Right Livelihood Award, nome oficial do prêmio que reconhece os trabalhos realizados na área social desde 1980.