Papa Francisco rejeita "extremismo" em missa com minoria católica egípcia
O papa Francisco disse neste sábado (29) em um estádio no Cairo, a capital do Egito, diante de milhares de pessoas, a maioria fiéis da comunidade católica egípcia, que Deus rejeita o extremismo e apenas o da "caridade" é permitido.
O pontífice, em seu segundo e último dia de visita ao Egito, celebrou a missa organizada no estádio 30 de Junho da Força Aérea Egípcia, sob forte esquema de segurança para tentar evitar ataques de radicais islâmicos.
Em 2015, o entorno do estádio onde foi celebrada a missa foi palco da morte de cerca de 20 torcedores que assistiam a um jogo de futebol e que acabaram pisoteados devido à aglomeração de pessoas, mas várias ONG disseram que a polícia contribuiu para o desastre ao tentar dispersar os torcedores com bombas de gás lacrimogêneo.
"Só agrada a Deus a fé professada com a vida, porque o único extremismo que Ele permite aos crentes é o da caridade", disse o papa durante a homilia.
"Qualquer outro extremismo não vem de Deus e não lhe agrada", advertiu Francisco a uma plateia de milhares de pessoas, e pediu que elas não tivessem "medo de amar a todos, amigos e inimigos, porque o amor é a força e o tesouro do crente".
As palavras do papa foram pronunciadas justamente quando completam 20 dias dos ataques terroristas contra igrejas coptas no norte do Egito, que causaram a morte de 46 pessoas, e um dia depois de o pontífice pedir às lideranças religiosas, em sua maioria muçulmanos, que expressassem um "forte e claro não" à violência.
Antes do início da missa, o pontífice cumprimentou os presentes de dentro de um carro de golfe no qual deu a volta no estádio, ao qual compareceram, segundo a agência oficial egípcia "Mena", cerca de 25 mil pessoas.
O Vaticano, por sua vez, informou que 15 mil fiéis assistiram à missa.
No veículo, Francisco estava acompanhado do Patriarca Católico Copta, Ibrahim Isaac Sedrak.
"A verdadeira fé é a que nos torna mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos. É a que anima os corações que nos levam a amar a todos gratuitamente, sem distinção e sem preferências", afirmou Francisco.
Além disso, o papa insistiu em sua mensagem de paz entre os diferentes: "a fé", segundo Francisco, "nos faz ver o outro não como um inimigo a ser derrotado, mas como um irmão para amar, servir e ajudar".
Em sua homilia, o papa disse que de nada serve a religiosidade se ela não estiver "movida igualmente por fé e caridade" e advertiu para as tentativas de guardar as aparências, porque Deus "detesta a hipocrisia".
"Para Deus, é melhor não acreditar do que ser um falso crente, um hipócrita", exclamou o papa.
A missa é o ato principal do pontífice para o dia de hoje, dedicado especialmente à comunidade católica no Egito, um grupo religioso de apenas 200 mil pessoas em um país onde a maioria de seus quase 90 milhões de habitantes é de muçulmanos.
O primeiro dia da visita do papa ao Egito esteve fundamentalmente dedicado a manter encontros com líderes religiosos muçulmanos e da comunidade copta ortodoxa - a majoritária entre os cristãos egípcios - e Francisco também participou de uma conferência internacional de paz.
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