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Promotores pedem que Cristina Kirchner e filhos deponham em investigação

30/05/2017 13h23

Buenos Aires, 30 mai (EFE).- Os promotores Geraldo Pollicita e Ignacio Mahiques pediram que a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner e seus filhos, Máximo e Florença, sejam convocados a depor como investigados pelos crimes de associação ilícita e lavagem de dinheiro, informaram nesta terça-feira fontes da Justiça.

O pedido é uma nova etapa de um dos vários casos que investigam a ex-presidente por corrupção. Os promotores apuram se os Kirchner recebeu dinheiro de empresários com contratos de obras públicas através da construção de infraestruturas no hotel Hotesur, de propriedade da família de Cristina.

Segundo as fontes, o pedido dos promotores foi feito ao juiz Julián Ercolini e tem como alvo outros 20 acusados. Entre eles está o empresário Lázaro Báez, preso desde abril de 2016 devido a outro caso de lavagem de dinheiro. Pollicita e Mahiques também solicitaram à Justiça que os bens de Báez sejam bloqueados pela Justiça.

No pedido, os promotores explicam que a investigação busca determinar a existência de uma associação ilícita envolvendo as mais altas autoridades do Executivo. O esquema teria funcionado desde o mandato do ex-presidente Néstor Kirchner, entre 2003 e 2007, e depois no de Cristina, até 2005.

Segundo os promotores, Néstor e Cristina, acompanhados de funcionários de diferentes órgãos do governo e um "reduzido" número de "empresários amigos", teriam se dedicado a fazer, de maneira sistemática e constante, negócios espúrios com o objetivo de desviar recursos públicos.

O Ministério Público detectou irregularidades no controle e no pagamento de várias obras viárias na província de Santa Cruz, governada por Néstor entre 1991 e 2003, além de benefícios como aditivos contratuais indevidos.

"Se montou uma estrutura funcional orientada à subtração de fundos públicos por meio da alocação discricionária de praticamente 80% das obras viárias licitadas na província de Santa Cruz, o que representou a contratação das empresas de Baéz por mais de 46 bilhões de pesos (US$ 2,86 bilhões)", afirma o texto.

Houve ainda uma segunda etapa do esquema, segundo os promotores. Os ex-presidentes teriam elaborado junto com os empresários um sistema para que parte dos lucros ilícitos obtidos pelas construtoras fosse repassado à família Kirchner.

"Isso era feito através de empréstimos, compra de imóveis, aluguel dos diferentes complexos hoteleiros de sua propriedade, construção de melhorias em tais estabelecimentos, como já é investigado em outro caso paralelo", explicam os promotores.

A ex-presidente Cristina Kirchner se diz vítima de uma perseguição política, midiática e judicial. Desde que deixou o poder, ela foi formalmente acusada três vezes. Um dos casos investiga operações do Banco Central realizadas durante seu governo. Os outros dois apuram se ela cometeu associação ilícita em licitações de obras públicas.