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Camaroneses são repatriados após suposto leilão de escravos na Líbia

22/11/2017 15h36

Yaoundé, 22 nov (EFE).- Um grupo com aproximadamente 250 emigrantes de Camarões foi repatriado nesta quarta-feira da Líbia depois que a União Africana (UA) pediu as países-membros do bloco que acolhessem de volta os seus cidadãos que estão neste país do norte do continente, onde os emigrantes de origem subsaariana estariam sendo leiloados como escravos, um fato que está sendo investigado.

O grupo, formado em sua maioria por jovens, tem nove mulheres grávidas e chegou ao longo da noite no aeroporto internacional de Yaoundé, a capital de Camarões.

Um deles, Frank, declarou à imprensa: "os líbios não têm nenhuma consideração pelos negros. Eles nos tratam como animais. Estupravam as mulheres, quase não nos davam o que comer, e praticamente não havia água nos armazéns onde eles nos amontoavam".

A polêmica veio à tona há poucos dias, depois que a emissora americana "CNN" exibiu um vídeo que mostrava um suposto leilão de emigrantes da África Subsaariana que seriam escravizados em território líbio, o que provocou protestos de vários países africanos e a intervenção da UA.

Um porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Charles Evina, lamentou que ainda existem ao menos 1.700 camaroneses "em perigo" na Líbia.

Os emigrantes que retornarem ao Camarões terão assistência de um programa de reintegração, e cada um receberá 65 mil francos camaroneses (US$ 117) em sua chegada, confirmou Evina.

Enquanto isso, o governo camaronês mantém silêncio a respeito do assunto, mas a sociedade civil do país se posicionou nesta segunda-feira, com mais de 100 manifestantes que protestaram diante da embaixada da Líbia em Yaoundé.

Com uma taxa de desemprego oficial superior a 13%, muitos jovens camaroneses deixam o país em busca de uma vida melhor na Europa.

A UA reivindicou na terça-feira que os governos dos países com cidadãos que supostamente estão sendo leiloados como escravos na Líbia se comprometessem a apoiar a repatriação de seus nacionais. A organização também enviou um emissário ao país norte-africano para colaborar com o governo local na identificação dos imigrantes.

Tanto a UA como a Líbia abriram investigações para identificar e levar à Justiça os responsáveis pela venda de escravos.