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Kuczynski pede que Congresso "salve democracia" e nega ter ajudado Odebrecht

21/12/2017 16h44

Lima, 21 dez (EFE).- O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pediu ao Congresso de seu país - que poderá tirá-lo do poder nesta quinta-feira - para que "salve a democracia" rejeitando o pedido de cassação apresentado pela oposição, após negar ter favorecido a Odebrecht em contratos públicos ou mentido na relação com a construtora brasileira.

Kuczynski discursou no plenário do Parlamento para se defender da chamada "moção de vacância por incapacidade moral permanente", solicitada devido ao serviço de assessoria financeira que a empresa do presidente, Westfield Capital, prestou à Odebrecht entre 2004 e 2007 por um projeto de irrigação.

"Peço profundas desculpas e espero que o Parlamento entenda a magnitude do erro que pode cometer (...) O dano não será causado a mim, mas ao país", declarou.

"Não se trata de PPK (como o governante é conhecido no Peru, em referência às iniciais de seu nome completo), mas do futuro do nosso país, da República que queremos que nossos filhos herdem", enfatizou.

Kuczynski também pediu desculpas porque, segundo alegou, deveria ter sido "o primeiro a alertar sobre as dificuldades para sanar as feridas" após a eleição presidencial de 2016, nas quais venceu por pequena margem a atual líder opositora Keiko Fujimori.

O pedido de destituição do governante é apoiado pelos partidos Frente Ampla, esquerdista, e Força Popular, fujimorista, que somam 79 votos de um total de 87 necessários para que o afastamento seja oficializado.

"Não está em jogo a minha permanência no cargo, está em jogo a estabilidade democrática. Não apoiem uma vacância sem sustentação, porque o povo não esquece, nem perdoa", afirmou o presidente.

"Não sou corrupto, não menti, jamais favoreci nenhuma empresa ou pessoa durante a minha gestão como ministro de Minas e Energia, de Economia ou como primeiro-ministro. Também não o fiz desde que sou presidente", acrescentou.

Kuczynski reiterou que é proprietário da Westfield Capital desde 1992, e que quando foi ministro do governo de Alejandro Toledo (2001-2006) essa companhia era administrada por seu ex-sócio Gerardo Sepúlveda.

Ele destacou que "a lei proíbe que (um funcionário público) administre interesses próprios ou de terceiros (em companhias privadas), mas os dividendos que um empresário recebe por parte de uma empresa são pela propriedade da mesma, não pela sua gestão".

"Sou um homem honesto, jamais recebi uma propina, um suborno, que tenha destorcido a minha vontade. Nem minha empresa, nem eu fomos contratados pelo governo, jamais incorri em conflito de interesses", frisou.

Kuczynski também insistiu que jamais ocultou seus investimentos, pelos quais pagou impostos, e que são acessíveis às comissões de investigação do Parlamento e do Ministério Público.

O advogado de Kuczynski, Alberto Borea, declarou durante a defesa do governante que "a única prova que poderia ser apresentada para afastar o presidente é que ele tivesse gerenciado ou tramitado algo a favor de alguém", mas alegou que "tudo diz o contrário".

Antes de comparecer ao Congresso, Kuczynski declarou a uma emissora de televisão colombiana que tem confiança de que o Parlamento não o destituirá, porque considera que seus opositores não têm votos suficientes.

Caso o Congresso aprove a destituição, a ordem de sucessão corresponde ao primeiro vice-presidente, Martín Vizcarra, e depois à segunda vice-presidente, Mercedes Aráoz.

Ontem, Kuczynski afirmou na quarta-feira que Vizcarra e Aráoz recusarão ser parte de um governo que segundo ele seria "antidemocrático". Desta forma, o presidente do Parlamento, o fujimorista Luis Galarreta, teria que assumir a presidência de maneira transitória e convocar eleições que teriam que acontecer no prazo máximo de um ano.