Bangladesh e Mianmar se culpam por atraso em repatriação de rohingyas
Daca/Bangcoc, 23 jan (EFE).- Os governos de Daca e Naypyidaw se culparam mutuamente de descumprir os prazos da repatriação a Mianmar de mais de 688 mil rohingyas refugiados no leste de Bangladesh, cujo início estava previsto para esta terça-feira.
Nenhum dos dois países reconhece o direito à cidadania dessa comunidade, que compartilha a etnia bengali e o credo islâmico com a população de Bangladesh, mas que está assentada há séculos em Mianmar, onde sempre foi perseguida.
Enquanto o governo de Mianmar afirma estar "preparado", as autoridades de Bangladesh divergem e apontam que ainda há trabalho a fazer antes de começar o processo de repatriação, que também é rejeitado pelos líderes dos campos de deslocados.
"Não sabemos se tínhamos que ir hoje, ninguém nos disse, mas se formos a Mianmar seremos torturados de novo", disse à Agência Efe Mohammad Ayub, de 40 anos e um dos líderes no campo de refugiados de Balukhali, ao qual "ainda está chegando mais gente".
A maioria dos refugiados fugiu do norte de Rakain, no oeste de Mianmar, por causa da operação militar que o exército do país lançou no final de agosto do ano passado em resposta a um ataque de insurgentes rohingyas, cuja comunidade é minoritária frente à maioria budista desse estado.
Win Myat Aye, ministro de Conforto Social, Ajuda e Reassentamento de Mianmar, afirmou na segunda-feira no Parlamento que há provisões de comida e água, transporte e refúgio em pelo menos dois acampamentos situados no distrito de Maungdaw.
No entanto, o comissário para a Ajuda e Repatriação de Refugiados de Bangladesh, Abul Kalam, indicou à Efe que ainda há coisas a fazer antes de começar o processo, entre elas construir infraestruturas, como um campo de passagem.
Falta também elaborar uma lista das pessoas que seriam objeto da repatriação, baseada em laços familiares e sua localidade origem, que deve ser verificada por Mianmar.
"Se tivéssemos a lista, poderíamos começar amanhã, mas ainda não a recebemos", se esquivou Aye, que tinha anunciado previamente o retorno de 50 indianos e 700 muçulmanos.
O processo de repatriação, cuja data de início foi estipulada pelos países no último dia 23 de novembro, estabelece um prazo de dois anos para completar a tarefa, contra o qual organismos de direitos humanos e agências da ONU têm se manifestado.
"Os refugiados rohingyas não deveriam ser devolvidos a campos vigiados pelas mesmas forças que os obrigou a fugir de massacres, violações em massa e da queima das suas aldeias", denunciou em um comunicado o diretor para a Ásia da Human Rights Watch (HRW), Brad Adams.
O exército de Mianmar nega ter cometido abusos durante as operações qualificadas de segurança e a ONG Médicos Sem Fronteiras afirma que causou a morte de pelo menos 6.700 rohingyas.
Mianmar não reconhece a cidadania dos rohingyas e os considera imigrantes bengalis, submetendo-os a uma discriminação crescente, com restrições à liberdade de movimentos.
Por vez, Bangladesh, onde antes da crise já viviam cerca 300 mil membros desta minoria, sempre os tratou como estrangeiros, por isso a maioria de membros da comunidade é apátrida.
Nenhum dos dois países reconhece o direito à cidadania dessa comunidade, que compartilha a etnia bengali e o credo islâmico com a população de Bangladesh, mas que está assentada há séculos em Mianmar, onde sempre foi perseguida.
Enquanto o governo de Mianmar afirma estar "preparado", as autoridades de Bangladesh divergem e apontam que ainda há trabalho a fazer antes de começar o processo de repatriação, que também é rejeitado pelos líderes dos campos de deslocados.
"Não sabemos se tínhamos que ir hoje, ninguém nos disse, mas se formos a Mianmar seremos torturados de novo", disse à Agência Efe Mohammad Ayub, de 40 anos e um dos líderes no campo de refugiados de Balukhali, ao qual "ainda está chegando mais gente".
A maioria dos refugiados fugiu do norte de Rakain, no oeste de Mianmar, por causa da operação militar que o exército do país lançou no final de agosto do ano passado em resposta a um ataque de insurgentes rohingyas, cuja comunidade é minoritária frente à maioria budista desse estado.
Win Myat Aye, ministro de Conforto Social, Ajuda e Reassentamento de Mianmar, afirmou na segunda-feira no Parlamento que há provisões de comida e água, transporte e refúgio em pelo menos dois acampamentos situados no distrito de Maungdaw.
No entanto, o comissário para a Ajuda e Repatriação de Refugiados de Bangladesh, Abul Kalam, indicou à Efe que ainda há coisas a fazer antes de começar o processo, entre elas construir infraestruturas, como um campo de passagem.
Falta também elaborar uma lista das pessoas que seriam objeto da repatriação, baseada em laços familiares e sua localidade origem, que deve ser verificada por Mianmar.
"Se tivéssemos a lista, poderíamos começar amanhã, mas ainda não a recebemos", se esquivou Aye, que tinha anunciado previamente o retorno de 50 indianos e 700 muçulmanos.
O processo de repatriação, cuja data de início foi estipulada pelos países no último dia 23 de novembro, estabelece um prazo de dois anos para completar a tarefa, contra o qual organismos de direitos humanos e agências da ONU têm se manifestado.
"Os refugiados rohingyas não deveriam ser devolvidos a campos vigiados pelas mesmas forças que os obrigou a fugir de massacres, violações em massa e da queima das suas aldeias", denunciou em um comunicado o diretor para a Ásia da Human Rights Watch (HRW), Brad Adams.
O exército de Mianmar nega ter cometido abusos durante as operações qualificadas de segurança e a ONG Médicos Sem Fronteiras afirma que causou a morte de pelo menos 6.700 rohingyas.
Mianmar não reconhece a cidadania dos rohingyas e os considera imigrantes bengalis, submetendo-os a uma discriminação crescente, com restrições à liberdade de movimentos.
Por vez, Bangladesh, onde antes da crise já viviam cerca 300 mil membros desta minoria, sempre os tratou como estrangeiros, por isso a maioria de membros da comunidade é apátrida.
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