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Juiz impede que ex-ministros investigados no caso Odebrecht saiam do Peru

18/03/2018 13h40

Lima, 18 mar (EFE).- Os ex-ministros fujimoristas Jaime Yoshiyama e Augusto Bedoya e o ex-presidente da patronal peruana Ricardo Briceño não poderão sair do Peru por seis meses, enquanto são investigados por supostamente receber dinheiro da Odebrecht para financiar a campanha à presidência de Keiko Fujimori.

O juiz Richard Concepción, titular do Primeiro Juizado de Investigação Preparatória Nacional, aprovou na madrugada deste domingo a proibição de saída do país solicitada pelo promotor José Domingo Pérez, em uma audiência que se prolongou por cerca de seis horas.

Os dois ex-ministros e o empresário são acusados do crime de lavagem de dinheiro pelo qual averiguam o partido fujimorista Força Popular, por supostamente receber US$ 1,2 milhão para financiar de maneira irregular a candidatura à presidência de Keiko Fujimori em 2011.

Segundo o testemunho do ex-diretor da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, Yoshiyama e Bedoya receberam US$ 500.000 cada um, enquanto Briceño embolsou US$ 200.000 da construtora brasileira quando era presidente da Confederação Nacional de Instituições Empresariais Privadas (Confiep).

O magistrado Concepción baseou sua decisão no risco de fuga que existe para os três investigados.

Yoshiyama negou ter cometido qualquer crime e disse que não recebeu dinheiro de Barata. "Eu não vou fugir", garantiu, após indicar que estava no juizado era para defender sua honra.

Por sua vez, Bedoya rejeitou que tenha tentado escapar do país em fevereiro deste ano quando viajou para os Estados Unidos, dois dias antes do depoimento de Barata, e argumentou que se tratava de um passeio familiar preparado com antecedência.

Já o advogado de Briceño descartou vínculos do seu cliente com o fujimorismo e afirmou que ele colaborou com contribuições ao Partido Peruanos pelo Kambio (PPK), do atual presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski.

O empresário antecipou que a Confiep entregará às autoridades toda a documentação dos US$ 200.000 recebidos da Odebrecht, que, segundo a patronal, eram para uma campanha a favor do investimento privado que consideravam ameaçada pelo programa político do então candidato presidencial Ollanta Humala, rival de Keiko Fujimori nas eleições de 2011.

Os advogados dos três investigados também adiantaram que apelarão contra a medida ditada pelo juiz Concepción.

O caso Odebrecht envolve no Peru a primeira linha política do país pelos subornos pagos entre 2005 e 2014 e pelas doações irregulares com as quais supostamente financiaram campanhas dos principais líderes políticos e candidatos à presidência.