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Congresso peruano processará Kenji Fujimori e mais 4 legisladores

21/03/2018 15h42

Lima, 21 mar (EFE).- O Congresso do Peru anunciou nesta quarta-feira um processo de acusação constitucional para suprimir o foro privilegiado de cinco congressistas, entre eles a atual primeira-ministra, Mercedes Aráoz, e Kenji Fujimori, por suposta compra de votos para evitar o impeachment do presidente Pedro Pablo Kuczynski.

A medida foi anunciada pelo presidente do Congresso, o fujimorista Luis Galarreta, que apareceu acompanhado pelos porta-vozes de outras bancadas, e indicou que, além de Aráoz, também será acusado Carlos Bruce, que exerce o cargo de ministro de Habitação, Construção e Saneamento.

Os outros acusados são Bienvenido Ramírez e Guillermo Bocángel, que aparecem em diversos vídeos difundidos ontem pelo partido fujimorista Força Popular, nos quais oferecem, em nome do governo, obras públicas a legisladores opositores em troca de votos contra o impeachment de Kuczynski

A decisão de iniciar o processo para suprimir o foro privilegiado desses congressistas foi apoiada por todas as forças políticas da oposição, enquanto o porta-voz do governo se absteve.

Galarreta acrescentou que a Comissão Parlamentar de Ética investigará os cinco acusados. Além disso, será formada uma comissão especial com membros de diversos grupos parlamentares para analisar o caso com mais detalhe.

O presidente do Congresso indicou que as provas obtidas serão transferidas ao Ministério Público, que ontem mesmo anunciou a abertura de investigações preliminares, visando uma eventual denúncia criminal contra os envolvidos no caso.

"Acreditamos que não há outra forma. O Congresso tem que reagir clara e taxativamente pois temos que defender o sistema democrático, de maneira que este não se veja contaminado por esses fatos nauseantes", disse Galarreta.

"Todos os congressistas aqui presentes estão de acordo que temos que investigar como corresponde para que isso não volte a acontecer", acrescentou o político fujimorista.

Kenji Fujimori, Bienvenido Ramírez e Guillermo Bocángel são três dos dez congressistas autodenominados "avengers" (vingadores) que salvaram Kuczynski do impeachment graças à sua abstenção na moção de vacância anterior, com a qual transgrediram o voto favorável à destituição, que foi organizado em bloco pelo fujimorismo.

Três dias depois, Kuczynski ofereceu um indulto ao ex-presidente Alberto Fujimori da condenação de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade, como lhe havia pedido reiteradamente o seu filho Kenji Fujimori, que, por sua vez, renunciou ao Força Popular com os outros dissidentes e se posicionou em favor do governo.

Nos dias anteriores à votação da segunda moção para destituir Kuczynski por seus vínculos com a Odebrecht, o fujimorismo denunciou que o governo procurou seus parlamentares para comprar seus votos, o que foi confirmado através dos vídeos gravados com uma câmera escondida pelo congressista Moisés Mamani.

Neles não há apenas conversas com Kenji, Ramírez e Bocángel, mas também áudios com o ministro dos Transportes e Comunicações, Bruno Giuffra, segundo revelou hoje o porta-voz parlamentar do fujimorismo, Daniel Salaverry.