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Celebrada desde o século 18, procissão revive prisão de Jesus em GO

Realizado desde 1745, espetáculo revive a perseguição e prisão de Jesus Cristo - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Realizado desde 1745, espetáculo revive a perseguição e prisão de Jesus Cristo Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Tiago Santana

Em Goiás

29/03/2018 15h02

Com quase três séculos de tradição, a Procissão do Fogaréu marcou o início da Quinta-Feira Santa em Goiás e reviveu hoje os últimos dias de Jesus Cristo com 40 encapuzados, que representaram os soldados enviados para prender Jesus e levá-lo às autoridades romanas.

A centenária procissão reuniu cerca de 50 mil fiéis, que desde a madrugada se concentraram nas ruas de Goiás, no estado de Goiás, para participar do evento.

Apesar de o Brasil ser o país com o maior número católicos no mundo, as celebrações de Semana Santa não têm o mesmo fervor dos países vizinhos, onde o tema abrange atividades do Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa. No entanto, em alguns lugares do Brasil a tradição é preservada e em Goiás a Procissão do Fogaréu comemora 273 anos hoje.

Considerada a principal celebração católica do estado, a procissão surgiu em 1745 quando o então padre espanhol João Perestelo de Vasconcelos Espíndola instaurou o ato, que passa de geração em geração.

O processo para ser um dos 40 farricocos é sempre difícil. Durante todo o ano, os candidatos procuram ter méritos com as atividades na Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte para quando uma vaga abrir a chance de ser escolhido para vestir a túnica e o capuz ser maior.

Como de costume, a procissão começa com a saída dos 40 homens do Museu de Arte Sacra da Boa Morte. Descalços, segurando tochas e acompanhados pelo som dos tambores, eles percorreram a cidade declarada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, procurando o paradeiro de Jesus.

A procissão atrai anualmente pessoas interessadas no turismo religioso, e visitantes de todos os cantos chegam já na quarta-feira a Goiás Velho para acompanhar a caminhada nas primeiras horas de quinta pelas ruas de pedra do centro histórico. Depois de duas horas e de passar por várias igrejas, a procissão chega à Igreja São Francisco de Paula, que representa o Monte das Oliveiras, o farricoco-chefe, o único que usa a túnica branca, aparece com um estandarte com a imagem de Cristo, simbolizando a sua captura.

A secretária municipal de Turismo de Goiás, Flavia de Brito Rabelo, afirmou que o ato é o evento que mais movimenta o comércio e o fluxo de pessoas na cidade, e para este ano será repetida a procissão infantil que reúne alunos de escolas públicas.

Já conforme disse à Agência Efe Rodrigo dos Santos Silva, presidente da Organização Vilaboense de Artes e Tradições, a procissão é bancada pelo governo estadual e com a ajuda de voluntários, sem patrocínio privado, e requer um investimento de R$ 150 mil.

Este ano, antes do ato litúrgico de encerramento, foi feito um minuto de silêncio em homenagem à vereadora Marielle Franco e ao e ao motorista dela, Anderson Gomes, mortos a tiros no Rio de Janeiro no último dia 14.