Na Hungria, primeiro-ministro anti-imigrantes toma posse e promete restringir ação de ONGs
O nacionalista e conservador Viktor Orbán tomou posse nesta quinta-feira (10) pela terceira vez seguida para o cargo de primeiro-ministro da Hungria, país de 10 milhões de habitantes na Europa do Leste, membro da União Europeia. Orbán conta com o apoio da grande maioria no parlamento, feito conseguido pelo seu partido nas eleições de 8 de abril.
O parlamento húngaro deve anunciar amanhã o novo governo de Orbán com dez ministérios, que será o quarto que ele dirige, já que entre 1998 e 2002 também liderou o país como chefe de um Executivo liberal. Orbán, de 54 anos, já adiantou que os primeiros passos do novo parlamento serão a aprovação de uma emenda constitucional contra o sistema de realocação de refugiados dentro da União Europeia (UE) e uma reforma legislativa para limitar o funcionamento das ONGs que apoiam os imigrantes.
Essas leis preveem, entre outros aspectos, impostos extraordinários de 25% sobre as ONGs e a restrição da atuação, tanto de forma profissional quanto geográfica, ao impor limitações de acesso a áreas onde há imigrantes.
O primeiro-ministro antecipou que um dos pontos desta legislatura será a defesa da "cultura cristã", após uma campanha eleitoral na qual fez das críticas à imigração um dos seus grandes temas, apesar de ser um fenômeno muito limitado no país de quase 10 milhões de habitantes. Nas últimas semanas, vários protestos aconteceram em Budapeste - convocados nas redes sociais e sem a participação de partidos - que atraíram milhares de pessoas e que criticaram as políticas de Orbán, com o lema "Somos maioria".
Orbán recebeu o apoio de 134 parlamentares, enquanto 28 votaram contra e não houve abstenções dos presentes. Para ser eleito primeiro-ministro é preciso o apoio da metade mais um dos 199 deputados da Câmara. Os ecologistas do LMP e os socialistas nem participaram da votação em protesto, entre outros aspectos, porque Orbán não apresentou programa de governo.
Nas últimas eleições legislativas, o partido de Orbán, o Fidesz, recebeu apoio de 49% dos eleitores, o que se traduziu em uma maioria de mais de dois terços no parlamento unicameral. Com essa amplíssima maioria, o partido do primeiro-ministro pode promover mudanças constitucionais sozinho.
No novo parlamento o Fidesz conta com 133 deputados, seguido pela extrema direita Jobbik (26), a coalizão entre Partido Socialista e centro-esquerda, Párbeszéd (20), a também esquerdista Coalizão Democrática (9), os ecologistas do LMP (8), assim como um independente, um representante da minoria alemã e um deputado do esquerdista Együtt.
As eleições evidenciaram uma divisão na sociedade húngara, com a maioria dos eleitores urbanos apoiando a oposição em Budapeste e em outras cidades, enquanto a zona rural se mostrava pró Orbán.
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