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EUA negam que usam crianças migrantes como "peões" para seus fins políticos

18/06/2018 22h17

Washington, 18 jun (EFE).- O governo dos Estados Unidos negou nesta segunda-feira que esteja usando as cerca de 2.000 crianças imigrantes separadas das suas famílias na fronteira como "peões" para fins políticos e rejeitou que essa política busque dissuadir outros imigrantes ilegais de migrar ao país.

A secretária de Segurança Nacional dos EUA, Kirstjen Nielsen, defendeu ainda a forma como o governo de Donald Trump trata as crianças imigrantes separadas dos seus pais, apesar das duras imagens e gravações dos menores divulgadas pelos meios de comunicação.

"Não se está usando as crianças como peões", disse Nielsen ao ser perguntada em entrevista coletiva se o presidente americano decidiu separar as famílias para atrair a atenção do Congresso e oferecer-lhes o fim dessa política em troca de fundos para erguer o muro na fronteira com o México.

A titular do departamento encarregado de imigração foi à Casa Branca para promover a posição oficial perante a crescente indignação gerada nos Estados Unidos pelas imagens de menores alojados em armazéns e, em alguns casos, dentro de recintos divididos em espécies de jaulas.

Segundo dados oficiais, cerca de 2.000 menores imigrantes foram separados das suas famílias na fronteira com o México em um prazo de seis semanas, no marco da política de "tolerância zero" de Trump contra a imigração ilegal, que implica em tratar como criminosos os imigrantes ilegais que entram no país.

Nielsen insistiu que o Congresso americano é "o único que pode regular" a situação por meio de mudanças nas leis migratórias, apesar de a legislação atual não obrigar o governo a processar criminalmente os imigrantes ilegais e encarcerá-los separados dos seus filhos, como ocorre agora.

"Esta não é uma ideia controversa", alegou Nielsen, ao argumentar que, se um americano fosse acusado de um crime e "fosse preso", a sociedade entenderia que "fosse separado dos seus filhos".

A funcionária considerou "ofensivo" que se insinue que a política de separação de famílias tem como objetivo dissuadir outros imigrantes que tentem entrar ilegalmente nos EUA.

"Por que criaríamos uma política que fizesse isso?", perguntou Nielsen, apesar de o chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, ter admitido no ano passado que estava planejando separar as famílias imigrantes como tática de dissuasão.