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Casal intoxicado com Novichok teve contato com dose alta, diz polícia

09/07/2018 12h01

Londres, 9 jul (EFE).- O casal de britânicos que foi intoxicado com o agente nervoso Novichok em 30 de junho em Amesbury, no sul da Inglaterra, provavelmente entrou em contato com uma "dose alta" da substância, informou nesta segunda-feira a polícia do Reino Unido.

Dawn Sturgess, de 44 anos, morreu ontem à noite por consequência da intoxicação, enquanto seu companheiro, Charlie Rowley, de 45, continua internado no hospital em estado crítico.

Após a morte da mulher, a polícia iniciou uma investigação dos fatos como assassinato e garantiu que está trabalhando para identificar e levar à Justiça os responsáveis.

O chefe da polícia antiterrorista do Reino Unido, Neil Basu, ofereceu hoje em uma entrevista coletiva os últimos detalhes das investigações, nas quais trabalham mais de 100 detetives.

A morte de Sturgess e a gravidade na qual se encontra Rowley indicam que as vítimas receberam uma "dose alta" de Novichok ao manipularem um recipiente que agora está sendo procurado, detalhou Basu.

Durante o fim de semana, os agentes fizeram buscas na residência do homem, onde o casal começou a se sentir indisposto no último dia 30; na casa da mulher em Salisbury, que fica a 13 quilômetros de Amesbury, e nos Jardins Rainha Elizabeth, que também ficam em Salisbury, em busca do objeto.

"Nossa prioridade agora é encontrar e identificar o recipiente que acreditamos que pode ser a fonte da contaminação", afirmou o policial.

Basu também indicou que o veículo no qual Dawn viajou antes de ficar doente foi transferido para o laboratório militar de investigação de armas químicas em Porton Down, em Wiltshire, para ser analisado.

Três homens que viajavam com ele nesse veículo foram contatados pelos agentes e nenhum deles apresenta sintomas de intoxicação, afirmou a polícia.

Foi no laboratório de Porton Down que a substância tóxica foi identificada em 4 de julho como Novichok, a mesma com a qual foram intoxicados o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia em 4 de março em Salisbury.

Basu reiterou hoje que a "principal linha de investigação" contempla uma relação entre ambos os casos, mas reiterou que as investigações neste momento ainda não podem confirmar tal hipótese.

"Como já disse anteriormente, não existe evidência de que o casal tivesse visitado os lugares que foram descontaminados após o ataque aos Skripal", comentou Basu.

O governo britânico responsabilizou a Rússia pelo ataque e o ministro do Interior britânico, Sajid Javid, pediu explicações às autoridades russas após a intoxicação dos dois britânicos.

Contudo, Javid afirmou ontem que "não há planos" de promover novas sanções contra a Rússia, enquanto o Kremlin voltou a negar hoje qualquer relação com o fato.

O ministro do Interior britânico presidirá nesta tarde uma nova reunião do comitê de emergência Cobra, sobre a qual oferecerá esclarecimentos posteriormente no parlamento.