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Operação contra civis deixa 5 mortos e dezenas de feridos na Nicarágua

Polícia nacional da Nicarágua em Masaya, na sexta (13) - AFP - 13.jul.2018
Polícia nacional da Nicarágua em Masaya, na sexta (13) Imagem: AFP - 13.jul.2018

De Manágua

15/07/2018 14h34

A chamada "Operação Limpeza", ordenada pelo governo da Nicarágua para atacar civis que bloqueiam estradas, deixou pelo menos cinco mortos e dezenas de feridos em cinco cidades neste domingo (15), segundo denunciou a Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH).

"Há dois mortos em Diria, dois em Masaya e um em Catarina", informou à Agência Efe o secretário-executivo da ANPDH, Álvaro Leiva.

No município de Diria, no departamento de Granada, as chamadas "forças combinadas" do governo, integradas por policiais e paramilitares, tiraram Almer Morales e Allan Morales (pai e filho) à força de suas casas e os executaram, afirmou o ativista.

No bairro de Camilo Ortega, na cidade de Masaya, a organização humanitária também reportou outras duas vítimas, que ainda não foram identificadas, e mais uma no município vizinho de Catarina.

Leiva disse que há "múltiplos" feridos, entre eles dois em estado grave: uma menina em Catarina que recebeu um tiro no abdômen, e uma criança de 13 anos de Masaya.

Além disso, denunciou que a polícia e os paramilitares tomaram à força o centro hospitalar departamental de Masaya e negam o atendimento às vítimas. A cidade também está sitiada, por isso não existe um "canal humanitário de evacuação" para transferir os feridos a Manágua, que fica a 28 quilômetros de distância.

"Não há forma de entrar na cidade, e isso se trata de salvar vidas porque estamos sob fogo", analisou.

Segundo o ativista, as "forças combinadas", depois de "neutralizarem" com armas os manifestantes das barricadas, realizam um plano de caça em residências à procura de opositores.

Um grupo do Mecanismo de Acompanhamento para a Nicarágua (Meseni) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) segue neste momento para Masaya "para conseguir soluções pacíficas e proteger a população", informou o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, pelo Twitter.

O governo acusou de exercer terrorismo, criar insegurança e agir com violência "qualquer um que se propuser a alterar pelas vias de fato" a ordem jurídica e constitucional por meio dos bloqueios de estradas, onde ocorreu "violência, tortura e sequestro".

Por isso, o governo executa a chamada "Operação Limpeza", que consiste em remover os bloqueios com pás mecânicas, caminhões e trabalhadores do Estado, sob o resguardo das "forças combinadas".

Os protestos contra o presidente Daniel Ortega começaram em 18 de abril, por fracassadas reformas na Previdência Social. A população pede a renúncia do governante, que está há 11 anos no poder e acumula acusações de abuso de poder e corrupção.