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Ex-presidente salvadorenho Saca é condenado a 10 anos de prisão por corrupção

12/09/2018 22h24

(Atualiza com multa milionária para condenados).

San Salvador, 12 set (EFE).- O ex-presidente de El Salvador, Elías Antonio Saca, que governou o páis de 2004 a 2009, foi condenado nesta quarta-feira a dez anos de prisão por desvio e lavagem de mais de US$ 300 milhões de dinheiro público.

"O Tribunal Segundo de Sentença de San Salvador condena o senhor Elías Antonio Saca a 5 anos de prisão pelo crime de peculato e 5 anos pelo crime de lavagem de dinheiro", declarou o juiz Alejandro Guevara.

Saca, que chegou ao poder com o partido de direita Aliança Republicana Nacionalista (Arena), aceitou confessar em um "julgamento curto" a forma como desviou e lavou o dinheiro em troca de penas mínimas.

Com a sentença, Elías Antonio Saca se tornou o primeiro ex-presidente da democracia salvadorenha a ser condenado por crimes de corrupção.

O tribunal decretou a mesma pena de dez anos de prisão ao ex-secretário pessoal de Saca, Elmer Charlaix, enquanto os ex-secretários de Juventude e Comunicações, César Funes e Julio Rank, receberam cinco anos de prisão cada por lavagem de dinheiro.

O ex-gerente financeiro da presidência Francisco Rodríguez Arteaga foi condenado a seis anos de prisão pelos mesmos dois crimes que Saca e Charlaix, enquanto o ex-chefe da Tesouraria do governo Jorge Alberto Herrera pegará 3 anos de prisão.

A pena mais elevada foi recebida pelo ex-colaborador da presidência Pablo Gomez, 16 anos de prisão, após não aderir ao julgamento "curto" e enfrentar o processo comum.

"A quantia saqueada do Estado e lavada foi de US$ 300.347.117,17" mediante 593 cheques, acrescentou Guevara.

Nesse sentido, os juízes condenaram Saca a pagar mais de US$ 260 milhões e os demais acusados a arcar com outros US$ 40 milhões como "responsabilidade civil" pelos "danos" causados ao Estado ao desviar e lavar mais de US$ 300 milhões de fundos estatais.

Alejandro Guevara, um dos três juízes que compõem o tribunal, afirmou que, "ao escutar as declarações desses personagens, a prova documental e pericial, foi determinado que o que tinham confessado era verídico".

A legislação salvadorenha determina que os juízes não podem impor uma condenação maior à pactuada entre acusados e promotoria em um "julgamento curto".

"Não vínhamos para uma surpresa. Logicamente, já sabíamos que haveria uma condenação", disse à imprensa o advogado de Saca, Mario Machado.

O advogado esclareceu que, ao aceitar pactuar a confissão com a promotoria, Saca e seus cúmplices abriram mão da possibilidade de recorrer contra a decisão judicial.

Os casos de corrupção que implicam ex-presidentes, inclusive Mauricio Funes (2009-2014) e Francisco Flores (1999-2004), somam mais de US$ 666 milhões em desvios.