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Autoridades do norte do México declaram "tolerância zero" com imigrantes

Yarisa Munguai, imigrante de Honduras, integra caravana a caminho dos Estados Unidos - Kim Kyung-Hoon/Reuters
Yarisa Munguai, imigrante de Honduras, integra caravana a caminho dos Estados Unidos Imagem: Kim Kyung-Hoon/Reuters

Por Dora Elena Cortés

Em Tijuana (México)

17/11/2018 00h31

A tensão pela chegada de imigrantes centro-americanos aumentou nesta sexta-feira (16) quando o prefeito da cidade mexicana de Tijuana e o governador do estado de Baja California advertiram que haverá "tolerância zero" com os visitantes que alterarem a ordem.

O prefeito Juan Manuel Gastélum, do conservador Partido Ação Nacional (PAN), tentou justificar declarações suas publicadas nesta sexta pelo jornal Milenio, nas quais manifestou sua rejeição à presença dos centro-americanos e sua intenção de fazê-los ser deportados.

"Queremos que seja aplicado o artigo constitucional 33. Tijuana é uma cidade de imigrantes, mas não os queremos desta maneira", disse o prefeito ao jornal, se referindo ao preceito da Constituição que prevê a expulsão de estrangeiros.

A esse respeito, disse que se referia apenas a quem violar as leis, como drogados e bêbados, e não a todos os imigrantes.

Na sua entrevista, Gastélum também declarou que "os direitos humanos são para os humanos direitos", e disse que realizará uma consulta cidadã para decidir se devem seguir recebendo os imigrantes e o que fazer com os que já estão na cidade.

O prefeito afirmou ainda que Tijuana está vivendo uma problemática provocada pelo governo federal, que "de maneira indolente permitiu a entrada de várias pessoas, sem cobrir requisitos", em referência ao ingresso de milhares de imigrantes vindos da Guatemala no último dia 19 de outubro.

Enquanto isso, distintas organizações anunciaram em redes sociais a realização de duas passeatas no próximo domingo, uma a favor dos imigrantes e contra a discriminação e o racismo, e outra dos que são contrários à chegada dos centro-americanos e sua estadia.

Nesse sentido, a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) alertou da gravidade de discursos de ódio, desqualificações e criminalização contra grupos vulneráveis, entre os quais mencionou os imigrantes e solicitantes da condição de refugiado.

Por sua parte, a Secretaria do Governo Federal informou em um boletim que foi instalada em Tijuana uma mesa de trabalho formada por autoridades dos três níveis de governo (federal, estadual e municipal) para a atender aos fluxos migratórios.

No encontro, o governador de Baja California, Francisco Vega de Lamadrid, também do PAN, ratificou que é fundamental o apoio das autoridades federais com recursos e programas para fazer frente à chegada extraordinária dos centro-americanos a Tijuana.

"Devemos principalmente garantir a ordem, pois vemos uma população preocupada, razão pela qual é muito importante enviar a mensagem de que haverá tolerância zero para quem infringir as leis e regulamentos vigentes no nosso país", advertiu.

Caso algo assim aconteça, acrescentou, "estas pessoas serão postas à disposição do Instituto Nacional de Migração, para a sua imediata repatriação".

Em Tijuana estão se concentrando os integrantes das distintas caravanas que percorrem o México em direção aos Estados Unidos desde meados de outubro, procedentes fundamentalmente de Honduras e El Salvador, cujo número foi calculado em cerca de 9.000 pessoas.