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Comissão da União Africana admite casos de assédio sexual contra mulheres

23/11/2018 16h13

Adis Abeba, 23 nov (EFE).- Uma investigação interna revelou a existência de casos de assédio sexual contra mulheres dentro da Comissão da União Africana (UA), informou nesta sexta-feira a organização internacional em um comunicado divulgado em sua sede em Adis Abeba, a capital da Etiópia.

No documento, a UA apresentou as conclusões de um comitê de alto nível criado em junho para investigar as acusações de assédio contra mulheres publicadas por vários veículos de imprensa do continente.

"A conclusão do comitê é que existem incidentes de assédio sexual na Comissão", diz a nota, na qual a organização também detalhou que, "segundo os entrevistados, mulheres jovens são exploradas a oferecer sexo em troca de empregos".

"As provas apresentadas sugerem que essa forma de assédio foi perpetuada por supervisores sobre as aspirantes a uma vaga de emprego na organização, especialmente, mas não exclusivamente, durante missões oficiais fora do local de trabalho", indicou a UA.

Segundo o comitê, "a categoria de pessoas mais vulneráveis e expostas a esse tipo de assédio são aquelas com contratos curtos, jovens voluntárias e estagiárias".

"É importante assinalar que, a partir da evidência apresentada ao comitê, tanto superiores masculinos como femininos assediaram e intimidaram seus subordinados", disse a organização na nota.

"Dadas as conclusões anteriores e as graves acusações, a Comissão resolveu reforçar sua política de tolerância zero com o estabelecimento de uma política sexual integral que proteja as vítimas e adote medidas mais duras de punição contra os responsáveis", acrescentou a UA no comunicado.

O escândalo foi revelado em maio, depois que o jornal sul-africano "Mail & Guardian" revelou que 37 funcionárias da Comissão da UA tinham assinado uma carta na qual denunciavam que foram vítimas de assédio sexual e discriminação de gênero.

Em 7 de maio, o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, negou ter recebido queixas sobre esses abusos, mas prometeu iria "a fundo no assunto".

"Quero deixar claro que não permitirei que ocorra discriminação a mulheres sob minha responsabilidade (...). A igualdade entre os gêneros é parte vital desta administração", afirmou Mahamat através de um tweet publicado por seu porta-voz, Ebba Kalondo.